Com a presença de representantes de entidades ligadas ao movimento negro, a prefeitura de Rio Branco, através da Secretaria Adjunta de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEADPIR) e o governo do Estado por meio do Departamento de Promoção da Igualdade Racial (DEPIR) da secretaria de Direitos Humanos, lançou na quinta-feira, 16, a III Quinzena da Mulher Negra, que vai até o dia 31 de julho.
A abertura aconteceu no auditório da prefeitura de Rio Branco e contou com a presença da primeira-dama do município, a engenheira Gicélia Viana, da secretária Adjunta de Promoção da Igualdade Racial (SEADPIR), Elza Lopes, da Almerinda Cunha, titular do Departamento de Promoção da Igualdade Racial (DEPIR) da secretaria Estadual de Direitos Humanos, da Selma Neves, secretária Adjunta da Mulher do Governo do Estado, da secretária da Mulher de Rio Branco (SEMAM), Graça Lopes e diversos ativistas do Movimento Negro e de Combate ao Racismo.
O ápice da III Quinzena da Mulher Negra acontecerá no dia 25 de julho, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra e Caribenha e o Dia Nacional da Mulher Negra, também conhecido como o dia de Tereza de Benguela, instituído pela Presidenta Dilma Rousseff a partir da sanção da lei nº 12.987, de 02 de junho de 2014.
Um dos grandes objetivos da quinzena é dar maior visibilidade às políticas afirmativas que envolvem a mulher negra em nossa sociedade e, por isso, sua realização conta com as importantes parcerias de órgãos e secretarias municipais e estaduais, como a SEMAM, SEMSA, SEMCAS, SESACRE, FGB, SEJUV, SEME, SEE – FPEER, COMPIR, SEPMULHERES, CDDHEP, NEGA – SINTEAC/CUT, DIPIR E SEADPIR.
Ainda dentro da III Quinzena da Mulher Negra em Rio Branco será comemorado a década do afrodescendente, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), que vai de 2015 até 2024 e cuja meta é reduzir as desigualdades sociais entre brancos e negros em diversos países.
Diversas atividades estão marcadas para acontecer durante a quinzena. Além da abertura, realizada no auditório da prefeitura de Rio Branco, a SEADPIR irá coordenar também a exposição fotográfica “Mulheres Negras de Rio Branco”, entre os dias 16 e 31 de julho no hall da Fundação Hospitalar.
Ainda dentro da programação da III Quinzena da Mulher Negra acontecerá o 3º Encontro de Mulheres Negras de Brasiléia, o 5º Encontro de Mulheres Negras de Xapuri e o 2º Encontro de Mulheres Negras do Bujari, além cinema e palestras sobre a visibilidade da mulher negra.
Na abertura da quinzena, a secretária Elza Lopes (SEADPIR) destacou que é preciso dar mais visibilidade as políticas afirmativas voltadas para a mulher negra e que isso tem se tornado possível graças as parcerias, que tem sido, segundo ela, fundamental “porque não tem sido algo fácil e o preconceito racial é algo que precisamos enfrentar”, disse.
Já Almerinda Cunha, titular do DEPIR, chamou a atenção, durante a abertura, para a vulnerabilidade das mulheres negras na América Latina, lembrando que o Brasil tem recebido muitos elogios de entidades internacionais por ter se tornado uma referência na luta pela igualdade racial no mundo. “Quando se empodera a mulher, quem ganha é a sociedade”, disse ela.
A secretária da Mulher da prefeitura de Rio Branco, Graça Lopes, destacou que a quinzena é um momento para se lutar, mas também para comemorar, já que houveram muitos avanços e conquistas nos últimos anos. “Claro que temos ainda muitos desafios para enfrentar, mas temos também as conquistas e por isso devemos celebrar”, frisou.
A primeira-dama do município, Gicélia Viana, aproveitou a oportunidade de abertura da III Quinzena da Mulher Negra para lembrar que Tereza de Benguela é conhecida em Mato Grosso como a “rainha Tereza” por sua luta em defesa dos escravos e pela liberdade da sua comunidade. Gicélia aproveitou a oportunidade para parabenizar os organizadores dos eventos pela iniciativa e determinação na luta pela redução das desigualdades.
Quem foi Tereza de Benguela?
Teresa de Benguela foi uma líder quilombola que viveu no atual estado do Mato Grosso, no Brasil, durante o século XVIII. Foi esposa de José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho (ou do Quariterê), entre o rio Guaporé (a atual fronteira entre Mato Grosso e Bolívia) e a atual cidade de Cuiabá.
Com a morte de José Piolho, Teresa se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada.
A rainha Teresa comandou a estrutura política, econômica e administrativa do quilombo, mantendo um sistema de defesa com armas trocadas com os brancos ou resgatadas das vilas próximas. Os objetos de ferro utilizados contra a comunidade negra que lá se refugiava eram transformados em instrumento de trabalho, visto que dominavam o uso da forja.
O Quilombo do Quariterê, além do parlamento e de um conselheiro para a rainha, desenvolvia agricultura de algodão e possuía teares onde se fabricavam tecidos que eram comercializados fora dos quilombos, como também os alimentos excedentes.