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O desafio de encenar a maior história da Bíblia

Cena da crucificação de Jesus Cristo é um dos pontos altos da Programação da Semana Santa. (Foto: Divulgação)

Um dos dias mais marcantes da Semana Santa sem dúvida é a sexta-feira da Paixão, que conta com a encenação da mais impactante das histórias narradas pela Bíblia, a Paixão de Cristo. Em Rio Branco, assim como em muitos lugares do país, é tradicionalmente feita a encenação da saga de Jesus Cristo que vai dos seus últimos sofrimentos até a sua crucificação. Um ato teatral muito emotivo e de grande estrutura que reúne multidões de católicos.

A GAZETA conversou com dois dos personagens que fazem há 5 anos com que a encenação da Paixão de Cristo seja representada da melhor forma possível através da arte do teatro, capaz de transmitir aos que assistem as interpretações os verdadeiros valores da história final de Jesus.

Marcos Antônio, o Marquinhos, é o responsável pela estrutura da produção em geral, desde os bastidores, o palco, a iluminação, os figurinos. Tudo nesta parte. Para garantir que todos estes elementos estejam impecáveis naquela ‘sexta-feira mais importante do ano’, ele conta que sua empresa, a Totus Tuus (do latim ‘Todo Teu’) Eventos, começa a reunir os coordenadores da encenação com 6 meses de antecedência para a melhor preparação. É relativamente bastante tempo, em face de inúmeros detalhes pouco perceptíveis, mas que fazem toda a diferença.

“Começamos montando as cenas. Daí, já incorporamos o desafio de incluir uma novidade. Todo ano, sempre colocamos alguma coisa nova. Nós usamos como base as inovações que são feitas em encenações de grandes companhias de teatro de centros católicos pelo Brasil e fazemos uma adaptação para ver se dá para ser feito aqui. Apesar de ser uma cena construída à risca seguindo o evangelho, nós fixamos esta tarefa de inovar e dar a melhor encenação às pessoas”.

Marquinhos finaliza contando sobre a experiência recompensadora acima de qualquer esforço que é organizar um dos maiores eventos da Semana Santa. “É cansativo. Há muitas dificuldades. Mas em meio a muito ‘sim’ e ‘não’, há uma grande recompensa em ver a recepção das pessoas. Eu sinto que é a coisa que eu mais gosto de fazer”, comenta.

Alex Pimentel, por sua vez, tem a missão de coordenar a direção teatral. Apesar de árdua, ele frisa que esta é uma responsabilidade muito gratificante. Ao mesmo tempo em que se trata de um evento grandioso para a programação da Semana Santa da Diocese de Rio Branco, Alex explica que a encenação é feita por várias pessoas cujo único propósito é ajudar.

O professor recorda que neste ano os coordenadores divulgaram bastante a encenação nas redes sociais e nas paró-quias e, por isso, apareceram muitos voluntários com pouca ou até nenhuma experiência de apresentação em público, mas que compensavam com muita vontade de querer fazer tudo dar certo. A partir da escolha da equipe e dos atores, Alex, que é professor da Ufac e da Usina de Artes, afirma que ele e o grupo foram capacitados para a interpretação.

“Mesmo que os participantes não tenham a experiência do teatro, o mais importante é que todos estejam conosco neste projeto. Nós trabalhamos com o pessoal ao longo deste tempo inicialmente em núcleos separados depois fomos compondo as cenas. Agora, estamos fazendo os ensaios finais para a encenação”. Na sábado (ontem), foi o primeiro deles, na paróquia Imaculada Conceição. Hoje, domingo, 20, vai ter um novo ensaio aberto no Centro.

Ao todo, mais de 150 pessoas trabalham na encenação da Paixão de Cristo, sendo em torno de 50 na parte do Teatro, 80 na parte de música e de coral e mais 20 a 30 agem nos bastidores.

Família de católicos e protestantes comemora a Páscoa com amor e respeito

A fé ajudou o casal a enfrentar um problema de saúde. (Foto: Brenna Amancio/ A GAZETA)


BRENNA AMÂNCIO

Para o casal José de Ribamar Nina Lamar, 75 anos, e Francis da Silva Lamar, 68, Páscoa também significa união da família. Todas as semanas santas eles reúnem os quatro filhos e nove netos (e mais um que está prestes a nascer) para confraternizar. Cada um possui sua religião, mas isso não é problema.

Lamar e Francis são católicos praticantes e alguns dos filhos são protestantes. Segundo o casal, o respeito sempre prevaleceu em todos os encontros. No domingo de Páscoa, por exemplo, todos oram sem interferir na crença um do outro.

Um casamento construído sobre a rocha
Casados há 51 anos, Francis e Lamar revelam que são atuantes na igreja a qual frequentam. Durante esta semana santa, por exemplo, não deixarão de ir a nenhuma missa e, se puderem, vão participar de outras atividades da programação da Paróquia Santa Inês.

A vida tem sido assim para eles desde que eram apenas crianças. Francis, por exemplo, sempre frequentou a igreja na cidade onde nasceu, Belém, no Pará. Participava das procissões, círios, missas e encontros.

Um pouco mais distante dali, em Coroatá, no Maranhão, crescia nos mesmos caminhos um José Lamar mais jovem. “Minha mãe nunca ia à igreja, mas todos os domingos ela me arrumava assim como a todos os meus irmãos e nos mandava pra lá junto com a nossa tia. E assim eu fui gostando dessa vida religiosa”, recorda.

Aos 24 anos de idade, Lamar se casou com Francis, que na época tinha 17 anos. Eles tiveram os quatro filhos. Moravam em Belém quando decidiram vir para o Acre em 1973. “Quando chegamos aqui, eu logo fiquei encantada. Rio Branco era uma cidade pequena e de povo acolhedor. As pessoas dormiam de janela aberta e todos se conheciam”.

Como já tinham uma vida religiosa ativa, os dois logo passaram a frequentar uma igreja. Mas foi apenas em 1990, após participarem do Encontro de Casais com Cristo (ECC) que assumiram trabalhos na paróquia.

Atualmente, Lamar coordena a equipe de dízimo da Paróquia Santa Inês e participa da liturgia, além de outras contribuições. No mesmo local, Francis é ministra da Eucaristia.

A fé ajudou o casal a passar por um momento difícil, que foi quando Francis perdeu parcialmente a audição, em 2002.

Quando as pessoas perguntam a eles o segredo para um casamento tão duradouro e feliz, não hesitam em responder que é Deus. “Costumo dizer que em um casamento são três: o marido, a mulher e Deus. Crises virão, mas se você tem um relacionamento consolidado em Deus, certamente passará dos cinquenta anos”, afirma Francis.

Quando olha para a esposa, Lamar diz que ainda enxerga a jovem pela qual se apaixonou. “Ela está ainda mais bonita hoje”, declara ele sorrindo com os olhos.

Este ano, nem todos os membros da família estarão reunidos no tradicional almoço de Páscoa do casal, mas a alegria promete ser a mesma.

Com a aproximação da data, Lamar afirma que este é um momento de reflexão e de renovação. E Francis completa: “Com a maior alegria nos reunimos para celebrar o acontecimento central da nossa fé, que é a ressurreição de Cristo. Jesus venceu a morte e vive para sempre junto à comunidade e a cada um de nós. Essa boa notícia nos anima a superar tristeza e desânimo e caminhar confiantes com o Senhor ressuscitado, que renova todas as coisas”.

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