A ex-senadora Marina Silva, em entrevista ao jornal O Globo, afirmou que tem mantido contato com o presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. Segundo ela, os encontros tiveram como objetivo debater o cenário de crise política e econômica do país.
“Temos conversado sobre o momento, quais as melhores maneiras de caminhar com a responsabilidade que o país exige, sem a ansiedade de instrumentalizar a crise em benefício próprio ou com agendas ocultas eleitorais”, disse Marina.
Há um mês, Marina publicou um artigo em sua página na internet onde destacou “o exemplo de lucidez e responsabilidade republicana de Fernando Henrique”. Embora tenha tido constantes reuniões com o ex-presidente, Marina afirma que não tem pretensão de formalizar uma aliança política com Fernando Henrique Cardoso.
Quanto ao PSB, partido na qual está filiada, a líder política salienta que sua desfiliação é certa, porém, sem data para ocorrer.
Em relação à Rede Sustentabilidade, ela destacou que continua buscando a legalização. “Estamos aguardando que os cartórios eleitorais validem cerca de cinco mil assinaturas para que o pedido de registro possa ser enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”, disse.
Além da dificuldade em legalizar a Rede, Marina lida também com uma queda em sua popularidade. Uma sondagem feita pelo Instituto Datafolha em abril mostrou que o prestígio da ex-ministra junto ao eleitorado diminuiu ainda mais desde o pleito de 2014: ela aparece com apenas 14% das intenções de votos. Na eleição, ela obteve 21,3% dos votos válidos.
Marina afirma não estar preocupada com a pesquisa realizada, uma vez que não é possível medir queda de voto fora do período eleitoral. “Não estou no lugar de candidata e não quero ficar preocupada com oscilação de pesquisa”. Porém, reconhece que poderá enfrentar resistência quanto a ter aliados.
“Há níveis e níveis de engajamento. Tem pessoas que estavam engajadas solidariamente, que não vão sair de seus partidos, mas estavam nos ajudando. Mesmo antes da mudança da lei nós não fazíamos um esforço de ficar recrutando parlamentares por causa de tempo de TV”, ressaltou.
Diante das dificuldades de competição impostas pela nova legislação, Marina se mostrou disposta a recorrer à Justiça para ter os mesmos benefícios dos demais partidos.
“Nosso processo teve início ainda com as regras anteriores e está em aberto. Os advogados saberão melhor como lidar com essa questão”, disse.
Por fim, Marina fez uma avaliação do mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). Ela voltou a afirmar que Dilma vive uma “cassação branca” e o país passa por um momento “dramático” de sua história.
“A maior gravidade da crise é a falta de reconhecimento da crise por parte do governo. O governo toma medidas dramáticas sem reconhecer que existe uma crise”.