Depois de reconhecer que nove estados brasileiros vivem uma epidemia de dengue, o Ministério da Saúde informou que está analisando pesquisas que buscam uma vacina contra a doença. O laboratório privado Sanofi Pasteur foi o primeiro do mundo a concluir estudos da vacina, que é analisada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para concessão de registro. Dois laboratórios públicos brasileiros desenvolvem o imunizante.
Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia da pasta, Jarbas Barbosa, a Anvisa é a primeira agência reguladora a analisar o registro de uma vacina contra a dengue. “Eles pediram o registro em 31 de março. Foi o primeiro pedido no mundo. Como é um produto novo, a análise da Anvisa leva tempo porque não há precedente”, disse Barbosa, explicando que não há prazo para a conclusão da análise.
Na avaliação do secretário, caso o produto consiga o registro e possa ser vendido no mercado brasileiro, haverá uma avaliação técnica sobre se ele será incorporado ao Sistema Único de Saúde. “Tem que ser uma análise muito cuidadosa para haver segurança; que a vacina preencha os requisitos básicos de segurança e eficácia. Isso sendo atingido, vamos analisar o custo efetividade, o impacto epidemiológico, o impacto orçamentário”, explicou.
Uma característica desta vacina que desanima o Ministério da Saúde para possível incorporação na rede pública, é que a eficácia dela é considerada baixa, porque atinge pouco mais de 60% de imunização contra os quatro tipos de dengue. Além disso, ela é aplicada em três doses, com intervalo de um ano entre a primeira e a terceira. “Tem que pesar bem”, disse Barbosa. Em contrapartida, o laboratório diz que ela é capaz de diminuir em 95% os casos graves da doença, o que inclui o tipo hemorrágico.
Os laboratórios públicos brasileiros Instituto Butantan e BioManguinhos desenvolvem suas vacinas em etapas diferentes. O secretário destacou que os produtos feitos no Brasil sempre terão prioridade na rede pública. Segundo Barbosa, o Ministério da Saúde pediu prioridade para a análise do pedido de autorização para o início dos testes de fase três da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan.
Barbosa ressalta que é impossível prever um prazo para a conclusão dos estudos. Isso porque a fase três da pesquisa conta com muitas variáveis como o recrutamento de pessoas, análise de resultados, comparação entre pacientes que usaram a vacina e os que usaram placebo e, principalmente, se há ou não eficácia. Vai depender também desta fase o número de doses necessárias para a imunização.
“Se o resultado for satisfatório, ou seja, se a vacina apresentar segurança, aí sim o Butantan vai pedir o registro da vacina na Anvisa. Não é uma ação para curto prazo, é uma ação que toma tempo”, disse Barbosa.