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Mês da mulher: conheça a história de empreendedoras de sucesso do Acre

Desde criança Júlia Lemos sempre teve o espírito empreendedor e inovador

Março é o mês mais feminino do ano. No dia 8 de março se comemora o Dia Internacional da Mulher. Segundo a especialista em empreendedorismo feminino, Ana Fontes, em 2014, no Brasil, cerca de 45% dos pequenos negócios eram administrados por mulheres. A expectativa é que esse percentual tenha aumentado.

Quem disse que mulher quer receber flores no seu dia? Elas querem trabalhar, criar, crescer, subir cada vez mais. Hoje, as mulheres tem buscado o empreendedorismo muito mais, seja para escapar da rotina do mundo corporativo, buscar flexibilidade ou simplesmente realizar o sonho do próprio negócio.

Um dos grandes desafios de quem sai da adolescência rumo à vida adulta é buscar algo para fazer após a faculdade. Foi assim, com Julia Lemos de 25 anos. Na reta final da faculdade de odontologia, ela percebeu que ela queria mesmo era trabalhar com vendas.

Mas, essa vontade surgiu do nada? Não. Júlia conta que o empreendedorismo despertou ainda na infância em sua vida. “Eu sempre fui muito empreendedora. Minha mãe conta que uma vez ela estava em casa bebendo com uma tia. Ela pediu que eu buscasse a cerveja e o filé. Eu fui, e levei com uma comanda e anotei o pedido. No final de tudo eu levei a comanda para que elas pagassem. Minha mãe diz que foi aí que nasceu a Júlia empreendedora”.

Júlia não parou por aí. Durante a infância chegou a vender bijuteria em frente de casa. Mais tarde, no terceiro ano do ensino médio, ela aprendeu a fazer doces para garantir a mesada mensal. Depois que começou a faculdade de odontologia, Júlia deixou um pouco de lado o empreendedorismo.

Em 2014, pouco antes de concluir o curso, a jovem fez uma viagem e comprou vários óculos de sol. Os acessórios fizeram sucesso entre as amigas, todas queriam um modelo igual. “Minhas amigas comentavam: Quero pra mim! Elas diziam que eu tinha bom gosto e que queriam um igual. Então comecei a investir nisso. Eu comprava e postava no grupo de desapego no Facebook”, contou Júlia.

Daí por diante, os produtos que Lemos vendia caíram no gosto das acreanas. Ela começou vendendo em um cômodo no apartamento onde morava. Hoje, a empreendedora tem duas funcionárias e uma loja localizada no Centro de Rio Branco. A loja Quero Pra Mim, vende desde produtos de beleza até acessórios de decoração.

Apesar da mãe não apoiar a iniciativa no começo, Julia insistiu na ideia e com apoio do ex-namorado, ela conseguiu respeito e reconhecimento dos empresários do ramo. Em pouco tempo, a empreendedora conquistou espaço e várias clientes fiéis.

“Conquistei respeito e admiração. No começo sentiam pena de mim, fui apelidada de muambeira, sacoleira e etc. Com a loja consegui provar para eles (colegas de profissão), que tudo começa de baixo, mas que com dedicação e muito trabalho, é possível transformar uma lojinha de fundo de casa, em uma loja reconhecida e frequentada por todo tipo de público. Com a loja conquistei minha independência, e aos poucos estou conquistando meus sonhos”, relatou a empreendedora de primeira viagem.

Júlia Lemos é um reservatório infinito de ideias e já planeja abrir outra loja na Estação Experimental. Além disso, para o próximo mês ela deve inaugurar um delivery de petiscos e bebidas. “Vai ser um delivery somente de bebidas e petiscos como batata frita, calabresa, frango a passarinho e etc. Eu gosto de inovar de fazer coisas que aqui em Rio Branco não tem”.

Empreendedorismo: de acadêmica de Direto a dermopigmentadora

Hoje Beatriz Ayache é referência em micropigmentação

Nem sempre o empreendedorismo é a primeira opção quando se trata de futuro profissional. Há um ano, a vida da acadêmica de direito e assessora jurídica de um cartório, Beatriz Ayache, de 34 anos, mudou totalmente. Ela deixou o curso de direito e resolveu investir no ramo de estética.

Tudo começou com o convite da cunhada fisioterapeuta. Beatriz fez sociedade em uma clínica de estética. “Eu queria fazer alguma coisa para trabalhar na clínica, eu me sentia obrigada a ajudar, a trabalhar de alguma forma”, explicou o motivo do curso de micropigmentação.

Inicialmente, Ayache não tinha noção do que se tratava micropigmentação. “Decidi fazer o curso. É algo novo que ainda não é reconhecido no Brasil como profissão. Mas decidi fazer porque era algo novo, inclusive no Acre.”

Beatriz atendia em uma sala pequena e suas primeiras clientes foram familiares, a prima, tia, cunhada, mãe, avó, entre outros. “No começo foi muito difícil, como era uma área nova, eu não tinha muita informação. Foi muito eu mesma. No começo eu tinha cliente uma vez na semana, era muito engraçado.”

O trabalho de Beatriz em pouco tempo começou a ser reconhecido em Rio Branco. Referência em micropimentação, algumas clientes esperam até dois meses por um horário na agenda da dermopigmentadora.

“Conforme eu fui crescendo e adquirindo experiência, o negócio foi crescendo muito. Em uma grande proporção mesmo! Foi crescendo de uma forma que eu nem sabia o quanto estava grande, porque as pessoas chegando na rua dizendo que me conheciam, e eu achava muito estranho”, disse Ayache.

Hoje, Beatriz trabalha em uma sala maior, tem uma equipe de 2 pessoas e, diz que apesar da sociedade com a cunhada, sua clínica de dermopigmentação funciona de forma independente. Ela conquistou sua independência financeira, quitou todas as dívidas, inclusive o investimento inicial, além de dar um padrão de vida melhor para os filhos.

“Nunca imaginei que fosse trabalhar com estética. Eu desde pequena me imaginei na carreira jurídica. Foi tudo muito rápido, o retorno do investimento que eu fiz no curso e nas coisas eu comprei, eu não imaginava esse retorno muito rápido. Foi muita luta e persistência, mas deu certo, graças a Deus. Hoje tenho uma empresa estabilizada que agora está só crescendo”, revelou Beatriz.

“É muito gratificante quando você produz algo que as pessoas gostam”, afirma proprietária do Cantinho do Pastel

Sueli Lira começou vendendo pastel com o esposo e hoje tem nove funcionários

Depois de 10 anos gerenciando uma panificadora, Sueli Lira Gomes, de 45 anos, decidiu investir no seu próprio negócio. Há cinco anos, com apoio do marido, ela abriu o Cantinho do Pastel. Com ajuda de amigos e familiares, Sueli conseguiu dinheiro para fazer o investimento.

No começo, o lanche era pequeno e tinha capacidade para receber 10 pessoas. O casal que não tinha ideia de como preparar um pastel, foi aos poucos aperfeiçoando a massa com ajuda de amigos. Hoje, Sueli tem 9 funcionários e um espaço ampliado para receber muitas pessoas.

A empreendedora conquistou o lanche e a casa própria em um curto espaço de tempo. “É muito gratificante quando você produz algo que as pessoas gostam. Hoje o Cantinho é um sucesso! Todo mundo pergunta se é uma franquia. Não é, mas eu pretendo franquiar sim”.

Para Sueli, a maior dificuldade em fazer o investimento foi o medo de estar devendo muito dinheiro e não conseguir pagar.  O retorno foi rápido, em um ano e meio Sueli quitou as dívidas e começou a lucrar com o negócio.

“A princípio você fica pensando se vai conseguir pagar. Eu nunca imaginar que esse negócio foi expandir dessa forma. Antes era muito pequeno. Hoje eu tenho cozinha industrializada, am-biente climatizado, banheiros, inclusive para deficientes, até chegar o que é hoje eu aumentei duas vezes”, contou a empreendedora.

A Gazeta do Acre: