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Vagas temporárias: comércio oferece, mas a mão de obra é que está em falta, apontam comerciantes

Número de ofertas de vagas temporárias sofreu uma queda em relação ao ano passado. (Foto: Bruna Lopes/ A GAZETA)
Número de ofertas de vagas temporárias sofreu uma queda em relação ao ano passado. (Foto: Bruna Lopes/ A GAZETA)

Crise. Desemprego. Essas palavras, definitivamente, entraram para o vocabulário dos brasileiros. Mas, basta dar uma volta no comércio popular do Centro de Rio Branco para perceber que as vagas temporárias de emprego, além da possibilidade de renda extra, uma oportunidade para o primeiro emprego ou para a recolocação no mercado de trabalho, ignoram qualquer expectativa de anormalidade econômica.

Segundo o gerente de uma loja de confecção em Rio Branco, Jaime Lima, apesar da placa com os dizeres ‘Precisa-se de Vendedores’ estar há mais de uma semana exposta, foram poucos os candidatos que se habilitaram para ocupar as vagas.

“Apesar do momento econômico, vamos fazer sim as contratações temporárias, mas em número menor se comparado com o ano passado. Mesmo assim, percebo que as pessoas têm pouco interesse na função. Não sei se isso ocorre pela forma de pagamento ou a carga horária de trabalho. Uma moça veio fazer a entrevista, disse que ia voltar e não voltou. Liguei para outras duas que deixaram o currículo aqui e até agora não apareceram”, detalhou o gerente.

A expectativa é que o movimento melhore ainda mais a partir do próximo dia 15, aponta o gerente de outra loja, João Souza. “O início deste mês já melhorou. Se conseguirmos em 2015 chegar aos números do ano passado, já será lucro”, declarou.

O gerente de uma loja de calçados, José Maria Silva, explica que mais da metade dos colaboradores do estabelecimento são temporários e, por isso, após esse período de festas, a tendência é que, dependendo do desempenho, alguns sejam contratados, planeja o gerente.

Os empresários devem ficar atentos também à questão dos direitos dos trabalhadores temporários. Eles possuem os mesmos direitos de um funcionário comum. “Esses funcionários só não têm direito a aviso prévio. Mas férias, décimo terceiro e outros direitos sim. A diferença é que eles têm um prazo determinado para iniciar e terminar. A vantagem do emprego temporário é que o empregador pode avaliar melhor o empregado. Os contratos podem ser feitos de sessenta ou noventa dias”, alerta o superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego do Acre, Manoel Neto.

“Há dois anos comecei a trabalhar aproveitando uma vaga temporária, depois me efetivaram”, afirma Thayna Lessa
Há dois anos, Thayna Lessa, 26, realizou uma verdadeira peregrinação para deixar o currículo em vários estabelecimentos comerciais, na tentativa de entrar para o mercado de trabalho, mesmo que fosse ocupando uma vaga temporária.

Ela lembra que em dezembro começou a trabalhar numa franquia de semijoias, como vendedora. “A princípio era para ficar durante o período das festas de final de ano, momento em que as vendas aumentam bastante. Para minha surpresa, em janeiro fui efetivada. Fiquei por dois anos lá”, recorda Thayna.

Hoje ela se dedica ao próprio negócio, mas planeja aproveitar o período festivo de 2015 para tirar uma renda extra. “Semana que vem vou começar a distribuir currículos. Quem sabe encontre algo legal”.

Sobre as desvantagens desse trabalho, Thayna destaca que a carga horária imposta pelo comércio é desgastante. “No shopping, por exemplo, a pessoa trabalha de domingo a domingo, por seis horas seguidas, com intervalo de lanche de 15 minutos. Tem gente que não se adapta”, comentou.

A ex-vendedora explica que 2015 está sendo melhor que 2013, quando conquistou a efetivação a partir de uma vaga temporária. “Já fiz umas pesquisas. Apesar desse momento delicado da economia, as oportunidades estão aí. Basta procurar”.

Para Victor Melo, 18 anos, o mercado não está tão disponível assim. “A maioria das ofertas de emprego, mesmo que temporária, exige experiência e eu ainda não tenho. Outros locais ainda aguardam o aumento do movimento, previsto para a partir do próximo dia 15, para realizar as contratações”, destacou o jovem.

Dicas para ter mais chance de efetivação a partir do trabalho temporário

* Comprometimento com aquilo que fizer
Todo chefe preza um funcionário comprometido. Seja com o alcance de metas do mês ou com qualquer outro detalhe.

* Atenção aos detalhes
Em um período curto, que é o de um trabalho temporário, a atenção aos detalhes que podem beneficiar a empresa é essencial. Qualquer coisa que você perceber que pode ajudar a empresa para a qual está trabalhando pode ser sugerida para seu superior.

* Pró-ação
Ser proativo não quer dizer que você deve sair fazendo tudo o que achar que deve. Mas corra atrás daquilo que você julga eficiente e que pode beneficiar a empresa.

* Organização
É fundamental para qualquer emprego, seja ele temporário ou não. Mantenha tudo aquilo que tiver de fazer organizado. Não se comprometa a fazer mais do que sabe que é capaz, pois caso você não cumpra com alguma tarefa “extra”, seu superior pode achar que você não é um profissional tão competente quanto ele imaginava para aquela vaga.

* Resultados
Se os resultados forem favoráveis à empresa, as chances de seu superior te contratar são maiores. Por isso, se você possui metas de vendas, por exemplo, se esforce ao máximo para cumpri-las (e quem sabe superá-las).

* Bom relacionamento com clientes e demais funcionários
Quem acha que um sorriso não vende está enganado. Se você trabalha com vendas então, melhor ainda. Afinal, você vai preferir comprar um produto com um vendedor estressado ou com um de bem com a vida? O mesmo vale para o relacionamento com os demais funcionários (incluindo seu superior). Seu superior não vai contratar ninguém estressado para desanimar o restante da equipe.

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