No Brasil, segundo dados do IBGE (2013), a população com mais de 60 anos alcança a cifra de 58,4 milhões. E entre os anos de 2020 e 2025, o Brasil terá, em termos absolutos, a sexta população de idosos do mundo. É um dado importante que deve ser olhado com atenção. A população brasileira está envelhecendo. E, assim sendo, políticas devem ser implementadas para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas que estão na “bela idade”. E de acordo com Duarte (1999), cronologicamente, chama-se de terceira idade a faixa etária em torno dos 65 anos, aproximadamente.
A cidade de Rio Branco, no Acre, possui um elevado número de idosos. Maioria deles não tem quase nada para fazer, vivem em casa esperando “a morte chegar”. Sentem-se inúteis e incapazes de ‘aproveitar’ a vida. Assim se acomodam ‘nas doenças’ e levam os dias “como Deus quer”, assim dizem.
Outros sentem a vibração da vida, anseiam por uma atividade útil, um trabalho complementar e também atividades sociais. É destas últimas trata o presente artigo. O que fazem os idosos na cidade de Rio Branco? Eles não têm quase nada para fazer, exceto ficar em casa a esperar “o tal dia”. Com isso ficam deprimidos e são acometidos por muitas doenças. Mas muitos males poderiam ser evitados se a essa camada populacional o governo destinasse uma política generosa, como a oferta de lazer, a exemplos de outros lugares do mundo onde o idoso recebe toda a atenção e carinho.
Está comprovado, cientificamente, que a dança pode fazer, segundo Guimarães, Simas e Farias (2003), a interação entre o sujeito e o mundo, numa autonomia de movimentos, considerando que a dança desenvolve a criatividade, a independência e a liberdade. A dança proporciona saúde, vitalidade, bem-estar às pessoas.
Para Garaudy (1980), na dança o ser humano une coração, corpo e espírito. Além disso, o autor assegura que a dança não age apenas como forma de expressão, mas também como um modo de viver, sendo uma das principais atividades indicadas para a melhoria ou manutenção da qualidade de vida do ser humano da atualidade.
Segundo Nanni (1998), Laban (1990) e Brikman (1989), através da dança a pessoa pode aperfeiçoar qualidades físicas, atributos sociais, morais e éticos. A dança trabalha a memória, a atenção, o raciocínio, a imaginação, a criatividade, além de inúmeros benefícios para a saúde. Dentre os principais benefícios trazidos pela dança estão: benefícios cardiovasculares; melhoria da expressão corporal; desinibição; autoconhecimento; melhoria na autoestima; estimulação da circulação sanguínea; melhoria da comunicação; melhoria da capacidade respiratória; proporciona noção espacial, consciência corporal, alegria; melhoria das relações interpessoais; desenvolve o raciocínio abstrato; auxilia na compreensão de culturas; reduz a ansiedade e o estresse, liberando tensões; reduz o sedentarismo; engloba conceitos e procedimentos como área de conhecimento e pesquisa; auxilia na saúde mental; aumenta o ciclo de relacionamento; melhoria nos campos social, emocional e cognitivo; estimula a espontaneidade e criatividade.
De modo geral, a atividade física para o idoso ajuda a evitar a atrofia muscular, favorece a mobilidade articular, evita a descalcificação óssea, torna mais efetiva a contração cardíaca, diminui o perigo de enfarte do miocárdio, aumenta a capacidade respiratória, melhora a vida sexual, previne a obesidade, diminui o risco de trombose, ajuda no equilíbrio psicoafetivo, melhora a disposição, entre outras (PAZ, 1990. p. 29).
A dança, vista como atividade física, ajudará o idoso a sair do isolamento provocado pela aposentadoria; contribui para a independência social; melhora o estado geral do indivíduo, prevenindo, com a regularidade da atividade, possíveis doenças.
Diante de tudo que dizem os estudiosos, fica evidente os benefícios que proporciona a dança aos idosos. E, aqui em Rio Branco, onde dançam os idosos? Eles frequentam uma casa tradicional denominada SBORBA, que foi reformada pelo governo e está localizada ali perto do SEBRAE, Centro da cidade. O local é limpo, as pessoas bem educadas, a música é boa, mas a temperatura é insuportável. O espaço não é climatizada. Os idosos passam as tardes de domingo sob um calor escaldante, embalados pelo desejo de ter um pouco de lazer e sentir que estão vivos. Mas falta-lhes energia para resistir ao clima de 38, 39, 40 graus. É triste observar um grupo que varia de 60 a 80 pessoas espremidas num local de alta temperatura. Eles merecem um espaço climatizado. Não serão todos os dias, somente aos sábados e domingos pela tarde.
Indagado o Sr. Áureo (Administrador) pela ausência de climatização no espaço dançante, ele, com tristeza, responde: o preço que as pessoas pagam (5,00) não é suficiente para pagar as despesas de energia. Em função da resposta resolvi escrever esse artigo e fazer um apelo ao Governo do Estado do Acre: Dr. Sebastião Viana, ilustre governador, meu confrade da Academia Acreana de Letras, climatize esse único espaço de lazer que têm os idosos de Rio Branco, tornando-o mais agradável para uma população que ajudou a construir o Acre de hoje. Isso significa investir na saúde dessa gente da “bela idade” que honra o nosso Estado. Aguardamos a Vossa visita no próximo domingo. Venha abraçar e ser abraçado por essas pessoas carinhosas que amam o Acre e cultivam a esperança no Vosso Governo. Que venham mais quatro anos!
DICAS DE GRAMÁTICA
A Gramática possui alguma regra sem exceção, professora?
– Sim, possui. Exemplo: sempre se acentuam as palavras paroxítonas terminadas em i e is, em u e us, em ã e ãs, e em ão e ãos. Exemplos: jóquei e beribéri, grátis e lápis, bônus e Vênus, órfã(s) e ímã(s), órgão(s) e bênção(s).
* Luísa Galvão Lessa Karlberg IWA– É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Mestra em Língua Portuguesa pela Universidade Federal Fluminense – UFF; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras; Membro perene da International Writers end Artists Association – IWA; Coordenadora da Pós-Graduação em Língua Portuguesa – Campus Floresta; Pesquisadora DCR do CNPq.