Após ser oficialmente afastada do cargo de presidente do Brasil, pelo prazo de 180 dias, Dilma Rousseff (PT), em pronunciamento em frente ao Palácio do Planalto, pontuou como “brutalidade” a decisão tomada pelos senadores. A abertura do processo de impeachment foi aprovada no Senado Federal por 55 votos favoráveis e 22 contrários em uma sessão que durou mais 20 horas e terminou por volta das 6h40 de quinta.
Reafirmando tratar-se um “golpe”, Dilma diz que se afasta da presidência sem ter cometido nenhum crime. “Não cometi crime de responsabilidade. Não há razão para o impeachment. Não tenho contas no exterior, não compactuei com a corrupção. Esse é um processo frágil e injusto, desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente”.
A petista afirmou que sempre agiu de conformidade com que a lei permitia. “Os atos que pratiquei foram atos legais, corretos, atos necessários, atos de governo. Atos idênticos foram executados pelos presidentes que me antecederam. Não era crime na época deles e também não é crime agora”, afirmou.
Ela voltou a citar que ocupa o cargo de forma legítima e pediu respeito ao resultado das urnas. “É na condição de presidente eleita com 54 milhões de votos que eu me dirijo a vocês nesse momento. O que está em jogo não é apenas o meu mandato. É o respeito às urnas, à vontade soberana do povo brasileiro e à Constituição”.
Dilma destacou ainda que seu governo foi sabotado com a finalidade de se “forjar o meio ambiente propício ao golpe”. “Meu governo tem sido alvo de intensa e incessante sabotagem. O objetivo evidente vem sendo me impedir de governar e, assim, forjar o meio ambiente propício ao golpe. Quando uma presidente eleita é cassada sob acusação de um crime que não cometeu. O nome que se dá a isso no mundo democrático não é impeachment, é golpe”, disse ao acusar também os oposicionistas de “mergulhar o país na instabilidade para tomar à força o que não conquistaram nas urnas”.
Rousseff disse ter orgulho de ser a primeira presidente mulher e lembrou-se da tortura que sofreu quando esteve presa na época do regime militar. “O destino sempre me reservou muitos desafios, muitos e grandes desafios. Alguns pareceram a mim intransponíveis, mas eu consegui vencê-los. Já sofri a dor invisível da tortura, a dor aflitiva da doença e, agora sofro mais uma vez a dor igualmente inominável da injustiça”, afirmou.
Por fim, a presidente afastada fez um apelo para que a população se mantenha mobilizada. “Aos brasileiros que se opõem ao golpe, independente de posições partidárias, faço um chamado: mantenham-se mobilizados, unidos e em paz. A luta pela democracia não tem data para terminar. É luta permanente que exige de nós dedicação constante. A luta pela democracia não tem data para terminar. A luta contra o golpe é longa, que pode ser vencida e vamos vencer”, disse.