Tristeza e comoção marcaram o velório do corpo da promotora de justiça, Nicole Gonzalez Colombo Arnouldi, 35 anos. Ela foi encontrada morta em seu apartamento em Rio Branco, na noite deste domingo, 29, vítima de tiro na cabeça. O corpo foi encaminhado para Araraquara, em São Paulo sua terra natal, nesta madrugada de terça-feira, 1º, para ser enterrado.
O velório teve início na manhã desta segunda-feira, 30, no hall de entrada do MPE/AC. O promotor Fernando Cembranel recorda da última vez que falou com Nicole. “Nos falamos na última quinta-feira. Ela estava preocupada com o sistema de iluminação do município de Bujari. Era uma profissional valorosa, animada, sorridente. Foi um choque tomar conhecimento dessa situação”, destacou o promotor visivelmente emocionado.
A polícia aguarda o resultado dos laudos periciais, mas a maior das hipóteses é de que se trate de um suicídio. O caso está sendo investigado e corre sobre a responsabilidade do Secretário de Polícia Carlos Portela. O laudo do Instituto Médico Legal, que apontará a causa real da morte, deve sair em um prazo de até 30 dias.
Nicole Gonzalez, que era natural de Araraquara, interior de São Paulo, vinha passando por grave crise depressiva.
No final da tarde do domingo, sua mãe havia tentado contato com a filha por telefone e ligou para o colega de trabalho de Nicole, alertando sobre o estado depressivo. Por isso, dois promotores amigos de Nicole, Thalles Fonseca Tranin e Eliane Misae Kinoshita, dirigiram-se ao condomínio Florença e, na porta do apartamento, insistiram para que a colega abrisse a porta batendo fortemente e chamando por ela, quando escutaram um tiro.
Thalles Fonseca arrombou a porta. Os colegas a encontraram ainda agonizando com a marca de um tiro na cabeça e a arma do crime ao lado do corpo. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, com profissionais chegando a fazer massagem cardíaca na tentativa de reabilitação da jovem jurista, sem sucesso. A promotora foi a óbito ainda no local.
O procurador-geral do Ministério Público Estadual (MPE), Oswaldo D’Albuquerque, descreveu a promotora como sensível, correta e dedicada à profissão.
“Somente Deus pode trazer conforto aos amigos e à família neste momento de dor. Perdemos uma colega dedicada e comprometida com o trabalho”, falou o procurador abatido pela trágica morte da colega.
Suspensão dos atendimentos
O Ministério Público do Estado do Acre (MPE/AC) está oficialmente em luto. O anúncio foi feito na manhã desta segunda-feira, 30, pela Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) do órgão. Além disso, o departamento superior do MPE confirmou a suspensão do expediente em todos os prédios da instituição durante todo o dia. Os serviços ocorrerão apenas sob regime de plantão.
Nicole Gonzalez Colombo Arnoldi atuou em casos de repercussão nacional como o da Telexfree
Nicole ingressou na carreira de promotora no MP do Acre em dezembro de 2009 e foi uma das responsáveis pelo bloqueio das contas e encerramento das atividades da Telexfree no Brasil, caso que teve repercussão internacional.
Em uma das ocasiões, a promotora falou que existem empresas de marketing multinível já consolidadas no mercado como a Herbalife, Mary Kay e Tupperware. “Elas trabalham com esse sistema. No caso da Telexfree, o interesse não é vender os produtos, mas recrutar novas pessoas”, explicou a promotora de justiça Nicole Gonzalez.
Em 2013, a promotora foi a responsável por anunciar o bloqueio dos pagamentos e novas adesões à Telexfree. “Se não tivesse sido bloqueada, a gente não sabe nem estimar quantas pessoas teriam sido lesadas”, falou em setembro deste ano.
Suspeita de operar uma pirâmide financeira, a Telexfree teve as atividades bloqueadas em todo o Brasil, em 18 de junho de 2013. Somente no Acre, estima-se que 70 mil pessoas participaram do negócio, conhecido como marketing multinível. O valor do montante bloqueado não foi divulgado pela Justiça.
Atualmente, ela era responsável pela promotoria do município de Bujari. Anteriormente atuou na Promotoria de Tarauacá (2002).
Outro caso mais recente que a promotora estava atuando foi o do assassinato de Lucimar Bezerra, 33 anos, morto a facadas dentro da delegacia do Bujari. Ele era suspeito de matar Jardineis da Silva, de 25 anos, e a filha dela, de seis meses, na comunidade Boa Esperança, na BR-364, zona rural de Rio Branco. O linchamento e morte do acusado ocorreu no último dia 18 de novembro.
Repercussão nas redes sociais
A morte da promotora caiu como uma bomba nas redes sociais. Enquanto alguns internautas lamentavam a tragédia. Outros, prejudicados com a decisão da promotora no caso Telexfree, utilizaram as redes sociais para comemorar a morte de Nicole.
Um dos comentários mais fortes relacionados à morte da promotora foi postado pelo internauta Carlos Alexandre Bessa.
“Na minha opinião essa promotora teve o que mereceu. Quantas pessoas não tirou a própria vida? Quantas pessoas foram ameaçadas de morte? Tudo por causa de indícios que nunca foi provado, isso ninguém fala. Não gosto de ver o mal dos outros mais nesse caso eu abro uma exceção. Agora só falta o resto da mafia do MP-Acre e ajuíza (sic)”.
Outra postagem que deu o que falar foi a selfie realizada durante o velório. Muitos usuários repudiaram a atitude do internauta de publicar a imagem em que no fundo está o caixão da promotora.
Nota MPE/AC
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ACRE – MPAC e a ASSOCIAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ACRE – AMPAC manifestam profundo pesar pelo falecimento da Promotora de Justiça, NICOLE GONZALEZ COLOMBO ARNOLDI, ocorrido neste domingo, 29 denovembro.
A Promotora tinha 35 anos, ingressou no Ministério Público no dia 1º de dezembro de 2009 e desempenhava suas funções na Promotoria de Justiça Cumulativa de Bujari, neste Estado. Com um atuar delineado pelo mais puro senso de justiça, a Promotora Nicole Gonzalez, deixa indelevelmente marcada sua passagem pelo Ministério Público acreano, por meio de sua firmeza, clareza de propósitos e compromisso consigo e com a população, tendo conduzido de forma exemplar sua atividade institucional, sobretudo, nos processos em que foi chamada a atuar, concorrendo para a distribuição da justiça.
O Procurador-Geral de Justiça, Oswaldo D’Albuquerque Lima Neto, e o Presidente da AMPAC, Francisco José Maia Guedes lamentam profundamente a perda repentina de uma das mais ilustres membros da Instituição, tendo sido determinado, pelo Chefe da Instituição, luto oficial por três dias, em todo o Ministério Público acreano.
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Governo emite nota pelo falecimento de promotora
O governo do Estado, por intermédio da chefe da Casa Civil, Márcia Regina Pereira, expressa profundo pesar pelo falecimento da promotora de Justiça Nicole Gonzales Colombo Arnoldi, neste domingo, 29, em Rio Branco.
Nicole Arnoldi trabalhava no Ministério Público do Estado (MPAC) há cerca de seis anos. Atualmente, desempenhava suas funções na Promotoria de Justiça de Bujari.
Neste momento de dor, a equipe do governo do Estado se solidariza e pede a Deus que console a família e os amigos enlutados.
Márcia Regina Pereira
Chefe da Casa Civil
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Nota de Pesar APEAC
A Associação dos Procuradores do Estado do Acre – APEAC, em nome de seus associados, expressa profundo pesar pelo falecimento da Promotora de Justiça Nicole Gonzales Colombo Arnoldi, neste domingo, 29, em Rio Branco, solidarizando-se neste momento de tristeza a seus familiares e amigos.
Érico Maurício Pires Barboza
Presidente da APEAC
