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Previsões para 2016

“Aperto financeiro”, fala economista sobre 2016

O novo ano chegou e com ele muitas expectativas. Após um 2015 muito difícil do ponto de vista econômico, o acreano, apesar de otimista, permanece com um “pé atrás” na hora de definir os investimentos e apostas para 2016. E não estão errados, segundo o economista Carlos Franco.
As previsões para a economia em 2016 não são nada boas, aponta o especialista. Todos os indicadores econômicos, sociais e políticos que saíram no fim de 2015 e que geram expectativas para 2016 apontam um ano muito ruim para a economia.

“É muito difícil a economia dar uma guinada como o Governo Federal tenta passar para a sociedade. Claro, o governo está no papel dele. Mas errou e tem errado muito. Ele não tem assumido os seus erros como se a crise econômica fosse algo que aconteceu por acaso, e não foi. O maior problema é o descontrole dos gastos públicos”, aponta Franco.
O economista afirma que a crise econômica tem origem na política e já dava sinais de sua existência desde 2010. “Uma coisa é você descobrir uma doença no início e tratar com homeopatia. Outra é quando ela está em estágio avançado e que tem que tomar um antibiótico forte. Isso sempre tem um efeito muito negativo. Estamos pagando agora porque o remédio homeopático que devia estar sendo tomado desde 2010, quando a inflação começava a subir, quando os remédios que o governo aplicava para a inflação já não surtiu efeito, quando os economistas di-ziam que o governo gastava muito, não foi ingerido”.

De acordo com Carlos Franco, para o brasileiro o ano só vai começar em abril. Ele explica que isso se deve ao fato de que a discussão política será retomada em fevereiro ou março com os encaminhamentos e os prazos jurídicos para o impeachment. E acrescenta que enquanto o cenário político não mostrar o caminho, quer seja para a presidente Dilma Rousseff ficar ou para ela sair, o cenário econômico tende a não melhorar.

“Mesmo que essa presidente fique com toda a impopularidade que ela está tendo, diante todas as dificuldades e incertezas, se ela ficar irá dar uma melhorada, porque com toda essa descon-fiança o empresário vai perceber que tem de se virar sozinho, pois sabe que ela fica até o final do mandato. Se ela sair, se gera também uma expectativa positiva em relação ao novo governo. O pior de tudo é a indefinição”.
Franco destaca que somente com a definição do futuro político do país é que o cenário econômico começará a “abrir”. Antes disso, para o economista é difícil algo bom acontecer no primeiro semestre de 2016.

“Mesmo que o governo tome uma medida, lance um pacote surpresa no início deste ano, não vai dar certo, porque o cenário político não vai mudar. O que se pode dizer é que a situação irá melhorar no final de 2016 com grande otimismo. Isso porque o resultado econômico não nasce de uma hora para outra, assim como a crise também não nasce”.
Certo de que 2016 será um ano de aperto financeiro, Franco aconselha o consumidor a se planejar para driblar maiores dificuldades. Uma dica importante é colocar tudo o que se deseja obter e os passos a dar em um papel. Além disso, pesquisar os melhores preços passa a ser uma necessidade.

“Também tenho visto muitos negócios interessantes surgirem nesse momento. Temos que buscar alternativas, sermos criativos. A crise também abre oportunidades. É tempo de mudança de comportamento”.

Economista Carlos Franco alerta para um ano difícil: “planejar é necessidade”, aconselha o especialista
Economista Carlos Franco alerta para um ano difícil: “planejar é necessidade”, aconselha o especialista

“Salário só sobe de ano em ano”, lamenta motorista

Desde o dia 1º de janeiro, o salário mínimo passou a ser de R$ 880,00, no Brasil. O anúncio foi feito no dia 30 de dezembro de 2015, pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Esse valor decorre da aplicação do percentual de 0,1% referente à taxa de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano de 2014 somado à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 2015, calculado e divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por sua vez estimado, pelo Ministério da Fazenda, em cerca de 11,57%.
Para o motorista José Maria Correia da Silva, que até então recebia o antigo valor mensal de R$ 788,00, o acréscimo no salário será de quase cem reais. Ele avalia.
“Por um lado é bom. Só que quando você sabe de uma notícia dessas já têm 10, 15 na frente que te deixam até um pouco triste, devido à situação em que estamos vivendo na economia. Não dá para você dizer que vai ter economia se está tudo subindo de preço. Enquanto isso, o seu salário só sobe de ano em ano”.

Na casa de José Maria vivem, além dele, mais quatro pessoas. No entanto, apenas ele e o filho trabalham.
O motorista revela que apenas o salário mínimo não garante o pagamento de todas as despesas. Por esse motivo, ele também trabalha como ajudante de pedreiro e carpinteiro nos horários vagos. “Se você for depender só de um salário mínimo, não tem como”.

José Maria afirma que já sabe o que fazer com os noventa e dois reais de acréscimo na renda mensal. “Meus planos eu faço dois anos antes. Eu faço um consórcio antecipado de uma moto. Haverá um reajuste no valor da parcela este ano e, com o aumento do salário mínimo, sei que poderei pagar sem mexer no dinheiro de outras despesas da casa. Eu sempre tive que trabalhar com uma visão no futuro devido os aumentos”.

Para José Maria, um valor de salário mínimo mais adequado para as despesas que ele possui em casa seria de R$ 1.800,00. “Estou colocando no mínimo. Nem estou falando de um salário para deixar o bolso mais folgado. É uma questão de necessidade”.

O reajuste de 11,6% poderá causar um impacto nada positivo, segundo o economista Carlos Franco: o desemprego. O especialista explica que além do gasto elevado que o Governo Federal terá de ter em um momento de crise econômica, o acréscimo no valor poderá diminuir as vagas de emprego.

“Acredito, por exemplo, que muitas empregadas domésticas serão dispensadas, pois fica cada vez mais difícil para o empregador pagar o salário mínimo mais os impostos”.

2.1.1 - “Salário só sobe de ano em ano”, reclama motorista - FOTO ARQUIVO PESSOAL
José Maria Correia  recebe um salário mínimo

São esperados 300 milímetros de chuva para os próximos dois meses, aponta Alejandro Fonseca

1.1 - Arquivo - BR-364-FOTO-SECOM - Monitoramento nível do Rio Madeira BR-364
Maior preocupação é com a cheia do Rio Madeira, que pode voltar a isolar o Acre

Ano novo chegou, mas para quem mora no Acre é sinal de preocupação devido às alagações, causadas pelo grande volume de chuva registrado nesse período. O coordenador do Grupo de Estudos e Serviços Am-bientais (Acrebioclima) da Universidade Federal do Acre (Ufac), Alejandro Fonseca, aponta que nos próximos dois meses são esperados 300 milímetros de chuva em todo o Estado.
O que não significa que haverá uma cheia de grandes proporções como a registrada em março de 2015, que causou estragos nos municípios de Assis Brasil, Brasileia, Xapuri e Rio Branco. Fonseca destaca que um dos efeitos do El Niño é a inconstância nas precipitações.
“Por exemplo, em algumas regiões do Acre tem chovido mais que outras. Em Tarauacá temos registrado maior volume de chuva. Enquanto que em Rio Branco, no mês de dezembro, choveu apenas 70% do esperado”, ressalta Alejandro Fonseca.

O El Niño este ano está mais intenso do que o normal, apontam os meteorologistas. Apesar disso, Alejandro lembra que também há possibilidade de que o volume de chuvas possa ser menor do que o esperado. Segundo o professor da Ufac, o risco de alagações sempre existe no inverno amazônico.

“A previsão é de que as chuvas se mantenham dentro da média nos próximos três meses. Mas pode haver varia-ção para mais ou para menos. Nem todo ano chove da mesma maneira ou na mesma quantidade. Tanto em uma região, como em um espaço de tempo. Temos observado que os meses de janeiro e fevereiro podem acumular mais de 500 mm de chuvas”, aponta.
O coordenador da Defesa Civil Municipal, cel. George Santos, explica que as precipitações estão dentro da normalidade. Por exemplo, o nível do Rio Acre está abaixo da média para o período. “Estamos monitorando os rios. Desde 2009, Rio Branco tem sofrido com cheias sequenciais. O Plano de Contingência em Rio Branco está em fase final de elaboração”, ressalta Santos.
A maior parte das enchentes registradas na capital ocorre em março. Foi nesse mês também que em 2015, o Rio Acre atingiu o nível de 18,40 metros (o maior da história).

O encontro anual entre as defesas civis dos estados que compõe a Amazônia e o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) foi realizado para trocar experiências e elaborar as estratégias para possíveis cheias que possam ocorrer. O encontro é realizado desde 2006.

Para o sul da Amazônia Ocidental, que envolve diretamente os Estados de Rondônia e Acre, as previsões do Sipam para os próximos meses (janeiro, fevereiro e março) são de chuvas dentro do padrão climatológico.

Para os acreanos, a preocupação maior é com a cheia do Rio Madeira, que em 2014, além de atingir a capital Porto Velho, também deixou o Acre sem acesso por via terrestre aos demais estados do país.

O coordenador da Defesa Civil Estadual, cel. Carlos Batista, confirma que os monitoramentos estão ocorrendo, no Rio Madeira. Atualmente, o rio estava com 8,15 metros. “Ainda muito distante dos 19.74 metros registrados na cheia histórica em 2014. Além dos monitoramentos das chuvas na região, os afluentes que nascem em países como Bolívia e Peru também estão sendo verificados de perto”, explica o coordenador.

O coronel Carlos Batista destaca que existe a preocupação das autoridades também com o período de estiagem. “Tradicionalmente, enfrentamos um período de muita chuva seguida de uma forte estiagem. Estamos preocupados e já traçando ações para os dois eventos”, conclui.

Alexandro Fonseca destaca que um dos efeitos do El Niño é a inconstância nas precipitações
Alexandro Fonseca destaca que um dos efeitos do El Niño é a inconstância nas precipitações

NÚMEROS

– Rio Acre atingiu o nível de 18,40 metros (o maior da história) em março de 2015.
– “Temos observado que os meses de janeiro e fevereiro podem acumular mais de 500 mm de chuvas”, aponta Alejandro Fonseca.

“Não admito um cenário pior, justamente pelo o que foi o ano de 2015″, afirma presidente da Fieac

O presidente da Federação das Indústrias do Acre (Fieac), José Adriano, acredita que 2016 será um ano melhor para a economia de um modo geral. “Nós precisamos acreditar que há um potencial a ser explorado em 2016. Acho que precisamos ser arrojados e audaciosos, não podemos nos acomodar. Não tenho dúvidas que vamos conseguir melhorar”, disse.
Na indústria, o presidente destaca a inauguração de dois empreendimentos que aconteceram em 2015, e que devem dar retorno em 2016: a madeireira Agrocortex, em Manoel Urbano, e o frigorífico Dom Porquito.

“Vamos continuar apoiando esses empresário e fazer que eles acreditem mais ainda que o Estado do Acre tem potencial para garantir toda a expectativa que eles depositaram nesses investimentos”, afirmou José Adriano.

Além dos empreendimentos, a continuidade do Programa Minha Casa Minha Vida ou o projeto Ruas do Povo deve impactar positivamente a indústria de construção civil na região. “Estamos otimistas que outros setores recebam os reflexos desses projetos”, falou o empresário.
Para José Adriano, ser criativo em tempos de crise econômica é uma necessidade. “Nós teremos uma condição de visualizarmos um cenário melhor para a economia. E os empresários, por sua vez, terão condições de se planejarem baseados em informações reais e, com isso, seguramente a autoestima melhora. conseguimos visualizar uma certa estabilidade”.

José Adriano acredita que cenário irá melhorar em 2016
José Adriano acredita que cenário irá melhorar em 2016

Cenário Nacional
Segundo o levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a economia brasileira deve continuar encolhendo este novo ano. O Produto Interno Bruto (PIB) terá uma queda de 2,6%, puxado especialmente pela retração de 4,5% na indústria. O desemprego alcançará 11%, os investimentos cairão 12,3%, e o consumo das famílias diminuirá 3,3%.

Para a Fecomercio, 2016 deve ser um ano de incertezas para o setor

3.1.1 - Para Fecomércio - OL
Em uma análise superficial, o superintendente da Fecomercio, Egídio Garó, afirma que houve uma estagnação na economia acreana

“As perspectivas para este ano ainda é de incerteza. O empresário do comércio está incerto, inseguro, ele está desconfiado. Eles não sabem o que pode acontecer. Estão assustados e preocupados. Não acreditam que haverá melhora”, expôs o superintendente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Acre (Fecomercio), Egídio Garó.
Em uma análise superfi-cial, Garó diz que 2015 foi um ano atípico e complexo para o país, sobretudo para o Acre. “Vivemos um momento complicado, ainda vivendo os efeitos do isolamento que o Estado passou. Tivemos muitos pequenos comércios sofrendo com isso, fechando e encerrando suas atividades”, disse.

Apesar de um início de ano conturbado, o superintendente afirma que o comércio consegue se adaptar à situação da economia. “No país inteiro, nós tivemos uma diminuição no volume de vendas, na receita gerada pelas vendas. Não tivemos uma expansão da atividade comercial, tivemos ajuste fiscal, quando as taxas de juros subiram absurdamente”, pontuou.
Para Garó, o Acre possui uma economia um pouco diferenciada, pois é mantida principalmente pelo Estado. Se em todo o país houve uma diminuição no volume de vendas, no Acre esse número se manteve estável e não apresentou crescimento.

“Nós ainda não temos o resultado das vendas do Natal, que é a data mais esperada, mas estamos trabalhando nisso. Não houve um crescimento, houve foi uma estagnação. Se houve algum crescimento foram em alguns pequenos setores como roupas, calçados, brinquedos. Isso acaba impulsionando as vendas nesse finalzinho de ano”, explicou o superintendente da Fecomercio.
Sobre o novo ano, além das incertezas, Garó acredita que a crise política e moral que o Brasil está vivendo influenciam na postura dos empresários. Ele aposta que 2016 pode ser um ano conturbado para os empresários e consumidores.

“Isso não significa que o empresário não vai entender as condições impostas pelo ambiente, e que não vai se ajustar de uma maneira breve às condições impostas pelo cenário. Será um ano de desconfiança e de receio. Da mesma forma o consumidor, que vai restringir bastante suas idas ao comércio”, concluiu o superintendente.

Moradores da Cidade do Povo falam sobre expectativas

Moradora Antônia Pereira comemora não precisar mais se preocupar com alagações
Moradora Antônia Pereira comemora não precisar mais se preocupar com alagações

“Só de pensar que não vou precisar ficar preocupada com as minhas coisas durante o período das chuvas com medo da água levar tudo embora, já faz o meu 2016 ser um dos melhores anos da minha vida”, declarou emo-cionada Antônia Pereira de Araújo, a ex-moradora do bairro Baixada da Habitasa, que atualmente mora na casa 10 do bairro Cidade do Povo.
Toda caprichosa, Antonia estava limpando a casa acompanhada da filha Cosma Pereira de Araújo Matias. Ao olhar para os cômodos do novo lar, ela não escondia a alegria. “Nessa época há dois anos, eu estava preocupada com o nível do Rio Acre. Durante a enchente daquele ano, a Defesa Civil retirou toda minha família e demoliu a minha casa. Passei 20 anos morando lá”, lembrou.
Antonia ficou durante todo esse tempo até receber a chave da casa própria morando num imóvel sendo pago pelo aluguel social. “Meu ano novo começou quando recebi as chaves da minha casa”, afirmou.

O ano novo começa diferente também para o trabalhador da construção civil, Francisco Claudino de Souza. Ele que ajudou a construir cada uma das mais de 300 casas entregues pelo governador Tião Viana, no último dia 29.

“Durante a construção, ele já tinha preferência de quadra. Achava essas daqui mais bonita”, disse ele olhando para o novo lar que fica na tão admirada quadra como ele sonhava.
Antes, Francisco, a esposa e os quatro filhos moravam no Taquari. Em decorrência das várias enchentes, a família se mudou para a casa da sogra do trabalhador, localizada no bairro Belo Jardim.
“A única diferença para mim agora é que ficou mais longe do Centro. Mas, não tem coisa melhor que a casa da gente, sem perigo de enchente”, concluiu Francisco.
Em 2016, as duas famí-lias falam em obras de manutenção e segurança para a nova casa. “Quero fazer o muro”, planeja a moradora Antonia. E Francisco afirmou que em 2016 vai comprar móveis novos para a casa. “Quero começar uma nova vida”, declarou.

Ao todo, a última entrega de 2015 contemplou 312 famílias que viviam em área de risco em Rio Branco, como os bairros Adalberto Aragão, Preventório, Seis de agosto, Baixada da Habitasa e da Colina, Cidade Nova, Base e Cadeia Velha. A ordem de serviço para a construção de mais 4.500 já foi assinada.

As unidades entregues pertencem ao programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), do Governo Federal. Com as novas unidades, o governo reúne 3.003 famílias morando efetivamente no novo bairro de Rio Branco, o que representa a conclusão de 90% da primeira etapa do projeto, que prevê a entrega de 3.348 casas e deve ser concluído ainda no primeiro trimestre de 2016, com a entrega de outras 345 moradias.

Considerada a maior obra pública do Acre, a Cidade do Povo contempla a construção de 10.518 moradias, numa área de aproximadamente 700 hectares. A prefeitura mantém serviços de educação e manutenção no residencial. Seis ônibus fazem o serviço de transporte. A primeira creche já foi entregue.

Governo deve entregar ainda outras 345 moradias no primeiro trimestre de 2016
Governo deve entregar ainda outras 345 moradias no primeiro trimestre de 2016
Francisco Claudino já planeja comprar móveis novos
Francisco Claudino já planeja comprar móveis novos
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