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A energia de um novo tempo

Andrei Mota Porfiro defendeu TCC que indica formas para uma energia mais barata

Um trabalho de conclusão de um curso superior, ou monografia, é, antes, um projeto que tem metas e objetivos a serem alcançados. Andrei Oliveira Mota Porfiro (foto), o primeiro aluno do Curso de Engenharia Elétrica da Ufac a defender um TCC, dá pistas muito claras através das quais a Eletrobras Distribuição/ Acre, bem como, outras empresas do setor, poderão, sim, reduzir os custos da energia elétrica, inclusive para o consumidor. As impressões do acadêmico acerca de tudo isso estão nas linhas abaixo:

– A partir de que fator você considera importante o seu trabalho para a sociedade?
O combate às perdas no sistema de energia elétrica é extremamente importante, pois significa uma quantidade menor da energia demandada do parque gerador e um aumento da qualidade e confiabilidade do sistema elétrico, além de reduzir as tarifas repassadas aos consumidores, visto que as perdas existentes no sistema de distribuição são agregadas às tarifas de energia.

– Como você detecta que a Eletrobras/Acre vem sofrendo perda de receita ao longo dos anos?
Toda concessionária de distribuição de energia elétrica sofre perdas de energia. Na Eletrobras Distribuição/Acre não é diferente, pois isto ocorre por diversos fatores: os técnicos e os não-técnicos. As perdas técnicas surgem devido ao transporte de energia ao longo do sistema elétrico, enquanto as perdas não-técnicas são provenientes de diversos fatores, dentre eles os furtos e as fraudes de energia. Infelizmente, devido a diversidade das perdas comerciais, existe uma enorme dificuldade em combatê-las e, como parte da energia não está sendo faturada, maiores são as perdas de receita.

– Quais os principais tipos de perdas que levam ao prejuízo?
As perdas técnicas são inerentes ao sistema elétrico, pois surgem devido aos materiais e equipamentos elétricos utilizados no seu transporte. No entanto, as perdas comerciais são as maiores responsáveis pelos prejuízos das concessionárias de energia devido à grande variedade de formas de furtos e fraudes de energia, o que dificulta sua identificação pela concessionária.

– Há algum vínculo com a questão social?
Alguns estudos comprovam que a questão social está intimamente ligada aos índices de perdas comerciais. Em regiões pobres e instáveis, as perdas comerciais apresentam valores bem altos em comparação com outras regiões. Tais fatores ocorrem principalmente pela falta de infraestrutura urbana, desemprego, facilidade de acesso à rede elétrica, elevadas tarifas de energia, entre outros. Vale ressaltar que o combate às perdas nestas regiões é algo perigoso para as equipes de inspeção da concessionária, que muitas vezes sofrem ameaçadas de terceiros.

– Como os prejuízos poderiam ser combatidos ou debelados?
Existem diversas técnicas de combate e prevenção às perdas comerciais aplicadas em concessionárias nacionais e internacionais. Com o intuito de prevenir a ocorrência das perdas, por exemplo, a modernização da rede com medição remota ou medidores pré-pagos seriam ótimas soluções. Dentre as técnicas de combate às perdas, a mais eficiente é a inspeção realizada em campo. No entanto, a assertividade das equipes na busca por consumidores fraudulentos é bem pequena, e para aumentar esse índice, utilizam-se algoritmos computacionais que detectam padrões e comportamentos de consumidores fraudadores. Uma dessas técnicas é a mineração de dados (do inglês, data mining)

– O uso das novas tecnologias poderia contribuir para a eliminação / diminuição das perdas?
Com certeza, a melhoria tecnológica dos equipamentos elétricos utilizados no transporte de energia reduz tanto as perdas técnicas (pois utilizam-se materiais cada vez mais eficientes, que oferecem menos perdas) quanto perdas não-técnicas. A modernização da rede de distribuição de energia elétrica é essencial na detecção e eliminação das fontes de perdas comerciais, devido ao uso de medição remota, medição de alimentadores, cabos protegidos nos ramais de ligação, medição pré-paga, entre outros.

– Uma grande organização, como a Ufac, gasta grandes somas com a conta de luz. Haveria um método ou projeto através do qual as despesas com a conta de energia fossem diminuídas?
Apesar de esta pergunta estar fora do escopo do meu projeto, vejo que um trabalho de eficiência energética deve ser realizado na Ufac, como, por exemplo, a melhoria da iluminação, utilizando lâmpadas mais eficientes e com menor consumo, como as de “led”. Outro trabalho que pode ser realizado é a renovação das instalações elétricas antigas, que proporcionam um elevado índice de perdas. O levantamento de carga e a análise do comportamento de consumo da Universidade permitem a busca pela melhor modalidade tarifária e pela demanda energética adequada a ser aplicada, além do fator potência. Estes e outros motivos proporcionam enormes reduções nas contas de energia. (CLÁUDIO MOTTA – PORFIRO)

A Gazeta do Acre: