A Polícia Civil do Acre apresentou relatório final das investigações sobre a morte do agente penitenciário Anderson da Silva Albuquerque, 29 anos. Anderson foi executado com dez tiros na noite do dia 2 de fevereiro deste ano, quando chegava em sua casa, na Rua Banho de Cheiro, bairro da Paz, próximo à Faculdade Fameta. A polícia concluiu que o crime foi realmente a mando de integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
De acordo com explicações fornecidas pelo secretário da Polícia Civil, delegado Carlos Flávio Portela, a Operação Ícaro, iniciada para desvendar a execução do Agepen, concluiu que membros do PCC no Acre receberam ordem da cúpula da facção criminosa. Contaram com auxílio direto de integrantes de outro estado para executar o crime em represália ao tratamento dado por parte de agentes penitenciários a presos e familiares de detentos integrantes do PCC.
Membros do PCC de São Paulo, Acre e Mato Grosso participaram da execução
Em entrevista coletiva, o delegado Carlos Flávio Portela explicou como se deu a associação dos integrantes da facção PCC para executar o agente penitenciário e os motivos para o crime.
Os integrantes do PCC no Acre estariam reclamando ao ‘padrinho’ da facção no Mato Grosso a respeito de supostos maus-tratos que alguns detentos que integram a facção no Acre e familiares estariam recebendo por parte de alguns agepens, entre eles a vítima: Anderson Albuquerque.
A reclamação chegou à ‘alta cúpula’ da facção, liderada por Marco Marcola, que cumpre pena no presídio federal no Mato Grosso.
Marcola teria determinado a execução do agente e escolheu membros do PCC que saíram de Campinas no interior de São Paulo, para vir ao Acre executar um agente penitenciário como retaliação aos supostos maus-tratos.
A saída dos integrantes do PCC de São Paulo foi ordenada pelo detento Eric Douglas da Silva, um dos homens de confiança de Marcola e líder da facção no Mato Grosso.
A partir da tomada de decisão que se deu através de ‘Conferência’ entre os membros e seus apadrinhados, a liderança do PCC no Acre ficou incumbida de oferecer suporte aos matadores, no caso local para se esconderem e armas para a execução.
Escolha da vítima foi por ‘facilidade’ e dois de fora ainda estão foragidos
Segundo ainda as investigações, a escolha do agente a ser morto foi feita por integrantes do PCC do Acre. Mandaram escolher algum que seria o mais fácil de ‘executar’, pelo local onde ele morava e outras condições que facilitassem coisas como a fuga dos assassinos. E aí escolheram Anderson. O fornecimento das armas, a compra do veículo, a hospedagem em hotéis e casas de integrantes foi toda elaborada e estimulada pelo PCC no Acre.
A logística para executar o plano de morte se deu da seguinte forma:
Diemeson da Silva Batista ‘Mutante’ e Mário Renan Sampaio ‘Cérebro’ foram os responsáveis pela compra do Ford Scort utilizado na noite da execução. O veículo foi comprado por R$ 6 mil no mesmo dia em que o agente foi morto.
Wellington Vieira, o ‘Gordão’, e Anderson Conceição, conhecido como ‘Profeta’, ambos vindos de Campinas/SP. Foram os executores. Eles teriam chegado ao Acre no dia 19 de janeiro e passaram a acompanhar a rotina da vítima sem levantar suspeitas e retornaram na madrugada seguinte ao crime, dia 3 de fevereiro, em um voo comercial.
A Polícia Civil disponibiliza das imagens em que os dois aparecem realizando o check-in no balcão da companhia aérea.
A partir da ‘montagem’ do quebra-cabeça criminoso, a Polícia Civil acreana recebeu ajuda da PC de São Paulo para providências das prisões de Anderson ‘Profeta’ e Wellington ‘Gordão’. Os dois continuam foragidos.
Relembrando detalhes – Na noite do crime, testemunhas informaram à polícia que dois homens em um carro modelo Scort de cor azul teriam se aproximado do agente, que chegava em casa de moto, e efetuaram os disparos de arma de fogo. Ao perceberem que Anderson teria caído da moto, os criminosos ainda efetuaram mais tiros, a maioria na cabeça da vítima. Depois fugiram. No mesmo dia, policiais militares localizaram o carro, que foi abandonado em uma rua na invasão do Caladinho, região alta da cidade.
A partir da localização do veículo usado pelos atiradores, no dia 10 de fevereiro, a polícia conseguiu chegar a dois suspeitos de participação na morte do agente. O suspeito apontado como autor dos disparos é Diemerson de Souza, 22 anos, o ‘Mutante’, foi no bairro Caladinho.
O outro suspeito, Cláudio Martins, 39 anos, conhecido por ‘Barrão’, foi preso quando saía do presídio. Segundo a polícia, ‘Barrão’ teria fornecido as armas e indicado a vítima. Ele cumpria pena no regime semi-aberto há seis meses por associação ao tráfico de drogas.