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Plante!

As alagações ainda estão frescas, senão molhadas nas nossas lembranças, e o calor já provoca o desconforto da seca e facilita as queimadas urbanas e rurais. A passagem de um dos mais chuvosos invernos amazônicos para a quentura deste verão incerto foi ainda pontuada por friagens curtas e repetidas. Tudo difere dos padrões passados.
O tempo anda mal-humorado e abusa das chuvas, das águas, do mormaço. São tantos sinais, tantas evidências, que ficou absurdo desconhecer as mudanças climáticas.
Salvar a Terra é o drama de todo o mundo. Quem deve pagar pelo estrago que já fez ao ambiente e quem deve ser compensado pelo que conservou – essa é uma discussão que não se descarta. Mas isso não tira a urgência de cada po-vo, de cada país e de ca-da um de nós começar logo a fazer a sua parte para o melhor uso da terra que usa.
Verdade que temos feito o dever de casa. Nos últimos seis anos o Acre reduziu o desmatamento em 57%. E novas ações intensificam esse esforço. Nosso Estado é o que melhor implanta o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Não é apenas controle, mas também a oferta de alternativas sustentáveis para a produção. As boas práticas vão dos roçados sustentáveis, com alto ganho na produtividade, até novas cadeias produtivas, como a piscicultura e a criação de suínos desdobrando-se até a atividade industrial.
A meta do Acre é parelha com a do Brasil: reduzir o desmatamento em 80%. A presidente Dilma anunciou compromisso público de acabar o desmatamento ilegal. Mas o Acre sempre tem um pé à frente quando o assunto é a floresta, e o governador Tião Viana não para de sonhar com o desmatamento zero. “Vamos produzir mais, desmatando menos. Ou sem desmatar”, afirma Tião.
Nesse ambiente o Estado decidiu elaborar uma nova campanha que informe as vantagens das boas práticas, faça educação ambiental e posicione um governo que expressa a decisão do povo acreano pelo desenvolvimento sustentável.
Buscamos, então, o que seria o contraponto do desmatamento. Ora, seria não desmatar. Não! Não desmatar é uma inação. O antidesmatamento exige ação. Não basta não desmatar, tem que fazer o seu contrário. Portanto, tem que plantar.
Essa é a nova divisa, esse é o novo desafio do Acre: Não desmate, plante!

Gilberto Braga de Mello
é jornalista e publicitário.
E-mail: giba@ciaselva.com.br

Categories: OPINIÃO
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