Li, recentemente, um texto fantástico da jornalista e escritora Eliana Brum, sob o título: “meu filho, você não merece nada”. É um artigo que todos os pais devem ler. A autora trata de questões relativas à dependência dos jovens aos pais. Hoje se tem uma geração que nasceu na chamada “era moderna”, com todos os aparatos tecno-lógicos, domina as ferramentas das mídias, porém não sabe pensar e menos, ainda, lutar pela vida, conquistar um espaço ao sol. É uma juventude que acredita ser a FELICIDADE uma responsabilidade e um dever dos pais. São pessoas que desprezam lutar!
E, desse jeito, essa nova geração não tem ideia das dificuldades da vida. Ademais, os pais estão criando seus filhos sem limites, onde todos pensam que o dinheiro surge naquela maquininha do banco, onde é só passar o cartão, ou que a água nasce nas torneiras, estão todos sem noção do que é a vida. São pessoas preparadas do ponto de vista das habilidades, despreparadas porque não sabem lidar com frustrações. Preparadas porque são capazes de usar as ferramentas da tecnologia, despreparadas porque desprezam o esforço. Preparadas porque conhecem o mundo em viagens protegidas, despreparadas porque desconhecem a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofrem porque crescem acreditando que nasceram com o patrimônio da felicidade. A esses jovens não lhes foi ensinado a criar, conquistar, produzir, a partir da dor, da derrota. São jovens que desprezam o esforço, que não sabem andar com as próprias pernas. Estão sempre amparados e protegidos pelos pais.
Ainda, essa geração tão inteligente vai à escola como um favor aos pais. Sai dali e quer um bom emprego, mas não faz por merecer, espera, sempre, o esforço dos pais. É uma juventude que não sabe lutar, enfrentar desafios, superar dificuldades, conquistar a liberdade financeira, construir vida independente. Estão, sempre, a depender dos pais como se estes tivessem a obrigação de supri-los pelo resto da vida. É uma geração inteligente para as ferramentas tecnológicas; burra para seguir as trilhas da vida pelo próprio esforço. Estão, sempre, com a mão esticada para receber tudo pronto dos pais. É uma acomodação, uma preguiça, uma falta de criatividade que chega ao absurdo. Nunca os pais foram tão reféns dos filhos quanto agora. E isso é modernidade ou atraso?
Nesse cenário, há uma pergunta que não quer calar: são os pais responsáveis por esse atraso da nova geração? Ou serão os professores que não estão orientando os jovens de hoje como orientavam as gerações passadas? Mas tanto os pais como os professores lutam pelo mesmo sonho – o de tornar os filhos e alunos felizes, saudáveis e sábios – mas jamais estiveram tão perdidos na árdua tarefa de educar. Ambos sulcam e cultivam os territó-rios mais difíceis de serem trabalhados: os da inteligência e da emoção.
Por isso tudo o artigo suscita uma reflexão de todos, jovens e velhos. Não se escreve para a história presente fabricar heróis, mas para conduzir pessoas às trilhas da vida, com sabor de luta, de conquista, de dignidade. Educar é realizar a mais bela e complexa arte da inteligência. Educar é acreditar na vida, mesmo que se derramem muitas lágrimas. Educar é ter esperança no futuro, mesmo que os jovens venham a decep-cionar. Educar é semear com sabedoria e colher com paciência. Educar é ser um garimpeiro que procura os tesouros do coração.
O sonho dos mais velhos era de que no século XXI os jovens fossem solidários, empreendedores e amassem a arte de pensar. Mas muitos vivem alienados, não pensam no futuro, não têm garra e projetos de vida. É um quadro que precisa mudar, com urgência. Uma grande tarefa da escola; imensa responsabilidade dos pais. É urgente mudar o modo de viver da atual geração que construirá o futuro do mundo.
DICAS DE GRAMÁTICA
MAIORIA FOI/ MAIORIA FORAM?
O verbo deve concordar com o sujeito, não há outra alternativa.
Exemplo: A maioria foi embora.
Mas há polêmica quando se determina a maioria.
Exemplo: A maioria dos alunos foi embora.
Há gramáticos que admitem a concordância com o determinante do coletivo:
A maioria dos alunos foi (ou foram) embora.
A multidão de torcedores fanáticos aplaudiu (ou aplaudiram) a jogada.
BIO-MEDICINA ou BIOMEDICINA?
Bio – é um prefixo de formação erudita, como são aqueles usados nas ciências, por exemplo. Pelo Acordo Ortográfico nunca se deve usar hífen com esses prefixos. Então, o certo é biomedicina, sem hífen. Igualmente se usam outros prefixos, tais como: hiper, anti, orto, pan, poli, ante, contra, inter, pre, retro, super, macro, mini, tetra, etc.
Luísa Galvão Lessa Karlberg IWA– É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Mestra em Língua Portuguesa pela Universidade Federal Fluminense – UFF; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras; Membro perene da International Writers end Artists Association – IWA; Coordenadora da Pós-Graduação em Língua Portuguesa – Campus Floresta; Pesquisadora DCR do CNPq.