Na imprensa acreana, fui locutor na Rádio Gazeta FM 93,3; militei como repórter, apresentador e editor em várias TV´s; trabalhei na Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Rio Branco; lecionei História da Imprensa no Iesacre; ministrei cursos de jornalismo no Senac, FGB, TV Aldeia; produzi documentários, comerciais, filmes amadores, jornais alternativos e, por último, entre 2007 e início de 2009, atuei como repórter no jornal A GAZETA.
Para mim, trabalhar n´A GAZETA representava uma realização profissional, uma verdadeira apoteose, afinal, lá estavam ou estiveram os papas do jornalismo do Acre como José Leite, Jayme Moreira, Edson Luiz, Altino Machado, Jackie Pinheiro, Francisco Dandão, Chico Araújo, Luis Carlos Moreira Jorge, Silvio Martinello, os dois últimos meus verdadeiros gurus.
Luis Carlos, o Crica, jornalista que sempre comparei aos habilidosos articulistas e escritores Carlos Castelo Branco e Cláudio Humberto, foi quem me ensinou as artimanhas da política acreana, e Silvio Martinello o dificílimo poder de síntese que, a bem da verdade, ainda não domino completamente.
Além de mentor intelectual, Silvio Martinello foi mais pra mim. Ele permitiu que eu chegasse À GAZETA através de uma de suas mais importantes seções: o caderno temático Amazoon, que exatamente uma década antes meu irmão, o jornalista Clélio Rabelo havia estreado.
Retomei o caderno abordando importantes questões ambientais da região daquele momento. Certa vez, sugeri que ao invés de formar lamaçais pelas ruas, as mangas do perímetro urbano fossem colhidas de forma mais sistematizadas, que fossem acondicionadas em câmaras frigoríficas para que a fruta fosse melhor distribuída nas demais épocas do ano para que, dessa forma, ela passasse a fazer parte, de fato, da merenda escolar das escolas públicas. A sugestão mexeu com o agronegócio acreano.
Produzi o Amazoon como freelance. A seriedade do trabalho levou Silvio Martinello a apostar em mim como membro efetivo de sua equipe.
Além do trabalho rotineiro, nessa época tive o privilégio de acompanhar o governador em viagens pelo Estado, de cobrir eventos políticos no Congresso Nacional, em Brasília; na Petrobrás, no Rio de Janeiro; na Vivo e Toyota, em São Paulo, e até representando o jornal e o Estado do Acre no Festival do Cinema de Gramado, no Rio Grande do Sul.
Profissionalmente, foi riquíssima minha passagem pel´A GAZETA, mas, nada disso teria sido possível se as condições de trabalho e a afinidade entre os profissionais do jornal não fosse como era e, sei, ainda é.
Para mim, o segredo do sucesso do jornal está na afinidade da equipe, uma verdadeira família. n’A GAZETA da minha época, tínhamos a boa vontade do Zezinho motorista, o profissionalismo do competente repórter-fotográfico Diego Gurgel, do chargista e diagramador Dim e do pessoal de apoio, diga-se Evandro e o sempre bem humorado José Vale.
O encontro das equipes no horário do almoço sempre foi momento de descontração, de rica troca de experiência, de discussão sobre a forma da abordagem dos fatos do dia até a produção da boneca do jornal e início da redação dos textos.
A mim, como aos demais repórteres de então, Silvio Martinello abriu espaço para que cada um escrevesse artigos de opinião. Com essa abertura, além de provar que não tinha visão meramente empresarial, o escritor e jornalista Silvio Martinello possibilitou que nós, repórteres, falássemos também sobre nossas mazelas, nossa visão pessoal de mundo.
Por tudo isso, pelo que o jornal representa para o Acre e para a Amazônia é que eu parabenizo a GAZETA pelos seus históricos 30 anos. Vida longa, GAZETA! Que venham mais 30, 30 e 30 anos…
Cleber Borges* é ex-repórter do jornal