![Antônio da Silva tem 17 anos de idade, já passou por quatro cirurgias e afirma que sonha em falar normalmente como as outras pessoas . (foto: ANGELA PERES / SECOM)](https://agazetadoacre.com/noticias/wp-content/uploads/2015/11/fissuras-300x242.jpg)
. (foto: ANGELA PERES / SECOM)
“Eu só quero me sentir uma pessoa normal e feliz como as outras pessoas”, disse Antônio da Silva, um pouco antes de passar pela quarta cirurgia de correção de problemas faciais, serviço oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital das Clínicas de Rio Branco.
Antônio foi um dos 20 pacientes contemplados pelo mutirão de cirurgias realizado no início do mês de outubro na unidade, em parceria com a SmileTrain, instituição parceira sem fins lucrativos. A mãe, Francisca Fernandes, conta que as primeiras intervenções cirúrgicas do filho foram realizadas na infância, em Bauru (SP), quando ainda não era possível fazê-las aqui. Por causa do lábio leporino e da fenda palatina – anomalias congênitas que surgem durante a formação e desenvolvimento do feto – o paciente encarou muitas dificuldades, entre elas, o preconceito.
“Ele tinha muita dificuldade pra falar, quase ninguém ouve e entende o que ele fala. Por causa disso, já sofri muito em ver meu filho chegar em casa chorando pelas coisas que diziam com ele em todo lugar”, disse Francisca. Aos 17 anos, Antônio vê na cirurgia a possibilidade de realização de um sonho: vencer o problema.
Arthur Teles, de seis de meses de vida, também foi submetido ao procedimento, a primeira das quatro cirurgias que precisa fazer. O pai de Arthur, Alex Barreto, comentou sobre a reação da criança ao acordar: “O médico disse que ele levaria um tempo pra poder sorrir de novo, mas quando ele acordou e olhou pra mim foi a primeira coisa que fez, e o sorriso de um filho é a melhor sensação do mundo!”
O relato do pai revela o entusiasmo de toda a família. “Nosso sentimento de felicidade não tem explicação. A gente sabe que ainda temos muitos obstáculos pela frente, mas com certeza a primeira batalha já vencemos”, expressou.
No centro cirúrgico, compromisso e concentração!
Para atender a demanda, duas salas faziam as cirurgias simultaneamente. Ao fundo, a música clássica dá o tom para o momento, de afinamento e concentração da equipe composta por médicos e auxiliares. De acordo com o cirurgião, João Lorenzo Rocha, atualmente não existem mais filas de fissurados em espera no Estado.
“Normalmente operamos duas ou três vezes o mesmo paciente, dependendo do processo que ele precisa pra aprender a falar, tratar os dentes e uma série de fatores. A gente trabalha orgulhoso. Depois vamos pra casa tranquilos porque fizemos o melhor que podíamos fazer. Essa é a melhor parte”, disse.
O problema e o diagnóstico
![Arthur Teles fez a primeira cirurgia aos seis meses e terá que fazer mais três para corrigir o problema . (foto: ANGELA PERES / SECOM)](https://agazetadoacre.com/noticias/wp-content/uploads/2015/11/diagnostico-300x200.jpg)
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As fissuras de lábio e palato, mais conhecidas como lábio leporino e fenda palatina correspondem à má formação mais comum da face sem causa específica. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 650 nascidos vivos, uma criança nasce com o problema no Brasil. Com a ultrassonografia, é possível detectar a anomalia a partir da 14ª gestação.
O tratamento no Acre
![Segundo a fonoaudióloga Mirna Netemala, mais de 400 pacientes estão cadastrados no programa . (foto: ANGELA PERES / SECOM)](https://agazetadoacre.com/noticias/wp-content/uploads/2015/11/4-O-tratamento-no-Acre-FOTO-ANGELA-PERES-300x240.jpg)
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O Programa de Reabilitação e Assistência ao Fissurado da Face (PRAFF) existe no Estado desde 2008. Atualmente, mais de 400 pacientes são cadastrados, segundo a fonoaudióloga Mirna Netemala.
Os pacientes ou pais não encontram burocracia no atendimento, basta agendar a consulta pelo telefone (68) 3226-3387. A partir disso, o diagnosticado é assistido por uma equipe multidisciplinar formada por fonoaudiólogo, odontologista, otorrinolaringologista, ortodontista e cirurgião plástico. “Depois dessa primeira análise, é que vemos o que vai ser necessário de exames, encaminhamentos e tratamento”, explica Mirna.
Além do atendimento ambulatorial dado aos pacientes, cerca de dez cirurgias são realizadas mensalmente. (Rayele Oliveira / Agência Acre)