Quando se está à frente de uma pasta como a Segurança Pública, os desafios são diários. A responsabilidade do cargo nos faz refletir sobre nossas ações, exige uma constante avaliação sobre o comprometimento com o projeto governamental que defendemos e, acima de tudo, com o compromisso que assumimos no sentido de buscar uma segurança para todos, independente da classe social a que pertença o cidadão, do local em que o mesmo resida ou das ideologias que defende.
Pensar segurança pública não é simplesmente colocar polícia na rua. Se fosse tão simples assim, as contratações sucessivas de policiais já teriam resolvido os problemas relacionados à violência e à criminalidade. É evidente que a presença policial é muito importante, mas só ela não é capaz de trazer uma cultura de paz.
A Constituição Federal, ao tratar do tema, enfatiza que é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, a promoção da segurança pública. Quanto ao dever do Estado e ao direito do cidadão de viver num ambiente seguro, não há muito que se discutir. Gostaria, aqui, que nos a tivéssemos um pouco sobre o que o legislador quis dizer quando defendeu que a segurança também é responsabilidade de todos. Sim, todos nós, enquanto cidadãos, devemos ser partícipes do processo de busca de uma sociedade mais segura e na promoção de uma convivência mais fraterna e humana.
A modernidade, alicerçada nos ideais liberais, trouxe consigo algumas mudanças nos comportamentos sociais. A disseminação do individualismo é uma das consequências diretas desse processo. Cada vez mais somos seduzidos por sentimentos de evitação do semelhante. Ao invés de olharmos para o outro como alguém que pode nos complementar enquanto seres humanos, o vemos como um perigo, alguém que deve ser evitado, quando não dominado ou eliminado. E o que isso tem a ver com segurança pública? Pois é, quanto mais individualistas, mais deixamos de nos preocupar com nossos semelhantes e os vínculos sociais ficam fragilizados. Nesse sentido, começamos a evitar os outros e o sentimento de autoproteção entre vizinhos, por exemplo, desaparece. Ter responsabilidade com a segurança pública é justamente o cuidado que precisamos ter conosco e com o outro. Podemos sim exercer um papel importante na promoção de um ambiente seguro em nossa rua, em nosso bairro, em nossa comunidade.
Um dos objetivos da Secretaria de Segurança Pública é a promoção da integração social e comunitária, justamente porque entendemos que a repressão não é suficiente para trazer um ambiente de paz. Precisamos investir na prevenção atacando as causas dos problemas. Não basta ficar na lógica da demanda-resposta. Precisamos ir além. Não basta “fazer mais do mesmo”. A retomada da filosofia da polícia comunitária, enquanto diretriz do Sistema de Segurança do Acre, é uma clara demonstração de que precisamos ampliar o debate.A participação comunitária e o comprometimento das instituições policiais são fundamentais para trilharmos o caminho da proteção social e da promoção da dignidade humana.
Na última quarta-feira, dia 03 de junho, estivemos reunidos com os líderes comunitários do Segundo Distrito, para avaliar nossas ações e para propor a instalação do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg), uma espécie de braço da comunidade na segurança. O feedback comunitário demonstrou que estamos avançando, mas ainda temos muito por fazer. Queremos levar essa discussão para todas as áreas de Rio Branco e, posteriormente, para todos os municípios do Estado. O compromisso com a parceria comunitária e com o bem-estar da população orienta o nosso trabalho.
Precisamos trabalhar juntos para identificar, priorizar e resolver os problemas para assim conseguir uma qualidade de vida melhor para todos nós. Sejamos partícipes desse processo de construção compartilhada de uma segurança pública melhor para nossas famílias, nossos vizinhos, para nossa rua, para nosso bairro e para todo o Acre.
* Emylson Farias da Silva, secretário de Segurança Pública do Acre.