“Vamos conversar?” esse é o tema do projeto da acadêmica de psicologia, Daiane Murielle, de 23 anos. Após um curso de capacitação a estudante viu a oportunidade de colocar em prática um sonho antigo. Inspirada em uma jornalista paulista, que se dedica a escutar histórias de amor, a estudante separou um tempo para escutar histórias de pessoas desconhecidas em espaços públicos de Rio Branco. O projeto teve início no dia 29 de junho, no Horto Florestal.
Natural de Caicó (RN), a acadêmica conta que a ideia surgiu logo no inicio do curso de psicologia, no percurso de ida e volta para a faculdade, Murielle já escutava histórias dentro dos ônibus. Para ela as pessoas têm necessidade de falar, conversar, desabafar. “Bastava eu sorrir par as pessoas que elas começavam a falar delas mesmo”, contou.
Com duas cadeiras e três cartazes, usados para chamar a atenção das pessoas que passam pelo local, a estudante diz que escutou diversas histórias, de amor, de arrependimento, desabafos políticos, entre outros. “Foi muito legal a experiência, ver a reação das pessoas. Elas se assustam quando você quer dar atenção, está ali para escutar”, contou a acadêmica.
Cerca de 10 pessoas, pararam o que estavam fazendo e sentaram-se para conversar com Murielle, desde adolescentes até idosos, eles reservaram um tempinho do seu dia para contar um pouco da sua história de vida.
Com voz suave e jeito delicado de conversar, a acadêmica descreveu que a reação das pessoas ao vê-la numa tarde quente, a disposição para conversar com pessoas que ela não conhecia foi bastante engraçada. “A pessoas passavam a primeira vez e não me notavam. Passavam a segunda, olhavam, mas não liam os cartazes. Na terceira vez, as pessoas passavam, e conseguiam ler os cartazes. E elogiaram, ‘poxa, projeto bacana’, ‘gostei’. Na quarta vez que passavam, as pessoas já paravam pra perguntar mais do projeto, a maioria das pessoas tinham curiosidade de saber porque eu estava alí”, revelou Murielle.
A universitária esclarece que não se trata de uma consulta psicológica, o objetivo do projeto é que funcione para promoção à saúde. “Qualquer pessoa pode sentar e conversar, sem distinção de idade”, completou.
Uma história de amor e arrependimento
Entre as histórias que Murielle escutou uma delas chamou sua atenção. Trata-se de um homem de idade avançada, que se separou da pessoa amada há mais de 10 anos e hoje é amigo dela. Ele disse que na época bebia muito e não se importava com ninguém e que hoje, o seu maior arrependimento era ter deixado para trás seu grande amor. “É interessante ver, o quanto ele se dá conta disso, do que ele fez. Ele disse que hoje não consegue ficar com mais ninguém, ele ainda ama ela”, disse.
Para a estudante, que está apenas aguardando a colação de grau para se tornar psicóloga, é gratificante poder ajudar as pessoas, mesmo que seja apenas escutando. “Eu fico muito bem. Não estou ganhando nada em troca apenas senti essa necessidade. Isso é a parte do meu sonho maior, é apenas o começo”, explicou.
Democratização do acesso à psicologia
Futuramente, quando já estiver graduada, Murielle quer expandir seu projeto, e leva-lo a outro nível, a ideia é democratizar o acesso à psicologia. “Quero quebrar o tabu de que psicologia é para louco, para rico, não é”, esclareceu.
“Quando me formar eu vou dar a ideia original, levar esse projeto para as faculdades de psicologias, para que os alunos possam estar fazendo isso também. Faltam pacientes nas clínicas escolas. E como eu posso trazer esses pacientes? Indo em busca, indo conhecer”, finalizou a acadêmica.