Com o tema “violência contra mulher”, a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2015 foi motivo de debate caloroso nas redes sociais. Há quem defenda a importância do assunto proposto pelo Ministério da Educação (MEC), mas, há aqueles que fazem críticas citando um suposto feminismo da banca organizadora do maior certame do país.
A secretária de Políticas Públicas para Mulheres (SEP-Mulheres), Concita Maia, parabenizou a atitude do órgão ao promover a reflexão de uma realidade, infelizmente, muito comum ainda no Brasil. “O debate foi amplificado. O Enem nos deu essa oportunidade de reforçar a importância de combater essa questão com toda a sociedade. Somente através do debate em todos os âmbitos para desconstruir a cultura da violência”, afirmou Maia.
De acordo com a secretaria, a cada quatro minutos uma mulher é assassinada no Brasil, apesar dos recentes avanços nas ações públicas de combate à violência. “Os últimos dados apresentam que os homicídios em mulheres, denominados feminicídios, têm como característica a barbárie e requintes de crueldades. No Acre, os avanços no combate a esse tipo de violência são significativos”.
No Acre mais de 56 mil pessoas se inscreveram no Enem que teve suas provas aplicadas no último final de semana.
Além do tema da redação, uma questão na prova de ciências humanas, aplicada no primeiro dia, chamou a atenção nesta edição do Enem e muitos já denominam como feminista. A polêmica frase da francesa Simone de Beauvoir “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, foi alvo pauta nas redes sociais sobre a questão de gênero no Brasil.
“Somos uma sociedade plural, composta por jovens, idosos, mulheres, homens… O entendimento de Beauvoir é que a mulher deve se descobrir para se tornar protagonista da sua própria história, dona da sua vida, se libertando da submissão para ser o sujeito da sua trajetória. Vamos ressaltar que a filósofa vivia numa realidade completamente diferente”, confirmou a secretária.
Na avaliação de Concita, lamentavelmente, tem pessoas que se apropriam desse pensamento para deturpar e manipular outras pessoas que desconhecem a verdadeira história. “Além de usar esse pensamento para julgar, diferenciar e excluir pessoas que sejam fora do padrão. Por isso é preocupante, quando pessoas preconceituosas ou que possuem fundamentalismo religioso estão ocupando lugares de poder na sociedade”.