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Dúvidas, Gestão de Risco e a Seca de 2016 – Atualização

No dia 8 de março publicamos um artigo nesta página colocando as nossas preocupações sobre a seca de 2016, pois provavelmente vai ter temperaturas acima do normal. Apesar das friagens e chuvas das últimas semanas, continuamos com as nossas preocupações. Preocupações que aumentaram depois de ver as previsões do Instituto Internacional de Pesquisa (IRI) da Universidade de Columbia nos EUA e do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) do Brasil sobre as chuvas para o período de junho-julho-agosto (que podem ser vistas nos mapas). Ambas as previsões indicam uma probabilidade alta de chuvas abaixo do normal no nosso Estado, principalmente na região da cidade de Rio Branco (ver mapa do INMET).

Quando se fala de seca, é importante definir o tipo de seca ao qual nos referimos. No nosso caso estamos falando da disponibilidade de água para manter o solo e a vegetação úmida. A quantidade de chuva fornece uma resposta parcial, pois a chuva é necessária para umedecer o solo, mas a retenção da água no solo e nas plantas depende também da temperatura e da umidade do ar.

A ressaca do El Niño ainda pode ser vista nas temperaturas globais e também na regional, porém atenuadas pelas friagens. Tomara que as friagens continuem, mas se elas enfraquecerem, será bem provável termos temperaturas acima do normal. Neste caso, a evapotranspiração, ou seja, a evaporação de água do solo e da vegetação, vai acelerar.

Em outras palavras, se antes eram necessários alguns meses com altas temperaturas para secar florestas ao ponto de queimarem, pode ser que, com as temperaturas mais altas, este tempo reduza para algumas semanas. Vamos precisar de chuvas suficientes para contrabalançar este processo e, assim, diminuir a possibilidade de incêndios em pastagens, áreas agrícolas e florestas.

O período de junho-julho-agosto é caracterizado pela escassez natural de chuva em nossa região. Neste contexto, as previsões do IRI e INMET de chuvas para os próximos três meses são alarmantes. Se se concretizarem, vamos ter menos chuvas do que o normal quando seria melhor termos chuvas acima do normal.

Cremos que é o momento de nos prepararmos para evitar uma possível falta de água potável em áreas urbanas e rurais e para controlar fogo que poderia se alastrar em pastos, áreas agrícolas e florestas.

Vamos torcer que estas previsões estejam equivocadas, mas ao mesmo tempo, vamos nos engajar em atividades que aumentem a resiliência das cidades e áreas rurais em tempos de seca. Afinal, como diz o velho ditado popular, é melhor prevenir do que remediar.

Os seguintes links fornecem acesso às previsões: http://iri.columbia.edu/our-expertise/climate/forecasts/seasonal-climate-forecasts/; http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/prev_estocastica.

*Foster Brown, Pesquisador do Centro de Pesquisa de Woods Hole, Docente do Curso de Mestrado em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais (MEMRN) da Universidade Federal do Acre (UFAC). Cientista do Programa de Grande Escala Biosfera Atmosfera na Amazônia (LBA), do INCT SERVAMB e do Grupo de Gestão de Riscos de Desastres do Parque Zoobotânico (PZ) da UFAC. Membro do Consórcio Madre de Dios e da Comissão Estadual de Gestão de Riscos Ambientais do Acre (CEGdRA).

* Ednéia Araújo dos Santos, engenheira florestal com mestrado em botanica do INPA, bolsista de LBA.

A Gazeta do Acre: