
A boliviana María Galindo, reconhecida por seu ativismo fervoroso referente às questões que tratam dos diretos e do combate à violência contra mulher, visita pela primeira vez o Acre. Ela cumpre agenda de palestra e apresentação de filme no festival Pachamama. Na manhã desta quarta-feira, 25, a ativista esteve presente na 4ª Conferência Estadual da Mulher, realizada no Teatro Universitário.
Em entrevista ao jornal A GAZETA, Galindo aponta que os países não oferecem justiça para as mulheres. “Em toda a América Latina ocorrem crimes contra mulher. Se uma mulher é assassinada, não há investigação, não há justiça. A quantidade de crime é muito alta, mas o número de casos resolvidos é muito baixo. Na Bolívia, a situação é pior. Neste ano contabilizamos mais de 100 mulheres mortas, mas temos apenas um percentual mínimo de sentença”, explicou a ativista.
María Galingo é grafiteira, ativista anarco-feminista e lésbica pública. Também é psicóloga, radialista e ex-apresentadora da televisão boliviana. Por suas performances controversas, ela já foi presa e agredida pela polícia boliviana.
Já expôs sua visão de mundo e sua arte corporal em importantes bienais, como a da Espanha, de Veneza e de São Paulo. Atualmente, reivindica os direitos das mulheres que são vítimas de abuso e assédio sexual causada pelo machismo.
Outro problema identificado por Galindo na Bolívia é que o estado não está representando as vítimas de feminicídio. “O número de vítimas de feminicídio supera a quantidade de vítimas da ditadura”, declarou.
Com 23 anos de militância no grupo ‘Mulheres Criando Bolívia’, conseguiu se estabelecer como um ponto de referência do movimento feminista. De acordo com ela, o feminismo construído a partir das tarefas diárias, enfrenta o que María chama de “revolução feminista falhou” e o papel das instituições e organizações internacionais como tradutores de movimentos de luta.
Apresentação do documentário 13 Horas de Rebelión
María Galindo é realizadora do documentário 13 Horas de Rebelión, que retrata o processo de rebelião de mulheres bolivianas, rompendo com a imagem da mulher submissa.
“Não é de hoje que as mulheres buscam igualdade. Esse processo ocorre há muitos anos, porém, ainda não existe nada de concreto. O filme oferece às mulheres uma nova visão de si mesmas”.
O filme participa do Festival Pachamama. E, de acordo com a autora, que participa pela primeira vez do festival, a organização da mostra são pessoas comprometidas e tem a participação de trabalhos de boa qualidade.
“Esse tipo de iniciativa permite que os países andinos estreitem os laços e produções”, destacou María Galindo.