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A educação como arte de bom viver

Existe uma queixa frequente, no  meio social, no que diz respeito à pouca educação das pessoas no trato com as outras. Observa-se uma ausência de valores educacionais refletidos na filosofia cotidiana. Há um comportamento egoísta, presente, modo geral, em variadas esferas: política, social, comercial, estudantil. Imperam as individualidades, as vantagens pessoais, em detrimento do bem coletivo. Muita gente desfruta de impunidade e vive com a sensação que o mundo lhe pertence. Assim, para algumas pessoas, a vida corre sem freios, proibições, sanções, enquanto para outras é como um fio de navalha.

Indaga-se, aqui, o que fazer para se alcançar a Educação como arte de bem viver?! A primeira resposta está em seguir os preceitos da Carta Magna, a Constituição da República Federativa do Brasil, que no Artigo 205. Ali está assegurada a educação “ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, consequentemente para a vida”.

Na prática, a educação, no meio social, virou uma espécie de utopia. Há um desencontro entre os conteúdos escolares e a vida das pessoas. Parece que ninguém está aprendendo a viver em igualdade. Há pessoas xingando outras em aspecto banais da vida: porque o sinal de trânsito fechou; porque abriu e o outro não avançou em disparada; porque alguém não sabe usar o cartão numa máquina no banco; porque deseja passar à frente do outro numa fila; porque deseja ser atendido em primeiro lugar; porque quer o melhor lugar no estacionamento; porque deseja conversar em plena via pública com outro; porque um anda devagar; porque outro está apressado. Há insultos no trânsito, hospitais, supermercados, escolas, universidades, comércio etc.

Avista-se, então, não se poder falar em igualdade na sociedade, tendo desigualdade na educação. Pois o que faz igualdade é educação igual. Mesmo tendo educação igual no acesso, algumas pessoas têm mais talento que outras. É aceitável que alguns tenham roupa bonita e, outros, feia; que uns tenham carro grande e, outros, pequeno e que alguns até andem de ônibus. O que não é aceitável é alguns terem escola boa e outros frequentarem uma ruim. Isso faz toda a diferença no mundo social, na pouca educação das pessoas, nas ações mais corriqueiras da vida.

Então, para  se obter “Educação como arte do bom viver”, é preciso investir em educação, dar educação, transmitir educação, viver educação. E como fazer isso?! – Simples, seguir os preceitos constitucionais. A tarefa de educar deve ultrapassar as fronteiras do relacionamento formal de uma sala de aula, de um auditório, de uma prova, uma tarefa escolar.

A educação deve alcançar todas as áreas da vida humana. Educar para a vida é a chave para uma sociedade justa e feliz. Quando o que se ensina/aprende “intra muros” não tem sua relevância e importância na realidade “extra muros”, chega-se ao momento de reavaliar métodos, valores e princípios. É tarefa urgente, para evitar o caos no mundo. Vida humana é um bem precioso, que necessita ser bem cuidada.

Outro dia li artigo de um professor da Universidade de Paris VIII, Bernard Charlot. Para ele a escola deve passar ao estudante uma cultura universal. A escola não deve passar informações, como tanto acontece. Ela deve passar saberes. Segundo o professor, a informação é só um enunciado. Se não for contextualizada não será capaz de formar nenhum jovem. Ao contrário, o saber é capaz de operar milagres em ambientes educacionais e operar mudanças radicais numa sociedade.

Então, como operar essa magia que nós educadores tanto sonhamos e desejamos? Como passar saberes e não apenas informar? Antes de tudo, é fundamental compreender que educar é comunicar, interagir num relacionamento educador-educando, onde um torna-se o outro e vice-versa. E esta comunicação de relacionamento com o outro não consiste de um só aspecto, mas de dois: palavras e atitudes. Se se deseja educar para a vida e não apenas para o (mal) cumprimento de obrigações e responsabilidades educacionais, deve-se estar consciente de que as atitudes “falam” tão alto quanto as palavras.

E, na atualidade, há total desarmonia entre as palavras e as atitudes das pessoas. Quando uma não contradiz a outra é o contrário. Coerência é o imperativo de nosso tempo. E nesse particular o educador deve ser modelo, em vários aspectos da vida, senão em todos. O educador deve agir mais ou menos assim: se está planejando por um ano, cultive arroz; se está planejando por 20 anos, cultive árvores; se está planejando séculos, cultive seres humanos, dê-lhes educação.

DICAS DE GRAMÁTICA
QUAL A DIFERENÇA ENTRE EMBAIXO E DEBAIXO?
– A diferença entre o uso de “embaixo” e “debaixo”. Use “embaixo” para indicar estado, ou seja, não indica ação ou movimento (ex: há poeira embaixo da cadeira) e “debaixo” para indicar ação ou movimento (ex:a carta passou debaixo da porta). O termo “abaixo” é mais usados em exemplos do tipo: “leia as regras abaixo descritas”, sendo, portanto, usado para apresentar uma listagem ou enumeração, seja lá o que for.

* Luísa Galvão Lessa Karlberg IWA– É  Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Mestra em Língua Portuguesa pela Universidade Federal Fluminense – UFF; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras; Membro perene da International Writers end Artists Association – IWA; Coordenadora da Pós-Graduação em Língua Portuguesa – Campus Floresta; Pesquisadora DCR do CNPq.

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