Não é preciso ser especialista para perceber que a crise econômica tem atingido fortemente o comércio. Na área central, lojas vazias, vendedores e empresários tentam chamar a atenção dos clientes de todas as formas. E o que já era sentido pelos comerciantes foi confirmado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao apontar que o Acre teve a segunda maior queda no volume de vendas do varejo em janeiro.
Essa informação não é novidade para o casal de empresários Dante Maia e Eliane Oliveira, donos de uma loja de confecção. Eles confirmam que 2015 foi o pior ano desde que entraram para o ramo.
“E 2016 já mostra que não será um ano fácil. Até 2010 era possível perceber um aumento no movimento. Foi aí que as despesas começaram a aumentar, como energia e combustíveis. Desde então, só trabalhamos para minimizar os prejuízos. Mas já se sabe que a causa dessa instabilidade econômica é devido à crise política que o país enfrenta. Enquanto as mudanças não ocorrerem, a economia vai permanecer dessa forma”, destacou Dante.
Eliane fala que o cenário é desanimador. “Apesar de fazermos promoções a cada 90 dias, ainda não temos a movimentação de antes”, comentou.
Para driblar as dificuldades, o casal passou a comprar mercadorias em menor quantidade. Ou de revendedores que ofereçam prazos mais longos para pagamento. “Também recorremos a empréstimos bancários para pagar alguns fornecedores”, detalhou Dante.
A loja de confecção que já teve quatro funcionários. Hoje trabalha apenas o casal. “Foi uma das formas que encontramos de reduzir os custos”, finalizou Dante Maia.
De acordo com o IBGE, o Acre fechou o primeiro mês de 2016 com um recuo de 12,4%, em comparação ao mesmo período do ano passado. Segundo os dados, o estado acreano ficou abaixo somente do Amapá, onde a redução chegou a menos 24,4%. A taxa do Acre, conforme o IBGE, é abaixo da nacional, de menos 10,3%. No compilado dos últimos 12 meses, a baixa chegou a 4%.
Em comparação ao mês de dezembro de 2015, a queda nas vendas do comércio acreano foi inferior, chegando a apenas 0,4%. No Norte, o Acre e Roraima (-1,1%) foram os únicos com variações negativas. Os números não levam em consideração influências sazonais.
O cenário é preocupante também para a comerciante Daniela Gomes, trabalhando há mais de 10 anos com calçados. “Nunca tinha passado por um janeiro e fevereiro como foi esse ano. A procura caiu muito. Percebi que as pessoas nem mesmo pesquisa estão fazendo. A crise econômica chegou definitivamente”, comentou a comerciante.
