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“Ela tinha muita fé que ficaria curada”, diz mãe que perdeu a filha para o câncer

Ao descobrir que tinha câncer de mama, Susi retirou o seio, porém, a doença já havia se espalhado pelo corpo. (Foto: Arquivo pessoal)

Em 6 de maio de 2013, o mundo perdia Susiane Barreto Balestiere, no auge dos seus 26 anos de idade. A jovem tinha câncer. No Acre, ela se tornou ícone na luta contra a doença.

“Minha filha batalhou até o final”, afirma emocionada a dona de casa Maria Barreto da Silva, 49, mãe de Susi, como era carinhosamente chamada pelos amigos.

Dois anos após a morte da primogênita, Maria recorda o caminho percorrido pela filha na luta contra o câncer de mama. Assim como muitas pessoas, ela começa dizendo que não esperava que algo tão ruim pudesse acontecer na sua família. “Nunca pensamos que vai ser com a gente”.

Ao descrever Susi em vida, a voz de Maria é tomada por uma alegria desenfreada. Ela quer contar tudo. Dizer o quanto a filha era animada, vivaz, alto astral. Como mãe, ela quer que o mundo saiba que Susi amava trabalhar e tinha muitos sonhos. Alguns deles ela chegou a realizar.

A descoberta do câncer de mama surgiu de uma suspeita. Susi sentia dores no corpo e, junto a isso, um nódulo no seio começou a preocupá-la. “Ela contou primeiro para a irmã, depois para mim. Já estava maior que um botão. Eu já sentia que tinha algo errado. Por isso, pedi que ela procurasse um médico”.

Era dezembro, e Susi resolveu esperar passar os festejos natalinos. A consulta médica só ocorreu em janeiro do ano seguinte. Mal sabia ela que o tempo corria a seu desfavor.

Foram várias idas e vindas a consultórios. Até que a médica dela marcou uma cirurgia para tirar o nódulo do seio. O câncer já estava ali, mas não tinha sido descoberto.

Após um mês da cirurgia, Susi pediu para voltar a trabalhar. Ela era vendedora em uma das lojas do cunhado. “Ela não aguentava ficar parada. Voltou porque amava”, afirma Maria.

Quando recebeu o resultado do exame, Susi foi sozinha até a médica. Não contou nada a ninguém.

A especialista, sem entender, leu o diagnóstico. “Ela disse que aquele era um exame de uma pessoa com câncer de mama. Minha filha ficou parada. A doutora achava que aquele era o resultado de outra pessoa. Ela disse: isso pertence à Susiane Barreto. E minha filha respondeu a ela: Eu sou Susiane, doutora”, descreve Maria.

Percebendo o mal-entendido, a médica mudou imediatamente a expressão e demonstrou choque e tristeza. Afinal, não é muito comum uma pessoa tão jovem ter câncer de mama.

Susi não conseguiu dar a notícia à Maria. Essa difícil tarefa ficou com a irmã da jovem, Suzany Barreto. “Minha outra filha contou. Nunca pensei que ela diria isso. Choramos muito”.

Com o diagnóstico em mãos, Susi começou as sessões de quimioterapia. O tratamento a fez perder os cabelos e a ficar fraca.

Ela tinha esperança de que o sofrimento teria fim com a cirurgia que removeu todo o seio.

Após o procedimento cirúrgico, Susi voltou a ter uma vida normal. Ela morava com a avó, na época. Em casa, gostava de ver tudo arrumado. Não ficava sentada até que tudo estivesse organizado, destaca Maria.

Oito meses se passaram e Susi precisou voltar ao hospital para uma nova avaliação. No entanto, ela acabou descobrindo o pior: o câncer tinha se espalhado para o cérebro, medula óssea e fígado.

Com o então atual quadro de saúde, a jovem precisaria iniciar um novo tratamento, que a levaria a perder novamente as forças e o cabelo. “Ela chegou para o Fábio, noivo dela na época, e disse que aquele era o momento ideal para os dois casarem. Ela sabia que ficaria bem debilitava com o retorno das sessões de quimioterapia, por isso, queria realizar o sonho antes de tudo aquilo. O Fábio foi uma pessoa maravilhosa para ela e realizou o sonho da minha filha”.

Susi e Fábio tiveram um casamento conforme o desejado, com direito à festa, padrinhos e muitos amigos para prestigiar o momento. Maria recorda das flores naturais, dos vestidos uniformizados das madrinhas, tudo como Susi sempre quis.

“O sonho dela era casar com festa e ter a própria casa dela. Ela teve isso”, afirma a mãe.

Depois, Susi precisou voltar ao tratamento, que foi tirando aos poucos as suas forças. Porém, ela jamais perdeu o sorriso no rosto. “Ela teve amigas incríveis. Quando recebia visitas, algumas choravam e ela não deixava isso acontecer. Susi dava força para as pessoas. Ela tinha muita fé que ficaria curada”.

A luta de Susi contra o câncer foi acompanhada por milhares de seguidores nas redes sociais. Ela chegou a dar entrevistas à televisão e também sair em sites locais reclamando da falta de remédio no Hospital do Câncer de Rio Branco. Esse último, inclusive, é um dos motivos que Maria Barreto aponta como causador da morte prematura da filha.

“Já nos últimos dias, ela me chamou e disse: mãe, eu te amo tanto! Você é uma pessoa maravilhosa para mim”, lembra Maria. “Apesar do câncer, eu não esperava que minha filha fosse morrer tão cedo. Minha filha foi uma guerreira. Mesmo com dor, ela aproveitou cada minuto de vida”.

Debilitada, Susi foi ao hospital tomar remédio para aliviar a dor. Ela não voltou para casa. A jovem faleceu na manhã do dia 6 de maio de 2013, após lutar dois anos contra o câncer.

“Perdi uma filha linda. É triste para uma mãe ver uma filha terminar assim”, lamenta emocionada.

Dois anos depois, Maria segue a vida com o esposo de forma tranquila no interior de Rio Branco. Ela declara que nunca vai esquecer Susi e que a trajetória dela serviu de exemplo a outras pessoas. “Cuidem. Façam o toque da mama. É coisa séria. Qualquer suspeita, procurem um médico”, indica.

Campanha Outubro Rosa conscientiza mulheres sobre o câncer de mama

Coordenadora Maria Tereza. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)


BRUNA MELLO

Outubro Rosa é uma campanha que visa conscientizar as mulheres sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. O movimento surgiu em 1990, em Nova York, e desde então vêm sendo promovida. O nome remete à cor do laço rosa que simboliza, mundialmente, a luta contra o câncer de mana, além de estimular a participação da população e empresas.

O câncer de mama é o tipo mais comum, depois do câncer de pele, e também o maior causador de mortes por câncer em mulheres. No Brasil, no ano de 2012, mais de 13 mil mortes foram registradas por câncer de mama. Este ano, mais de 57 mil casos novos foram estimados.

No Acre, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), de 2007 até 2014 foram registrados 690 casos de pacientes com câncer de mama. Somente no ano passado, 99 mulheres foram diagnosticadas com a doença.

Segundo a coordenadora da área Técnica de Saúde de Rio Branco, Maria Tereza, no Acre, a intensificação do trabalho de conscientização no mês de outubro também alerta as mulheres para o câncer de colo do útero. Ela explica que na região Norte do Brasil, o câncer que mais atinge as mulheres é o de colo de útero. “Nós aproveitamos a campanha para intensificar a parte da prevenção e conscientização”, disse.

Não existe uma causa única para desenvolver o câncer de mama, mas a idade é um dos mais importantes fatores de risco para a doença. Cerca de quatro em cada cinco casos ocorrem após os 50 anos. A recomendação dos profissionais da Saúde é de que a mulher realize periodicamente o autoexame e, caso note alguma alteração, procure uma unidade de saúde. A partir dos 40 anos, a realização da mamografia é necessária, porém, alguns médicos não recomendam se não houver sinais da doença, esse é um critério que apenas o profissional vai analisar.

“Quanto mais cedo for diagnosticada, mais chance de cura a mulher terá no tratamento. Nós observamos que muitas mulheres ainda têm medo de fazer o exame, ou não tem informação de que é preciso prevenir. Elas acabam deixando para depois, e quando elas sentem algo e procuram ajuda já está em um estado avançado. Hoje, a maioria dos casos identificados já está no estado avançado da doença, por isso, o grande índice de mortalidade”, explicou a coordenadora.

Onde fazer o exame?
Tereza esclarece que as mulheres que ainda não sabem onde fazer o exame preventivo devem procurar qualquer unidade básica de saúde, somente após o médico examinar é que a paciente será encaminhada para a realização do exame. “Com alguma suspeita ou não da doença, a mulher deve procurar primeiro fazer o autoexame. Se a mulher perceber um sintoma, deve procurar uma unidade de saúde”, afirmou.

Na Capital, o exame é realizado no Centro de Apoio de Diagnóstico Municipal ou no Centro Oncológico do Acre (Cecon). “Só que para qualquer um desses lugares é preciso ter encaminhamento e fazer o agendamento”, lembrou Tereza. Além disso, a mamografia pode ser realizada em centros de diagnósticos particulares.

O que é mamografia?
A mamografia é uma radiografia das mamas, feita por um aparelho de raio X, chamado mamógrafo. Ele é capaz de visualizar alterações suspeitas. A mamografia para avaliar uma alteração suspeita na mama é chamada de mamografia diagnóstica e poderá ser feita em qualquer idade. Já o exame clínico das mamas é a observação e palpação das mamas por um médico ou enfermeiro.

A realização da mamografia de rotina pode ajudar a reduzir a mortalidade por câncer de mama, mas, por outro lado, expõe a mulher a alguns riscos. Entre os benefícios de fazer o exame está a possibilidade de detectar um câncer ainda no início e ter um tratamento menos agressivo.

Alguns riscos também são apontados na realização da mamografia de rotina como resultados incorretos (alarme falso), ser diagnosticada, tratada com cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, de um câncer que não ameaçaria a vida; e exposição aos Raios X (raramente causa câncer, porém, pode haver um aumento no risco, de acordo com a frequência).

“Ter câncer de mama é igual a ser atingido por uma bala perdida, ninguém sabe quem vai ter”, afirma mastologista

Mastologista Sidney Rogério destaca a importância da realização de exames com frequência. (Foto: Bruna Lopes/ A GAZETA)


BRUNA LOPES

Outubro rosa lembra o combate ao câncer de mama, doença perigosa e silenciosa. O mastologista Sidney Rogério afirma que 95% dos casos de câncer são esporádicos e apenas 5% são familia-res. E são raros os casos em mulheres abaixo dos 35 anos. Há estudos que apontam que se a mulher vivesse até os 100 anos, 8 em cada 10, teria câncer de mama.

O mastologista Sidney Rogério compara os números de casos de câncer de mama a ser atingido por uma bala perdida. “Não tem como prever quem vai ser atingido por uma bala ou desenvolver câncer”.

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a cada ano, 22% dos novos casos de câncer são desse tipo. E afeta mulheres acima dos 40 anos. O médico explica que a mudança comportamental da mulher justifica o aumento dos casos de câncer de mama.

“Há 20 anos, o câncer que mais matava mulher era o de pulmão, por conta do tabagismo. Hoje é o de mama, causado pela mudança de comportamento das mulheres. Por exemplo, antes, uma mulher tinha muitos filhos, já hoje ela aguarda a idade e tem maior número de parceiros sexuais ao longo da vida”, aponta o mastologista.

Sidney Rogério explica que a doença não mata enquanto estiver na mama, afinal não se trata de um órgão vital, como o coração ou o cérebro. “O que mata é a metástase, que se trata da saída das células cancerígenas para outros órgãos”, esclarece.

Ao identificar um nódulo, caroço ou qualquer outra anormalidade na mama, o conselho é procurar um mastologista. “Apenas esse profissional pode identificar, diagnosticar e tratar o câncer de mama”, ressalta Sidney Rogério.

O profissional elenca os fatores naturais para evitar o câncer de mama. São eles: a menarca tardia e menopausa precoce. “Ou seja, a mulher começou a menstruar tarde e parou cedo. A mulher fica menos exposta ao hormônio estrogênio, com isso, a mulher tem menos chances de desenvolver câncer de mama”, destacou.

Pessoas confundem prevenção e rastreio, comentou Sidney Rogério. Prevenção é tudo que você faz para evitar como, por exemplo, adquirir hábitos saudáveis, como uma dieta balanceada, prática de exercícios, evitar ingestão de bebidas alcoólicas, não fumar além de fazer, anualmente, os exames de rotina.

“Já o rastreio é um processo de algo que já existe. Mamografia é a forma utilizada para verificar o que ocorreu com a mama durante o ano. Mesmo que a paciente faça a mamografia religiosamente todos os anos, ela pode desenvolver câncer sim”, afirma o médico.

Por isso, é fundamental a realização do exame. “Fazendo o exame é possível identificar o início da doença, que é mais fácil de tratar”, alertou Sidney Rogério.

Mulheres com casos da doença na família, principalmente em parentes próximos (de primeiro a terceiro grau), podem começar a fazer os exames de mamografia mais cedo, a partir dos 30 anos de idade.

“As lesões pré-cancerígenas,  na faixa etária acima dos 40 anos, demoram de um a 10 anos para se tornarem nódulos, o que facilita o rastreamento e detecção das lesões em seus estágios iniciais, por meio da mamografia”, explica o médico mastologista Sidney Oliveira.

Em contrapartida, nas mulheres jovens, o tempo de maturação das lesões é bem menor e a densidade do tecido mamário diminui a eficiência do exame. “A carga hormonal mais intensa faz com que uma pequena lesão se torne um nódulo em apenas alguns meses”, complementa o mastologista. Nestes casos, a ultrassonografia auxilia no diagnóstico.

Caso seja detectada alguma alteração no exame, um pequeno pedaço do tecido mamário é retirado, por meio de uma biópsia, para ser submetido a exames que dirão se o tumor é maligno ou benigno.

Sintomas
O aparecimento de um ou mais caroços é o sintoma mais comum. Eles se apresentam, geralmente, como nódulos indolores, duros e irregulares, ou macios e arredondados. Também podem ocorrer inchaço em parte do seio, irritação da pele e aparecimento de irregularidades (aspecto de casca de laranja), dor ou inversão no mamilo, vermelhidão ou descamação no mamilo ou pele da mama, saída de secreção e caroço na axila.

Tratamento
O primeiro procedimento a ser feito é a retirada do tumor, por meio de cirurgia parcial ou total do seio acometido. A escolha do melhor tratamento dependerá da idade da paciente, do seu estado físico e do grau da doença. A realização de quimioterapia e radioterapia, também, dependem do estágio do câncer de mama.

A mastectomia (retirada total da mama) é indicada quando o tumor já está muito grande. “Quando a proporção tumor-mama é muito grande, torna-se inviável a retirada apenas do tumor, pois a estética da mama fica prejudicada”, afirma Sidney.

Uma supermulher que usou a dança como força para superar a doença

Cleonir usa a história dela para ajudar outras pessoas. (Foto: Bruna Lopes/ A GAZETA)


BRUNA LOPES

Cabelos escovados, unhas pintadas e maquiada. Foi assim que Cleonir Carvalho Ribeiro, 61 anos, recebeu em sua casa a equipe de reportagem de A GAZETA, para contar sua história de superação ao enfrentar um agressivo câncer de mama.

Sempre com um sorriso nos lábios, mesmo ao falar sobre os momentos mais difíceis, Cleonir afirma que foi na fé em Deus e na vontade de viver que encontrou forças para encarar com otimismo o tratamento.

“Quando descobri a doença, fazia pouco tempo que meu marido tinha perdido a batalha para um câncer de próstata. Ao receber o diagnóstico, um buraco se abriu embaixo dos meus pés. Mas, com o apoio incondicional de três amigas e dos meus filhos consegui superar o tratamento e vencer o câncer”, fala emocionada.

Ela detalhou os acontecimentos até a descoberta da doença. “Sempre morei no bairro da Base. Em 2012 sofremos com uma enchente. Depois que a água baixou, eu vim limpar a casa sozinha, trabalhei durante todo o dia, tirando lama e entulho de dentro de casa. À noite, quando fui dormir, percebi que tinha um nódulo na mama direita que parecia caber na palma da mão”, lembra.

Após uma bateria de exames de consultas, o diagnóstico era um tumor maligno de 48 centímetros de diâmetro. Na ocasião, o sentimento de morte era inevitável, confirmou Cleonir. “Imediatamente comecei o tratamento no Hospital do Câncer. Fiz quimioterapia e radioterapia. Quando fui fazer a cirurgia reparadora, o tumor estava em 13 milímetros. Os médicos me pouparam de uma mutilação. Não perdi a mama. Muito pelo contrário, fiquei mocinha de novo. Hoje nem preciso usar sutiã”, confessa.

Todo tratamento dela foi custeado pelo Sistema Único de Saúde, inclusive, o remédio que ela toma até hoje, é disponibilizado pelo Hospital de Câncer.

“A dança era uma espécie de terapia”, ressalta Cleonir
Durante o tratamento contra a doença, que durou dois anos, Cleonir não abriu mão de fazer uma das coisas que mais gosta: dançar. “Quando queria desanimar, minhas amigas me convenciam a ir para as festas para dançar. Eu ia e voltava com um gás extra para me dedicar ao tratamento. A dança era uma espécie de terapia”, ressalta.

A dança se tornou hábito na vida de Cleonir. “Quem não me conhecia nem imaginava que eu estava no auge do tratamento contra o câncer. Mesmo depois de estar curada, meu programa preferido continua sendo a dança. Não fico em casa pensando nas dificuldades da vida. Precisei sentir na pele que a vida é um dom e muito curta para não aproveitarmos”, afirma.

Atualmente, Cleonir utiliza as redes sociais para encorajar outros pacientes
Para quem está enfrentando o tratamento contra a doença, Cleonir faz questão de enfatizar de que o importante é a pessoa não se entregar às dificuldades. “É uma doença que castiga o corpo e se a pessoa deixar imobiliza, também, a mente. Eu acredito que se o pensamento positivo predominar, as chances de cura melhoram bastante. Não desista do tratamento e viva o quanto puder”, aconselha.

A aposentada se considera uma vencedora. “E por conhecer tão bem o tratamento contra o câncer que me vejo quase que na obrigação de apoiar e encorajar quem está enfrentando essa doença”, destacou Cleonir, que utiliza, inclusive, as redes sociais para levar uma palavra de conforto aos pacientes.

Vaidade foi testada ao perder os cabelos
Bastante vaidosa, ela confessa que um dos momentos mais difíceis foi quando perdeu os cabelos. “Foi doloroso. Sempre fui muito vaidosa. Mas, a força dos meus filhos e das amigas foi tamanha que me fez encarar isso de cabeça erguida e enfeitada com os mais variados lenços e perucas”, lembra.

No dia que o cabelo caiu, os amigos, filhos e netas de Cleonir fizeram questão de usar os lenços e as perucas e promoveram uma sessão de fotos, tudo com o objetivo de tornar mais fácil a aceitação dela da nova realidade.

“Me aceitei com aquela nova forma e passei a me amar, foi assim que as coisas fluíram com leveza”, confessa Cleonir.

A internet ajudou quando o mundo parecia estar testando a vaidade de Cleonir. “Pesquisava os tipos de amarrações e como poderia combinar eles com as roupas que tinha. Em pouco tempo tinha lenços de várias cores. Mesmo nos dias em que não me sentia bem, pelo tratamento, fazia questão de estar bem arrumada”, confessa.

“Mesmo durante a quimioterapia, minha pele ficou ótima e o cabelo, quando cresceu, ficou mais bonito”, explica Cleonir.

Mulheres da vida real

BRUNA MELLO

A equipe do jornal A GAZETA foi às ruas ouvir depoimentos de mulheres que possuem idade superior a 40 anos. Mesmo com a intensificação das campanhas de conscientização sobre câncer de mama, algumas mulheres mostraram-se desinformadas quanto ao procedimento de prevenção. Além disso, o medo de realizar o exame e de descobrir ser portadora de alguma doença ainda faz com que muitas deixem de procurar acompanhamento médico.

Por outro lado, história de mulheres que perderam familiares para a doença se cruzam novamente com a enfermidade. A demora e dificuldade na hora de fazer o exame também foram questionamentos levantados pelas mulheres.


Deuzenir Pereira, empregada doméstica, 50 anos
“Comecei a fazer o exame aos 45 anos de idade. Eu faço em casa o autoexame e sinto muitas dores. Eu não sinto nenhum nódulo, não sei se é o nervoso que não me deixa achar. Estou a cinco anos fazendo os exames, mas só há suspeitas, sem diagnósticos. Lutei, juntei um dinheiro e fiz a mamografia particular. Foi R$ 200. Tenho muito medo de descobrir algo, porque eu sinto muitas dores sempre”, disse.

Raimunda Gonçalves, empregada doméstica, 44 anos
“Perdi minha irmã há cinco anos para o câncer de mama. Ela tinha 47 anos. Esse é o primeiro ano que eu fiz a mamografia e ultrassom e agora vou apresentar os exames. Eu tenho um pouco de medo. É uma doença muito agressiva. Quem não tem medo de uma doença dessas?”, contou emocionada.


Maria de Lourdes, auxiliar de jardinagem, 59 anos
“Eu faço o preventivo todos os anos, o exame de câncer do colo do útero. Nunca consegui fazer o exame de mama. Não tenho informação de onde posso fazer. Faz muito tempo que eu quero fazer. Em casa, eu sempre olho a mama. Esses dias, eu senti umas dores, mas passou. Onde é que a gente procura? Porque nos postos de saúde o pessoal não informa nada pra gente. Vou buscar o resultado do exame e já vou procurar saber sobre o de mama”, relatou.


Francisca das Dores, paisagista, 59 anos
“Eu faço a mamografia todos os anos, faz muito tempo. Esse ano ainda não fiz, mas vou fazer. Antes eu fazia pela empresa, este ano vou fazer pelo Sistema único de Saúde (SUS). Acho muito importante todas as mulheres se conscientizarem e fazerem o exame todos os anos. Eu tive uma amiga que teve câncer de mama e conseguiu fazer o tratamento a tempo”, falou.

 

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