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Incra afirma que não beneficia funcionários públicos com assentamentos no Acre

Incra afirma que não beneficia funcionários públicos com assentamentos no Acre

 Uma reportagem exibida pelo Fantástico neste domingo, 3, denunciou a distribuição irregular de lotes destinados à reforma agrária. Entre os beneficiários ilegais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foi citado que servidores municipais, estaduais, federais, inclusive o procurador de Justiça Willians João Silva, estariam sendo beneficiados irregularmente.

A propriedade do procurador, identificada como fazenda São Luís, fica a 30 quilômetros de Rio Branco, na BR-317, e é equivalente a 400 campos de futebol. Segundo o superintendente do Incra no Acre, Márcio Alécio, o instituto não beneficia servidores públicos municipais, estaduais ou federais.

“O Incra não assenta em hipótese nenhuma servidor público, políticos ou algo nesse sentido. O que acontece como em qualquer outro processo é a negociação, os contratos de gaveta, que são as ocupações irregulares”, afirmou Alécio.

O superintendente destaca que esse não é um caso isolado, mas que o Incra trabalha rotineiramente em ações de fiscalização, além de campanhas de conscientização. Contudo, o sistema falho e o efetivo de funcionários reduzidos colaboram para que algumas anormalidades demorem a ser detectadas.

“São vários fatores que colaboram. Mas, nós temos que entender que nós temos 33 mil famílias assentadas, mais de 150 projetos de assentamentos em todo o Acre, com um número um pouco maior que 200 servidores para tomar conta de tudo. Então, não temos condições de diariamente estar fiscalizando lote por lote”, explicou Alécio.

O superintendente destaca que a Controladoria Geral da União (CGU) informou que 92% dos beneficiários da reforma agrária estão assentados regularmente. “São trabalhadores regularizados. Esses casos são uma minoria dentro dos assentamentos. Ninguém assenta essas pessoas. Normalmente as pessoas evoluem com o decorrer do tempo”, acrescentou.

A analista de Reforma e Desenvolvimento Agrário, Cristiane Feitosa, explica que a CGU identificou em 2008 a irregularidade do atual procurador. Mas, devido à decadência administrativa e o não uso da má fé ele passou por essa seleção.

“O que nós sabemos é que ele era posseiro da área antes do Incra desapropriar, mas ele não entrou com uso capitão. Então, quando o Incra desapropriou foi feito um acordo e, na época, como ele não podia ficar com os lotes, foi feita a regularização da área em nome dos filhos. O que ocorre hoje, que os lotes dele podem ser retomados, é que está havendo reconcentração. Ficamos sabendo através da denúncia que a mulher dele comprou o lote de outras pessoas. Além de eles não residirem lá, esses são motivos que podem ser retomados. Lembrando que isso pode acontecer com qualquer beneficiário”, detalhou a analista.

MP/AC apura conduta de procurador

Por meio de nota, o procurador-geral de Justiça do Acre, Oswaldo D’Albuquerque Lima Neto, pronunciou-se sobre a investigação que a CGU está fazendo. Ele afirma que todas as providências que cabiam ao Ministério Público do Estado do Acre (MP/AC) tomar foram adotadas, entre elas, o ingresso de ação criminal em face do procurador de Justiça junto ao Tribunal de Justiça do Acre.

Ainda de acordo com a nota, foi instaurado procedimento disciplinar pela Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado do Acre para apurar a conduta do procurador. Tal procedimento está tramitando no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O procurador-geral afirma que não cabe ao MP Estadual adotar as providencias legais relativas ao cancelamento da eventual aquisição ilegal.

 

 

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