A notícia do afastamento do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB/RJ) da presidência da Câmara Federal e do seu mandato, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato foi motivo de comemoração para alguns deputados. Em especial, o deputado federal Raimundo Angelim (PT/AC), único da bancada do Acre a assinar três petições coletivas impetradas na Justiça contra Cunha, sendo a mais recente, com data de dezembro de 2015, protocolada na Procuradoria Geral da República (PGR), pedindo o afastamento do presidente do cargo.
“Assinamos essa representação porque sempre acreditamos nessa possibilidade. Era inadmissível a continuidade de um presidente réu na condução dos trabalhos nessa Casa. Quero comemorar, não com alegria, mas com leveza e serenidade o afastamento de um presidente que, há muito tempo, estava a macular a imagem do Parlamento perante a sociedade brasileira”, disse Angelim, da tribuna, na Câmara, durante a sessão plenária na manhã desta quinta-feira, 5.
Pelas redes sociais, o parlamentar do PT do Acre escreveu que trata-se de um dia histórico. “Fiz um pronunciamento sobre a ética na política, e hoje é, para nós, que acreditamos na Justiça e na Democracia, certamente um dia histórico”, ressaltou.
A liminar que afastou Cunha de suas funções foi concedida em ação impetrada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na qual argumentou que Cunha estava atrapalhando as investigações da Lava Jato, onde configura como réu no STF, por unanimidade, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro sob a acusação de integrar o esquema de corrupção da Petrobras.
Com o afastamento do presidente, os trabalhos de condução da mesa foram assumidos vice-presidente da Câmara Federal, Waldir Maranhão (PP/MA) tido como aliado de Cunha e que, de imediato, suspendeu a sessão plenária.
“A sessão estava em sua normalidade quando de repente o vice-presidente, também réu na Lava Jato, assume os trabalhos e, em menos de um segundo, encerra. Nós, os deputados que acreditamos na democracia e na Justiça [do PT, PC do B, Rede, PSol e PT do B], mesmo sem som, com os microfones desligados e a transmissão cortada, fizemos um movimento e realizamos uma sessão histórica, presidida pela deputada Luiza Erundina (PSol/SP), para denunciar à sociedade brasileira mais esse golpe contra o Parlamento Brasileiro”, concluiu.