A polícia Federal deu início na manhã de sexta-feira, 4, a 24ª fase da Operação Lava-Jato, que investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um dos principais alvos deste novo rumo das investigações.
O ex-presidente foi alvo de mandado de busca e apreensão e de condução coercitiva (quando o investigado é obrigado a depor). Cerca de 200 agentes da PF e 30 auditores da Receita Federal cumpriram, ao todo, 44 mandados judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia.
Lula foi conduzido ao aeroporto de Congonhas onde prestou depoimento no escritório da Polícia Federal, por cerca de quatro horas. Batizada de Aletheia, esta fase da operação apura se empreiteiras e o pecuarista José Carlos Bumlai favoreceram Lula por meio do sítio em Atibaia e o tríplex no Guarujá. O ex-presidente nega as acusações.
Segundo o MPF, as investigações apontam para crimes de lavagem de dinheiro transnacional. Outro ponto na perquisição é a possível influência de Lula para a existência e perpetuação do esquema.
A ação da PF ocorreu um dia após ser revelado um acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PTMS). O parlamentar revelou que Lula mandou comprar o silêncio de algumas testemunhas na Operação.
Após o depoimento, em entrevista coletiva, Lula intitulou a ação da PF como “show midiático”.
“Lamentavelmente, eu acho que estamos vivendo um processo em que a pirotecnia vale mais do que qualquer coisa. O que vale mais é o show midiático do que a apuração séria, responsável, que deve ser feita pela Justiça, pela polícia, pelo Ministério Público”, disse Lula.
Lula retrucou que não havia necessidade de condução coercitiva para a realização de um depoimento. “Se o juiz [Sérgio] Moro e o Ministério Público quisessem me ouvir, era só ter me mandado um ofício e eu ia como sempre fui porque não devo e não temo”, declarou.