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Mulher barrada por causa de vestido entra na Justiça contra hospital

A empresária Kelma Bandeira Maia, de 36 anos, afirma que foi discriminada e humilhada ao ser barrada na entrada do Hospital Santa Juliana, por causa do vestido que estava usando. O fato aconteceu em Rio Branco, no último sábado, 5. Segundo Bandeira, o seu advogado já está tomando as medidas necessárias para entrar na Justiça contra o hospital.

Bandeira conta que foi barrada ao solicitar a entrada no hospital para visitar a cunhada, que havia dado luz na sexta-feira, 4, pois não estava com trajes adequados. Ela acrescenta que o rapaz da recepção a abordou e olhou dos pés à cabeça, de forma discriminatória. “Ele me discriminou pelo fato de eu ter várias tatuagens. Ele deve ter me achado com cara de marginal. Mas ele não sabia com quem estava falando. Sou pós-graduada e conheço meus direitos”, disse.

De acordo com a empresária, após indagar o motivo de não poder entrar no hospital, ela começou a gravar um vídeo para denunciar o caso. Bandeira diz que a situação foi muito constrangedora e, além disso, os funcionários da recepção haviam negado a declaração que ela solicitou, informando que não poderia entrar na unidade de saúde e os motivos.

“Eles disseram que eu não poderia filmar e que iriam chamar a polícia. Eu continuei perguntando se eles iriam me dar a declaração e do jeito que eles estavam eles continuaram, me desprezando”, acrescentou a empresária.

Ainda de acordo com Bandeira, durante a gravação, uma mulher que também estava de vestido, entrou no hospital normalmente. “Eu não estava de vestido curto, não estava maquiada, não estava de salto, não estava de cabelo solto, sou extremamente vaidosa e estava muito simples. Minha maior indignação foi a forma que eles me abordaram, me tratando como se eu fosse um cachorro”, contou a empresária.

OUTRO LADO
Procurada pela equipe do jornal A GAZETA, a direção do hospital garantiu que nunca ninguém foi impedido de entrar no local. O administrador da unidade, Fábio Machado, explica que existe um cartaz exposto na recepção apontando algumas orientações de vestimentas adequadas. “Somos uma entidade privada, pertencentes à igreja católica, e nós temos algumas normas tanto para funcionários, como para visitantes e pacientes”, falou.

O administrador explica que a empresária não teria concordado com as orientações que estavam na placa e, por isso, toda essa polêmica. “Geralmente, nós não impedimos que as pessoas entrem, só orientamos as pessoas. Pelo o que nos foi levantado, iriam dar a opção para ela entrar”, garantiu.

“Em nenhum momento ela foi barrada na entrada do hospital, em nenhum momento houve constrangimento. Na hora que ela viu a placa, a recepção já estava encaminhando ela para entrar, não deram a oportunidade para os recepcionistas informarem que ela entraria. Inclusive, o esposo dela entrou”, assegurou Marcos Paulo, também administrador do hospital.

Os administradores disseram que as normas referentes à entrada no Hospital Santa Juliana podem ser revistas. Somente após reunião do conselho da unidade e, caso seja verificada a necessidade de tal mudança, uma decisão será tomada.

Por fim, Paulo afirma que a direção do hospital está aberta a conversar com Bandeira, e que o caso será apurado junto ao setor jurídico da unidade. Quando indagados se tiveram acesso à foto de Bandeira com o vestido, acima do joelho e sem transparência, o administrador é objetivo: “ela seria liberada a entrar”, concluiu.

“Eles deram uma entrevista mentirosa”, diz a empresária
Bandeira contou ainda que foi procurada pela direção do hospital, porém, ela não quer conversar com a equipe. Segunda a empresária, a declaração do hospital é mentirosa. “Eles deram uma entrevista no jornal dizendo que eu não dei oportunidade para eles explicarem. Mentira deles! Porque enquanto eu estava gravando, eles não me explicaram? Eu estava lá”, indagou.

A empresária relevou que uma amiga, que trabalhou durante seis anos no hospital, chegou a demitir o funcionário que abordou ela por esse tipo de atitude, mas teve que readmitir porque ele era ‘protegido do Bispo’. “Eles lá dentro são acostumados a fazer isso. Eu não desculpo essa humilhação, pois eles podem fazer isso com outras pessoas”, finalizou Bandeira.

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