“O Brasil precisa de nova estratégia de desenvolvimento baseada em ampliação de capacitações e de oportunidades. Não há um dogma para mostrar o caminho. O caminho tem de ser desbravado experimentalmente. E esse experimentalismo não precisa ser inventado. Ele já existe. Veja o Acre. O Acre é a única parte do país que optou para incorporar-se ao Brasil, para ser parte do Brasil. E o Acre é um estado experimentalista dentro do País. Lá há grandes experimentos na economia e na educação. Na economia para a Amazônia sem floresta, eu vi lá uma nova indústria de peixe em cativeiro, em que o governo se associa com cooperativas de pequenos produtores. Já não é mais aquele extrativismo artesanal, é uma produção técnica e científica. Na Amazônia com floresta eu vi uma nova indústria da castanha que ajuda a manter a floresta em pé e assegurar que a floresta em pé valha mais do que a floresta derrubada. E na educação um experimento avançadíssimo que não existe nem nos países mais ricos do mundo. O governo reuniu estudantes da rede pública que já demonstraram uma vocação para o estudo avançado, num centro, e nesse centro disponibilizou uma forma experimental de educação na ponta avançada da matemática, das ciências naturais e das humanidades. Esse experimentalismo acreano é necessário para todo o País. É isso que eu quero para o Brasil: A generalização e o aprofundamento do experimentalismo para construir uma estratégia de desenvolvimento capacitadora e produtivista. Aí o Brasil fica de pé e vai para frente”.
* Roberto Mangabeira Unger é ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Brasil.