O semblante da maioria é de alívio. O primeiro a acordar foi o senegalês Gora Niang, 26 anos, na primeira noite em Florianópolis do grupo de 43 haitianos e senegaleses no ginásio Capoeirão, em Florianópolis. Eles chegaram do Acre depois de uma longa e cansativa viagem. Alto, magro, simpático e tranquilo acordou por volta das 6h35min.
Com 24 anos e sem falar português, trabalhava como motorista no Senegal. Pretende trabalhar em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, onde tem conhecidos. Conversou Chery Clarens, 23 e com Barnabas Jonas Jonathas. Os dois fazem parte da Associação Kay Pa Nou (significa “Nossa morada” em idioma crioulo). A entidade, com sede no Instituto Arco-Íris, presta serviços voluntários para os haitianos em Florianópolis com apoio do Departamento de Direitos Humanos do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.
Os dois aguardavam na entrada do ginásio o pessoal acordar. “Viemos para ajudar e passar algumas orientações”, disse Chery fundador da associação. Ele está com 23 anos e há dois no Brasil. Em Florianópolis fez estágio na Assembleia Legislativa até novembro e pretende cursar a faculdade de Direito.
Barnabas está com 26 e trabalha como assistente de programação de uma empresa de software para engenharia civil. “Eles pediram para entrar em contato com os conhecidos aqui de Florianópolis. Estes estão mais seguros”, disse enquanto se apressava para não chegar atrasado no seu emprego.
Niam Boubacar, 34 anos, fala francês e saiu do Senegal em 5 de maio. Passou por Madrid na Espanha e desembarcou no Brasil no Acre no dia 17.
Trabalhava num porto no Senegal e deixou um filho de quatro anos, esposa e família. Seu destino é Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, onde tem conhecidos.
O primeiro ônibus chegou por volta da 0h50min com 18 haitianos. Três mulheres foram levadas para a Casa da Mulher na Agronômica. Por volta da 1h20min chegou o segundo com 25 senegaleses.
Depois dos exames médicos, os imigrantes foram todos vacinados. Dois deles foram encaminhados para o Hospital Celso Ramos para uma melhor avaliação.
Foi feito um levantamento e constatado que a maioria vai para Caxias do Sul, Passo Fundo e Porto Alegre no Rio Grande do Sul. Um deles vai para Criciúma. Todos irão onde possuem conhecidos. Quem não tem recurso próprio a Secretaria Municipal de Assistência Social vai estudar a liberação de benefício para o custeio da viagem.
Uma mulher citou Blumenau, a outra Erechim e a última Jaraguá do Sul. Os outros 15 haitianos pretendem ficar em Florianópolis. Será feito dois procedimentos. Vacinação e cadastramento do Igeof (Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis) junto com o Sine.