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Carnaval, et cetera e tal!

Faz tempo que o carnaval deixou de ser apenas folguedo e  cachaça, agora envolve grandes negócios e altos consumos. Deixou de ser uma festa folclórica para ser o que é hoje, uma grande e nefasta orgia que infelicitam muitos adolescentes e jovens nos quadrantes da nação brasileira.

Há quem propague que o carnaval gera tremendas divisas para o Brasil, além de animar diversos setores da economia nacional, a caseira, inclusive. Mas, na prática o carnaval, principalmente no Rio de Janeiro, é uma guerra. Não uma batalha de confetes, como nos carnavais de antigamente, ou somente uma batalha competitiva: do melhor samba-enredo; da melhor porta-bandeira; da melhor bateria; dos melhores adereços, enfim.

Menos mal que, neste ano, esse tal Reino de Momo não vai ser festejado com  os auspícios do erário público. Afinal de contas o povo já esta pagando uma CONTA muita alta para sobreviver a essa crise política, pois que de econômica não tem nada. É política mesmo. Política das mais medíocres que já tem ou teve notícia!

Este rabiscador de texto e frases prontas, sempre lamentou, o emprego de recursos públicos para  o usufruto de três dias de folia, enquanto milhares de famílias de dezenas de municípios brasileiros vivam, eternamente, a agonia de conviver com todo tipo de mazelas sociais, produto da ausência de políticas públicas, especialmente, no campo da infra-estrutura.

Aqui em Rio Branco, é do conhecimento geral, existem bairros que não dispõem de água encanada, esgoto sanitário, luz elétrica e que sobrevivem mal e “porcamente”.  Não é à toa, que essas famílias são o foco principal da tal de dengue. Nesse caso, pondero como sensata e acertada, apesar do fato contrariar mundos e fundos, a medida do Governo do Estado em conjunto com a PMRB, de não promover, neste ano, as comemorações de Carnaval. Muito bem, pois o dinheiro que é gasto com carnaval, anualmente, pelo poder público, pode ser destinado para auxílio das vítimas dos estragos feitos pelas constantes enchentes, nesta época do ano.

Tal medida, mesmo sendo considera de anticultural e outros adjetivos não publicáveis, precisa do apoio irrestrito da sociedade. A Sociedade, apesar de sua “miopia utilitarista”, deve contribuir decisivamente, o que não significa tão somente pagar impostos, tornando o Estado responsável no cumprimento do seu dever, pois nenhum Estado foi suficientemente capaz de solucionar coisa alguma, no campo social, sem o decisivo apoio da sociedade.

Alguém pode insinuar que “nem só de pão vive o homem” que é preciso,  uma vez ou outra, um pouco de circo. Acontece que este país é um circo só. O Brasil é um país brincalhão. Vivemos de farras e, quando muito, da cultura de entretenimento apelativa. Negar tal realidade é santa hipocrisia.

Entretanto, o que deve pontificar neste carnaval, desgraçadamente, é o consumo desen-freado das drogas. No passado, havia uma marchinha carnavalesca que dizia: “As águas vão rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar”. Agora, ironicamente, no mesmo ritmo pode-se cantar assim: “as drogas vão rolar…” Assim, com as drogas liberadas, para consumo pessoal, e camisinhas à vontade o carnaval deste ano está do jeito que o diabo gosta.

Digo a quem possa interessar, que não estou preso ao obscurantismo, sou a favor de leis que ponha freios neste maldito tráfico de drogas; leis que resgatem da dependência química milhares de jovens que sabidamente, agora mesmo, em algum lugar, estão escravizados pelo uso indevido dessa praga que assola o mundo moderno.

Então, é nesse clima nacional de “n” desigualdades que milhares de brasileiros, entorpecidos pela embriaguez dionisíaca, inauguram a partir de hoje o reino de Momo, e só pára na quarta-feira, ingrata, de cinza.

*Pesquisador  Bibliográfico em Humanidades.
E-mail: assisprof@yahoo.com.br

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