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Complexo Agroindustrial Dom Porquito promete consolidar a cadeia de suinocultura do Acre

Complexo industrial promete transformar o Estado em uma potencial em suínos

O Acre tem mais uma meta ousada no setor produtivo: ser a maior empresa exportadora de carne suína no Norte Ocidental. Para isso, foi consolidada mais uma parceria público-privado-comunitária na região do Alto Acre, o que proporcionou a criação do Complexo Agroindustrial de Suinocultura Dom Porquito S/A.

Para se entender a importância desse empreendimento para a economia do Estado, é necessário conhecê-lo mais detalhadamente. Em linhas gerais, a Dom Porquito, que fica localizado na Rodovia do Pacífico, BR-317, em Brasileia, foi criada em 2012 com o objetivo de abastecer o mercado local e também garantir o atendimento da demanda do mercado internacional.

O projeto está inserido no Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre e orçado em R$ 26 milhões, com capacidade inicial para abater até 250 animais diariamente. As atividades envolvem a produção, engorda e terminação de suínos – que, diga-se de passagem, nascem com o selo de uma das maiores detentoras de tecnologia de produção animal para suínos: a Agroceres Pic.

Com base na produção familiar, a Dom Porquito envolve no projeto de suinocultura 55 produtores, que possuem galpões para a engorda dos animais. Os galpões foram entregues pelo Governo do Acre e os equipamentos financiados pelos próprios produtores.

Embora tenha sido inaugurada na última segunda-feira, 30, a empresa já funciona experimentalmente, com uma unidade de produção de leitões com capacidade para 2 mil matrizes. A meta é de atingir 6 mil em médio prazo – e com o frigorífico com capacidade para abater 1.600 animais por dia.

Já estão em operação 55 unidades de terminação de suínos por meio de pequenos produtores rurais. Para consolidar essa parceria público-privada-comunitária, a Dom Porquito faz a entrega de lotes de suínos com cerca de 22 quilos, cada animal. O produtor deve devolvê-los quando alcançarem em média 120 quilos, prontos para o abate.

A empresa possui uma granja referência, com capacidade de alojamento para 500 suínos por ciclo de engorda de 90 dias. A meta é chegar a 100 produtores integrados, que vão suprir a unidade industrial para abate de 800 animais/dia.

Fábrica fica localizada na BR-317, em Brasileia

Gerando emprego e renda

Indústria hoje emprega 300 pessoas, mas no futuro a meta é de ter mil funcionários

Considerado pela Associação Brasileira de Suínos o mais moderno em tecnologia do Brasil, o frigorífico Dom Porquito inicia suas atividades gerando 300 empregos diretos, podendo, futuramente, oferecer mais de 1 mil vagas, envolvendo indiretamente cerca de 5 mil famílias.

Em média, serão viabilizados cerca de 350 a 500 toneladas de produtos por mês. Isso significa dizer que serão comercializados de 3.500 a 6 mil dólares por tonelada. A Dom Porquito possui, atualmente, 2.400 matrizes e pretende, até maio de 2016, chegar a 4.400 matrizes em produção.

O foco do empreendimento não é apenas ofertar a carne suína no mercado nacional, mas, principalmente, internacional. A indústria já tem contratos fechados com Hong Kong, Peru, Bolívia e Vietnã. Além disso, contatos e prospecção de negócios estão sendo feitos com a China, Coreia do Sul, Cuba e Rússia. A mercadoria será exportada por meio da BR-317, a Rodovia Transoceânica.

Ao todo, a parceria Dom Porquito manterá as atividades de produção e comercialização de leitões e cevados terminados, fabricação de ração, abate, processamento, industrialização, transporte e comercialização de suínos.

Os principais produtos são carcaça inteira, costela, picanha, pernil, paleta, recortes, linguiças tipo frescal, presunto, bacons, salgados, mortadelas, linguiças cozidas defumadas. Os insumos são o milho, farelo de soja, óleo de gordura animal, farinha de carne animal, fécula de mandioca.

A fabricação atual de embutidos é de 2,8 toneladas/ano da marca Sabbor. São produtos como mortadela, mortadela light, salsichão, apresuntado e linguiça, entre outros.

Etapas do processo produtivo

Processo de produção da fábrica é rápido e eficiente e não vai exigir grandes esforços físicos dos operários

O diretor técnico da empresa Dom Porquito, Alder Costa Cruz, explica detalhadamente como funcionará o Complexo de Suinocultura. De acordo com ele, o empreendimento possui o que há de mais moderno no mundo.

“Buscamos ao longo desses anos trazer o que tinha de melhor não só no Brasil, como no mundo. Temos a melhor tecnologia para abate e processamento de carne suína. Conseguimos colocar aqui tudo de tecnologia avançada que as grandes empresas até o momento não se interessaram”, frisou.

Alder salienta que tudo começa com a engorda do suíno. O produtor recebe o porco com cerca de 22 quilos, cada animal. Depois de um ciclo de 90 dias, o produtor o devolve pesando em média 120 quilos. Com isso, o animal já está pronto para o abate.

Os animais chegam vivos ao complexo. Até terem a carne apta à comercialização, os animais passam por três fases: zona suja, zona limpa e câmara de resfriamento.

O diretor técnico da Dom Porquito explica que na primeira etapa o suíno é conduzido a uma cabine de atordoamento. Ele recebe um choque e na sequência vai para a mesa de sangria. Depois de sangrado, o suíno é pendurado na nória de transporte, a fim de receber uma ducha d’ água e também ser levado para uma escaldadeira.

Através de um raio infravermelho é possível identificar o tamanho do suíno e, assim, calcular a temperatura exata da água para a retirada dos pêlos do animal. “Esse equipamento foi adquirido aqui mesmo no país, na empresa Sumaque. Ela fornece os equipamentos para a líder mundial na comercialização de carne suína, localizada na Alemanha”, disse.

Cruz destaca que nenhum esforço físico é realizado para efetuar este trabalho. “Buscamos tecnologia para que houvesse o menor contato e esforço físico com o suíno”.

Após a retirada dos pêlos, é feita uma nova inspeção. “Caso necessário, será utilizado um maçarico para flambar a pele do suíno e, assim, retirar completamente todos os pêlos daquele animal, através de um equipamento chamado de chamuscador”, disse.

Por fim, são retiradas as vísceras do animal. “O final da primeira etapa acontece quando da retirada das vísceras do suíno. Após isso, ele recebe uma nova ducha e na sequência tem-se início a segunda fase, classificada como zona limpa”.

Alder salienta que cada fase possui os funcionários próprios, o que proporciona um ambiente limpo e isento de contaminação ao suíno.

Saindo do chuveiro, o animal é direcionado à zona de abate. Nessa etapa, ocorre o corte ao suíno. “Vamos abri-lo ao meio e retirar todas as vísceras”, disse, ao lembrar que a todo o momento ocorrem inspeções sanitárias para verificar a qualidade da carne.

Cada parte do suíno possui uma plataforma própria. “Cada atividade nessa etapa tem uma plataforma específica. Uma para a abertura da barriga, outra para desprender os rins, outra separa as vísceras da carcaça, enfim”.

Alder relembra que o complexo é estruturado com uma tecnologia móvel para evitar que os funcionários tenham qualquer tipo de esforço físico. “Os equipamentos são pantográficas e hidráulicas. Isso nos permite, de acordo com o tamanho da pessoa, regular a máquina para evitar esforços”.

Após a retirada das vísceras, ocorre uma inspeção as partes do suíno. Eles são separados por vísceras brancas (tripas) e vermelhas (rins, coração). Isso ocorre para saber se existe alguma contaminação no animal.

Se aprovado, depois da inspeção, o suíno é cortado ao meio. “Cada banda vai para seu respectivo setor”, disse Alder ao afirmar ainda que no caso de ser identificada alguma doença, o suíno é descartado.

“Ocorre uma nova inspeção, mais rigorosa e ele é direcionado para ser transformado em ração. Tudo é 100% aproveitado”.

Começa, a partir deste momento, à terceira fase, a da câmara de resfriamento. “Separada as bandas, o suíno é encaminhado para o resfriamento e por lá fica 12 horas”.

A ação seguinte é o desossamento. Conforme a produção, existe o procedimento correto. O suíno poderá ser vendido inteiro ou em banda.

“Retira-se as paletas dianteiras e na sequência segue para a mesa de desossa. Sem a paleta, o porco vai para o disco de corte, onde se separa as partes (costela, barriga e pernil)”.

Por fim, eles são limpos mais uma vez e depois rumam para serem embalados. Em seguida, serão carregados nos caminhões de transporte para serem comercializados.

O processo de produção do frigorífico é bem complexo, apesar de ser rápido e eficiente. Mas o ponto principal que Alder Costa, diretor técnico do Complexo Dom Porquito, ressalta é a preocupação constante com o padrão de qualidade da carne produzida. “A finalidade será assegurar a saúde alimentar ao consumidor”, disse.

Carne da Dom Porquito primará pela saúde alimentar

(FOTOS: SECOM /ACRE)

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