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Gentílico acreano deve integrar armas e brasões do Acre

bandeira do Acre
As armas e brasões do Estado do Acre: Bandeira Acreana, Hino Acreano, Selo Acreano,  Gentílico “Acreano”. (Deveria ser assim) Temos, como lema presente na borda do brasão, Nec Luceo Pluribus Impar, significa “Não brilho diferente dos outros”. Isso significa dizer que temos, como todas as gentes do mundo, tradições, usos, costumes. Temos, igualmente, um gentílico que, agora, um Acordo Ortográfico, entre alguns países da lusofonia, quer nos tirar. Portugal, na maior parte, rejeita o Acordo (o povo português). Todavia, é salutar dizer, de antemão, o seguinte: o mencionado ACORDO é Ortográfico, não é Morfológico. Gentílico é campo da morfologia, não é assunto de ortografia.

Com isso eu desejo traduzir que o gentílico acreano faz parte de nossas vidas, marca a nossa identidade regional. Não pode subjugar-se aos efeitos de atos normativos emanados de qualquer acordo que não brote da vontade popular. Acreano é mais do que um gentílico, é a própria alma e vida do povo desse extremo Oeste do Brasil.

A língua é a mais extraordinária engrenagem por onde circula a cultura e a tradição. A relação entre elas é de profunda intimidade. E acreano, uma criação espontânea, ao longo de 137 anos, consagrou-se pelo uso. Não interessa se contraria alguma regra, pois nenhuma regra é imutável no campo da linguagem. E o próprio Acordo Ortográfico está recheado de exemplos, ora respeitando a tradição do português europeu, ora assegurando o cânone brasileiro. Esses arranjos todos estão ali para dizer que a língua, assim como a vida, quer palpitar, crescer, tornar-se flexível e colorida, expandir-se, enfim, viver. E nós optamos, elegemos, há 137 anos, o gentílico acreano.

Ademais, esse Acordo Ortográfico tem odor de ato colonial, sem consulta ao povo, aos professores e demais profissionais que trabalham a língua portuguesa. Além do mais, duvido que Portugal e países africanos de língua portuguesa cumpram esse malfadado acordo. A Lusofonia só existe, de fato, por meio das relações humanas que são mais importantes, elas é que vão determinar a unidade linguística. Em Angola, por exemplo, somente 10% da população fala português. Como obrigar os demais falantes? Isso tudo é uma utopia em pleno século XXI. Eu, sinceramente, estou cansada desse desrespeito.

Lembro, também, que Tradição é uma palavra com origem latina traditio, que significa “entregar” ou “passar adiante”. A tradição é a transmissão de costumes, comportamentos, memórias, rumores, crenças, lendas, para pessoas de uma comunidade, sendo que os elementos transmitidos passam a fazer parte da cultura, como é o caso do gentílico ACREANO, que existe há 137 anos, desde 1878, e vem sendo consolidado a cada geração. Isso não é brincadeira.

Também, devo dizer que o gentílico acreano já se estabeleceu como tradição. E como se estabelece uma tradição? Ela se estabelece com bastante tempo de uso, prática, costume, igualmente uma religião. Não é necessário que alguém prove ser assim, porque já se fez assim ao longo da história.

Igualmente, diferentes culturas e mesmo diferentes famílias possuem tradições distintas. Algumas celebrações e festas (religiosas ou não) fazem parte da tradição de uma sociedade. Muitas vezes certos indivíduos seguem uma determinada tradição sem sequer pensarem no verdadeiro significado da tradição em questão.
No âmbito da etnografia, a tradição revela um conjunto de costumes, crenças, práticas, doutrinas, leis, que são transmitidos de geração em geração e que permitem a continuidade de uma cultura ou de um sistema social.

No contexto do Direito, tradição consiste na entrega real de uma coisa para efeitos da transmissão contratual da sua propriedade ou da sua posse entre pessoas vivas. A si-tuação jurídica resulta de uma situação de fato: a entrega que nos foi dada, construída do gentílico ACREANO. Uma tradição não é somente material, ela é, sobretudo, simbólica.

Nas religiões, a tradição é o fundamento, conservado de forma oral ou escrita, dos seus conhecimentos acerca de Deus e do Mundo, dos preceitos culturais ou éticos. Portanto, faço, aqui, mais um apelo aos brios do povo do ACRE: PRESERVEM O GENTÍLICO ACREANO. Que o Governador do Estado, por Decreto ou Resolução,  inclua, como arma e brasão do Estado do Acre o nosso gentílico histórico. Acaba-se, assim, de vez, essa controvérsia, e legitima-se, por Decreto o que a população consagrou há 137 anos, o gentílico que nenhum acordo pode mexer. A verdade dispensa enfeites. – Veritatis simplex oratio.

DICAS DE GRAMÁTICA

Uso de “TÃO POUCO” ou “TAMPOUCO”
TÃO POUCO é o mesmo que “muito pouco”, como no exemplo: Professor ganha tão pouco que não dá nem para o cafezinho da tarde.
TAMPOUCO é o mesmo que “também não”, como no exemplo: Não comi a salada tampouco a sobremesa.
Uso de “TODO” ou “TODO O”
TODO indica “qualquer”, como na frase “Todo homem gosta de futebol”; ou é o mesmo que “muito”, como no exemplo “Fiquei todo molhando andando na chuva”
TODO O significa “inteiro” ou “total”, e pode ser observado no exemplo “Todo o jantar foi servido e consumido”

Luisa Karlberg – É membro da Academia Acreana de Letras; Membro Fundadora da Academia dos Poetas do Acre; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da International Writers and Artists Association (IWA), sediada na cidade de Toledo, Ohio, USA. Coordenadora da Pós-Graduação em Língua Portuguesa (Campus Floresta (2011-2018); Orientadora de Pós-Graduação em nível de Mestrado e Doutorado; Orientadora de Pós-Graduação Lato Sensu; Orientadora de bolsistas PIBIC (Campus Floresta – UFAC); Pesquisadora DCR do CNPq (2015-2018). Grã-Chancelar da medalha J.G. de Araújo Jorge, pela Academia Juvenil Acreana de Letras; Embaixadora da Poesia pela Casa Casimiro de Abreu.

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