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O pessimismo de Eclesiastes Vs. Espírito Natalino

No presente momento da vida   brasileira, notadamente da  vida política partidária em que pontifica o grotesco, a mediocridade de pensamento e, a ausência de homens e mulheres com perfil de estadistas. Diga-se a propósito, classe política, onde se revela na essência aquela máxima de que o homem é um ser radicalmente corrompido, governado pela concupiscência, desejos e apetites da carne. Em outras palavras: vaidade que tudo corrompe, em tudo penetra e a tudo reduz a um irremediável domínio das paixões viciosas.

Neste tempo em que as paixões viciosas transformam o mundo em caos total, em desordem e insegurança completa. Em que desordens públicas acontecem em vários pontos do planeta, quase todos os dias. A liberdade tornou-se licenciosidade. A lei moral está em perigo de ser abandonada até pelos tribunais. As ruas de nossas cidades se transformaram em selvas de terrorismo, assaltos, estupros e morte.

Circunstância terrível, que à luz do Eclesiastes, mesmo crescendo os bens de consumo “cresce o número de bocas”. Situação que expõe e antecipa a teoria de Thomas Malthus (1766-1834) sobre a explosão demográfica e o conseqüente consumismo sem limites o  isto é: nada satisfaz ou satisfará o homem, já que o homem não se agrada com nada, muito menos com as ilusões do futuro, sejam do presente, sejam do futuro, pois  homem é o único animal que nunca está plenamente satisfeito.

No Eclesiastes o problema da existência do homem é vista pelo prisma pessimista: “Vi as opressões que se fazem debaixo do sol: vi lágrimas dos que foram oprimidos, sem que ninguém os consolasse; vi a violência na mão dos opressores, sem que ninguém confortasse os oprimidos. Pelo que tenho por mais felizes os que já morreram muito mais do que os que ainda vivem”.

Em geral o Eclesiastes sente que a vida é coisa triste, e não vale a pena ser vivida; não passa de uma agitação em círculo e sem mira, e sem resultado, pois termina onde começa; uma luta estéril, em que nada é certo, salvo a derrota.

Outro campo dessa agonia e labuta humana, vista pela ótica do Eclesiastes, é o da vaidade do homem: “Empreendi grandes obras, edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas. Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie. Fiz para mim açudes, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores.  Comprei servos e servas e tive servos nascidos em casa, também possui bois e ovelhas, além do que possuíram todos os que antes de mim viveram. Amontoei também para mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias;  provi-me das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres. Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas.   Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol”.

Contudo, quando tudo parece sem solução, quando a tendência é ver tudo pelo lado negativo, quando só se enxerga a supremacia do mal sobre o bem, nesse cenário internacional moderno de pessimismo total, com seus problemas de super população, crimes, racismo, drogas, crises econômicas, guerra, pobreza e  fome, eis que surge o mês de dezembro com seu otimismo natalino e perspectiva de um ano novo melhor, e nos alcança com uma mensagem de paz, de solidariedade, de esperança; dando-nos uma chance de recomeçar a partir da escuridão em que estamos metidos.

Então, que venha o espírito natalino, e nos livre do sentimento de só avistar males no presente século; a alegrar a todos nós com estímulo de felicidade, bonança, prosperidade e poder de solução; arrefecendo os ânimos irritados dos homens e mulheres violentos; alcançando com a paz todas as cidades deste mundo caótico.

*Pesquisador  Bibliográfico em Humanidades.
E-mail: assisprof@yahoo.com.br

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