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Rio Branco é invadida pelas greves

 Os reflexos da crise econômica nacional e estadual estão sendo sentidos no bolso pela classe trabalhadora. Com a alta da inflação, os preços têm subido e o salário rendido menos. Situação agravada pela desvalorização do real, que, consequentemente, determina um menor poder aquisitivo.

Os salários têm rendido pouco, levando as famílias a se desdobrarem para atender as necessidades diárias de sobrevivência. E é por isso que os movimentos grevistas têm se multiplicado no Acre. Pois é fácil unir um clamor comum e a ‘união faz a força’.

As categorias têm reivindicado também valorização, o que põe em cheque a humanização propagandeada pela atual gestão, uma vez que se trata de uma questão que vai além dos parâmetros financeiros.

 Greve dos Enfermeiros

Greve dos Enfermeiros - OL (1)
Foto-Odair Leal/A GAZETA

Reunidos na Praça da Revolução, os enfermeiros protestavam em seu 2º dia de greve. Havia cartazes, música e jogavam baralho. Os enfermeiros grevistas são de diferentes esferas do poder público, tanto municipal, quanto estadual e até da iniciativa privada.

Já houve três reuniões de negociação com a prefeitura, na qual o movimento foi recebido pelo secretário de administração, Claudio Ezequiel, e equipe municipal. No entanto, não havendo consenso, na assembleia geral da categoria, que ocorreu no último dia 22, consolidou-se a paralisação.

Alesta Amâncio é vice-presidente do Sindicato dos Profissionais Enfermeiros do Estado (Spate) e afirma que há 100% de adesão da categoria e que está sendo mantido apenas os 30% nas unidades de saúde.

“Precisamos de um aumento salarial que seja digno. Porque até hoje só teve reposição em 2013 e desde então não teve mais nada”, explica Alesta. Ela ainda critica o Plano de Cargos e Carreira municipal: “Dentro do PCCR da prefeitura existe três salários de nível superior. Mesmo sendo todos qualificados, existem diferenças financeiras. E quem ganha menos é a enfermagem! Por isso, queremos igualdade, com equiparação salarial do nível superior. Quem permanece nas unidades de saúde é a enfermagem!”.

Os enfermeiros ainda abraçam a luta nacional pela redução da carga horária, sendo essa uma das principais exigências: “A enfermagem é uma profissão muito estressante. Cuidamos de vidas. Por isso, lutamos pelas 30h de trabalho, principalmente para o Programa de Saúde da Família”, salienta a vice-presidente do sindicato sobre as condições de trabalho.

Greve dos Enfermeiros - OL (2)
Foto- Odair Leal/ A GAZETA

Greve dos Militares e Bombeiros

Andando um pouquinho mais, encontrava-se em frente ao Quartel da PM/AC a concentração dos grevistas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Com o lema, ‘Juntos somos fortes’, também estavam posicionados com faixas e apitos, preparando-se para se deslocarem para a Assembleia Legislativa, buscando ter atenção durante a sessão plenária do dia 30.

Além de parte do efetivo de Rio Branco, integrou-se ao movimento representantes de Xapuri, Brasileia, Sena Madureira, Bujari, Porto Acre, Cruzeiro do Sul, Senador Guiomard. Abraão Púpio é uma das lideranças e fala sobre a mobilização: “Algumas das nossas pautas já está há muitos anos em mesas de negociação e não foram solucionadas. E, mesmo conhecendo todas nossas reivindicações na plenitude, o governo não deu ainda nenhum posicionamento concreto do que será atendido”.

E acrescenta comentando o impacto da crise: “Os militares também são trabalhadores, pais de família e estamos sofrendo uma política de depreciação salarial nos últimos anos. Além da inflação, que corrói nossos salários e que aqui no Acre é muito maior”.

Ainda seguindo a liderança grevista, as pautas estão relacionadas ao aumento salarial, que, de acordo com os militantes, a categoria possui pior salário da Região Norte e o terceiro pior do país; e ampliação do quadro de servidores. “Por que o militar, ao contrário dos civis, é promovido apenas quando é aberta uma vaga? Ou seja, não importa o tempo de serviço, continuamos marcando passo com o mesmo salário”, esclarece Púpio.

Ainda segundo as reivindicações, o policial militar é a única categoria do Estado que não tem jornada de trabalho semanal máxima prevista em lei. O grupo afirma que houve três reuniões de negociação oficial com a Assessoria Especial do governo, somadas a outras reuniões com comandantes e parlamentares. Por isso, afirmam que, após um semestre de negociação, a greve tem o objetivo de avançar nos acordos e esclarecer os pontos atendidos.

A assessoria da Segurança Pública do Estado alegou desconhecer o movimento de greve e afirmou que ‘greve de militares é inconstitucional’.

Greve dos militares - OL (2)
Foto- Odair Leal/A GAZETA
Greve dos militares - OL (4)
Foto- Odair Leal/ A GAZETA

Greve da Educação

A mobilização grevista seguiu a programação nesta terça-feira, 30, visitando os colégios a fim de reunir números significativos de protestantes para a marcha prevista para esta quarta-feira, 1ª de julho. O movimento tem insistido em mobilizações com o objetivo de aumentar a adesão, como estratégia de fortalecer o debate. Até os alunos têm sido convocados para integrar o movimento pela valorização dos professores e servidores das escolas.

A marcha se concentrará na Praça Povos da Floresta, em frente ao palácio, segue até o Gabinete Civil e deve estacionar em frente ao Terminal Urbano, impactando o trânsito e mostrando a um maior número de pessoas as razões dos protestos da Educação.

Greve da Suframa e Justiça

A paralisação da Suframa segue em aguardo pela votação do veto no Senado Federal. O movimento nacional tem onerado em bilhões pelo atraso das cargas. No Acre, os atrasos foram sentidos diretamente pelos caminhoneiros, que chegaram a fechar a rotatória em frente à instituição protestando o baixo índice do atendimento diário. Muitos alegaram estar passando fome e dificuldades, por estarem despreparados para enfrentar uma situação de adiamento do prazo e dos recebimentos pelos trabalhos.

Situação similar vivida pelos servidores da Justiça Federal, Eleitoral e do Trabalho, em que 16 estados estão unidos pela causa de reajuste salarial.

 

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