Durante sua defesa no Conselho de Ética, o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ) disse que enfrenta os adversários nas urnas.
“Eu não quero a extinção dos meus adversários que não seja pela disputa eleitoral”, disse, sem se referir diretamente à presidente afastada Dilma Rousseff. O peemedebista aceitou o pedido de impeachment horas após o PT anunciar que votaria contra ele no colegiado.
Ele defendeu a legalidade no afastamento da petista e negou envolvimento em esquemas de corrupção com participação do PT. “Não é possível ter qualquer tipo de relação com o governo ao qual eu estava fazendo oposição ferrenha”, disse. Ele voltou a dizer que sofre perseguição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
É a primeira vez que o parlamentar vai à Câmara após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir, por unanimidade, o seu afastamento.
Defesa técnica – Cunha negou repetidamente ter contas no exterior e sugeriu que o colegiado entrevistasse uma de suas contas na Suíça. Ele rebateu todos os argumentos técnicos da acusação.
“Vossa excelência devia ter tido a oportunidade de ouvir o trust”, disse Cunha em resposta ao relator, Marcos Rogério (DEM/RO). O trust é um tipo de investimento ao qual o peemedebista é considerado beneficiário.
“Não há elementos de prova que seja titular, dono da conta, que possa movimentar a conta. Não escondi nada. O que efetivamente existe é um trust, ao qual o patrimônio não me pertence, não fui autorizado a movimentar a conta, não tenho titularidade”, afirmou.
“Considerar isso como conta bancária igual a uma conta que qualquer um assina um cheque e saca o dinheiro é uma comparação absurda”, completou.
Réu por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava Jato, Cunha é acusado de mentir à CPI da Petrobras ao negar ter contas no exterior. As contas foram comprovadas pelas investigações.
Na avaliação de Cunha, o processo será anulado posteriormente porque há irregularidades.
O relator entrega o parecer pela cassação até 31 de maio. No colegiado, o texto precisa de maioria simples, no caso, 11 votos, para ser aprovado. Se aprovado no colegiado, o relatório vai para o Plenário, onde precisa de 257 votos para passar.
Se arquivado, o Conselho precisa votar um novo texto. Aliados de Cunha articulam um parecer alternativo com uma punição mais leve.