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Novo presidente da Eletrobras/AC pede desculpas pelos ‘apagões’ e aponta soluções para superar crise energética

Ricardo Xavier, novo presidente da Eletrobras/Acre, tem desafios pela frente. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

O novo presidente da Eletrobras Distribuição Acre, Ricardo Xavier, confirma que são grandes os desafios frente à empresa. A posse ocorreu em Brasília, nesta quarta-feira, 23, justamente na semana em que Rio Branco enfrentou uma série de apagões e quedas de energias. No primeiro pronunciamento à imprensa, Xavier pediu desculpas pelos apagões e quedas de energias que aconteceram nos últimos dias.

O presidente também reforçou que as causas das interrupções ainda estão sendo investigadas e não foram provocadas pela Eletrobras Distribuição Acre. “De qualquer forma, nós temos que pedir desculpas ao consumidor, pela interrupção. Todo e qualquer prejuízo causado pelo apagão pode ser solicitado o ressarcimento. O pagamento obedece aos critérios estabelecidos em lei. A empresa não se furta disso”, completou.

Ricardo Xavier afirmou que o trabalho da empresa visa o fornecimento de energia elétrica contínuo e de qualidade. “E se existem falhas, vamos encontrá-las e saná-las de qualquer forma. O consumidor é nosso principal parceiro. Principalmente, nos assuntos relacionados a furtos e fraudes”, destacou.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que a Usina Térmica de Energia (UTE) Termonorte2 e a construção de um novo circuito de transmissão entre Rio Branco (AC) e Jauru (MT) devem evitar as constantes quedas de energia nos estados do Acre e Rondônia.

“A Eletrobras está abastecendo de combustível a usina para geração de energia para dar um reforço no sistema. Algumas situações estão sendo estudadas para melhoria do sistema. Nosso objetivo é que não ocorram mais interrupções. Já tivemos um tempo em que quase não tivemos interrupções. Em um período normal não é necessário o funcionamento da Termonorte. Uma medida preventiva por parte da transmissora”, confirmou Ricardo Xavier.

Sobre os últimos apagões, o presidente confirmou que as medidas estão sendo tomadas pelo ONS. “E nós, como Distribuidor, intensificamos a manutenção em alguns trechos. Ou reforça o Centro de Distribuição com mais operadores ou faz uma escala diferente, por exemplo”, ressaltou o presidente.

Sobre o início de sua gestão, Ricardo confirma que existe um plano de ação, mas que será consolidado em conjunto com os outros diretores da empresa. “Estou me inteirando da situação da empresa. Ainda vou consolidar junto com meus pares. O foco da empresa é atendimento e, por isso, vamos trabalhar para expansão desse serviço. Além de melhorar a capacidade da rede com reformar e automações que já estão em andamento”, confirmou o presidente.

Currículo do novo presidente
O engenheiro eletricista Ricardo Alexandre Xavier Gomes é formado pela Universidade para o Desenvolvimento do Estado e Região do Pantanal (Uniderp), com especialização em sistemas de proteção de rede de energia pela Unifei – Itajubá (MG).

Xavier é natural de Corumbá (MS) e funcionário de carreira da Eletrobras Distribuição Acre desde março de 2005, na qual atuou como especialista do quadro técnico e desempenhou a função de Assistente da Diretoria de Operação da Distribuidora.

Possui experiência no acompanhamento, planejamento e controle de obras,  além de gerenciamento no sistema de distribuição de energia.

Cuidados com a eletricidade
Ricardo Xavier destaca os cuidados que a população deve ter com a eletricidade. “Não faça nada sem um técnico habilitado. Não auto religue padrão de energia. Não suba em poste e não faça construções próximas à rede de alta tensão. Isso são perigos desnecessários e que podem gerar prejuízos para a empresa e mais para o consumidor, que pode ter a vida”, afirmou.

“Informação leviana”, comentou Xavier sobre divulgação de que as interrupções no AC e RO foram propositais

Durante apagão, trânsito em Rio Branco fica intenso. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

Os apagões são propositais e visam apenas compensar falhas do Operador Nacional do Sistema nas regiões mais desenvolvidas do País, afirmou uma postagem numa rede social. A mensagem gerou grande revolta por parte dos acreanos que sofreram com pelo menos três apagões em menos de uma semana, sendo um deles por quase cinco horas.

O presidente da Eletrobras Distribuição Acre, Ricardo Xavier, explicou que não existe a possibilidade de compensar uma região desligando o sistema de outra e que quem divulgou não tinha conhecimento.

“Esse tipo de notícia causa pânico. Além de ser uma mentira! Nenhum Estado da Federação tem sua energia elétrica cortada em benefício do outro. Se tem uma geradora deficitária, não adianta desligar em outro estado para favorecer. Apesar de ser um sistema interligado, a energia produzida no Sudeste não vem para o Acre. Desligar a usina em Rondônia não vai aumentar a capacidade da usina no Nordeste. Essa é uma informação deturpada e leviana da maneira que foi divulgada”, criticou o presidente da Eletrobras Distribuição Acre.

Sobre os apagões quase que simultâneos em Brasília, Rondônia e Acre, o presidente afirma ter sido uma infeliz coincidência. “Não tinha como mandar energia do Acre para Brasília. Prova disso, é que após restabelecer o sistema na Capital Federal, 15 minutos depois o apagão ocorreu aqui”, justificou Ricardo.

Para a Agência Reguladora, todo consumidor é igual, independente da região, afirmou Ricardo Xavier. “O consumidor em Cruzeiro do Sul tem o mesmo valor do que mora em São Paulo”.

Em nota, ONS anuncia funcionamento de Termonorte para evitar novos apagões
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ainda não divulgou um laudo com o diagnóstico conclusivo das causas dos últimos apagões, mas garantiu que se as obras de construção de um novo circuito de transmissão estivessem 100% concluídas, os blecautes não teriam ocorrido.

Ainda segundo o ONS, como a Termonorte2 está fora de operação, as hidrelétricas de Samuel Rondon II não deram conta de atender os dois estados. O novo circuito deve garantir ao Acre e Rondônia a mesma segurança energética que os outros estados que fazem parte do Sistema Interligado Nacional (SIN).

No início de agosto, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu desligar 21 usinas térmicas de maior custo. Com a medida, o governo estima que o custo mensal de operação deva ser reduzido em R$ 5,5 bilhões.

Além da Termonorte2, que atendia todos os estados ligado ao SIN, também foram desligadas as Usinas Térmicas Igarapé, Bahia I, Sepé Tiaraju, Palmeiras do Goiás, Enguias, Araucária, Muricy, Arembepe, Nutepa, Daia, Petrolina, Goiânia 2, Camaçari, Carioba, Brasília, Potiguar, Potiguar III, Pau Ferro, Termomanaus e Xavantes.

Um dia após a Termonorte entrar em funcionamento, Rio Branco e cidades vizinhas sofrem com quedas de energia
Nem mesmo o funcionamento da Termonorte impediu que várias quedas de energia atingissem vários bairros de Rio Branco e alguns municípios do Acre, como Xapuri, Plácido de Castro e Brasileia, na tarde desta quinta-feira, 24.

A falha ocorre um dia depois do anúncio do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) sobre a ativação da Usina Térmica de Energia (UTE) Termonorte2. Entre os bairros da capital acreana que registraram falta de energia estão o Conjunto Universitário, Tucumã, Residencial Ipê, Manoel Julião, Tancredo Neves, Vila Ivonete, Baixada da Sobral e Cohab do Bosque. Nas redes sociais, muitos usuários reclamaram, inclusive, da queima de eletroeletrônicos.

Consequências de apenas um dos apagões que atingiram o Acre
Os apagões causaram a morte de 12 mil frangos e um prejuízo de R$ 134 mil para a uma empresa de alimentos instalada em Brasileia, no interior do Estado. Segundo o diretor de produção da Acreaves, Luiz Fernando, os animais teriam morrido por causa do calor, depois que os apagões causaram o desligamento dos aparelhos que controlam as temperaturas nas estufas de criação das aves. A empresa estuda pedir o ressarcimento.

O Ministério Público do Acre (MP/AC) abriu inquérito civil para pedir explicações ao ONS, Eletrobras Distribuição Acre e Eletronorte sobre as constantes quedas de energia registradas no estado. “Nós já temos uma Ação Civil Pública ajuizada. Não é algo novo. Temos outra visando a melhoria da qualidade do serviço de energia elétrica”, disse o promotor de Direito do Consumidor, Marco Aurélio.

Nota de esclarecimento
A Eletrobras Distribuição Acre informa que a interrupção no fornecimento de energia, ocorrida na manhã desta quinta-feira, 24, na região da ETA II, se deu em virtude da queda de um poste ocasionada por uma pá carregadeira da prefeitura municipal de Rio Branco que estava trabalhando nas proximidades da Terceira Ponte. A Distribuidora esclarece que a situação foi normalizada no menor tempo possível.

A Direção

Governo deve entrar com ação judicial contra a Eletrobras
A vice-governadora Nazaré Araújo informou ontem que o Governo do Estado pretende ingressar com uma ação contra a Eletrobras Distribuição Acre. O motivo são os prejuízos causados pelos constantes ‘apagões’ e quedas de energia.

De acordo com a gestora, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) já pediu informações sobre o problema na distribuição de energia no Acre. O Estado deve pedir uma indenização, cujo valor ainda será anunciado.

O Procon/AC também tem acompanhado de perto o problema dos apagões e vê com grande preocupação a questão. Entre os meses de julho e setembro, foram seis apagões que afetaram o Estado. O órgão encaminhou ofício à Eletrobras/Acre solicitando informações substanciais sobre o motivo dos apagões, com o intuito de dar encaminhamento às devidas responsabilizações.

As pessoas que tiveram prejuízos materiais, como produtos queimados, alimentos estragados ou de qualquer natureza que tenha ligação com as causas dos apagões podem responsabilizar a empresa pelos prejuízos.

A orientação é procurar primeiro a empresa para tentar resolver o problema, exigindo sempre o número de protocolo da reclamação. Caso contrário, podem formalizar reclamação no Procon ou diretamente no Juizado Especial Cível. Dependendo da situação, cabe indenização por eventual dano moral sofrido.

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