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WWF-Brasil é finalista do Desafio de Impacto Social Google

Possibilitar o engajamento de comunidades no monitoramento de populações de mosquitos Aedes, transmissores de zika, dengue e chikungunya. Esse é o objetivo do Aetrapp – Monitoramento Cidadão de Focos de Mosquitos Aedes, projeto inscrito pelo WWF-Brasil no Desafio de Impacto Social do Google 2016, um dos dez finalistas de todo o Brasil.

Em sua segunda edição no Brasil e a décima no mundo, o Desafio pretende estimular a criatividade entre ONGs brasileiras e demonstrar como é possível utilizar a tecnologia para promover impacto social. No total, serão distribuídos R$ 10 milhões para dez organizações nacionais. Entre elas, quatro serão escolhidos como vencedoras, cada uma recebendo o prêmio de R$ 1,5 milhão. A escolha se dá pelo voto popular. Os internautas terão do dia 23 a 13 de junho para votar no projeto mais inovador e relevante para a sociedade. É possível votar no linkhttp://bit.ly/1U8pBQ4

Por meio de um aplicativo para Android e IOS, o sistema Aetrapp permitirá a participação direta da população no monitoramento das populações do Aedes. Os usuários serão incentivados a manter em suas casas uma espécie de “armadilha” para o mosquito depositar seus ovos, chamadas de ovitrampas, uma tecnologia já consolidada mas restrita a agentes de saúde.

As ovitrampas são iscas simples, de baixo custo. Consistem em vasos plásticos preenchidos com água onde uma paleta de madeira ou papel é parcialmente mergulhada, servindo de depósito de ovos pelas fêmeas de mosquitos Aedes. A ferramenta possibilitaa comparação da presença dos mosquitos em diferentes localidades e a dinâmica populacional onde for instalada. Os resultados da análise podem ser usados no planejamento de operações da vigilância e do controle do vetor.

Por meio do aplicativo, o cidadão poderá tirar fotos de sua ovitrampa e enviar para um servidor que dispõe de algorítimo capaz de contar automaticamente o número de ovos em cada amostra, assim como indicar datas, horários e coordenadas geográficas do local. A informação será compartilhada com pesquisadores e poderá colaborar com o monitoramento do mosquito.

Os dados georreferenciados serão disponibilizados em tempo real em um mapa aberto, onde a comunidade e agentes públicos poderão visualizar os focos de transmissão, fazer comparativos de quantidades de mosquitos em diferentes localidades e analisar séries históricas. Com isso, será possível elaborar estratégias precisas e urgentes para o combate, priorizando as áreas mais críticas.

Essa primeira fase do projeto terá duração de 18 meses e pretende engajar dez comunidades de Rio Branco/AC na vigilância cidadã de focos de mosquitos em suas localidades. A ideia é que posteriormente a tecnologia seja disponibilizada para o uso em todo o território nacional e demais países afetados pelas doenças.

Mosquito e meio ambiente – De acordo com o superintendente de conservação do WWF-Brasil, Mário Barroso, o Aetrapp não pretende substituir outros métodos, mas agregar uma base de dados que poderá ser cruzada com outras mantidas pelo poder publico. “O projeto surge num momento importante para o Brasil que vive uma epidemia de doenças geradas pelo mosquito. Acreditamos que o projeto pode trazer significativos benefícios para a população do Acre. Com o recurso do Google, queremos incentivar o cidadão comum a se tornar protagonista no combate ao Aedes”, explica.

Segundo ele, além de um problema de saúde pública, a explosão populacional do mosquito Aedes aegypti é um problema ambiental. A proliferação do mosquito em maior ou menor grau está diretamente relacionada a questões ambientais como o desmatamento, problemas hídrico e o aquecimento global. “Em temperaturas mais elevadas, os insetos se procriam mais e o ciclo de desenvolvimento do vírus do mosquito é mais curto. Devido às mudanças climáticas, o Aedes pode começar a se desenvolverem países em que não ocorria antes”, afirma.

Outro problema é a deficiência no abastecimento de água das cidades, que gera a necessidade de armazenamento doméstico em condições inadequadas, levando a população a usar caixas d’água, potes e barris sem tampa. Esses reservatórios são ideais para o mosquito procriar devido a água limpa e parada.

Aedes no Acre – O Acre foi escolhido para receber o projeto piloto pois foi o estado do Norte do Brasil com maior incidência de dengue em 2015, com cerca de 736 casos por 100 mil habitantes, segundo o Ministério da Saúde. Além disso, por ser uma região de fronteiras, por onde chegam e saem doenças do país, merece atenção especial no monitoramento. “Estudos apontam que a população de mosquitos Anopheles, transmissor da malária, aumenta em regiões de desmatamento. Pretendemos investigar se a correlação ocorre também com os mosquitos Aedes e doenças associadas”, revela Oda Scatolini, idealizador e coordenador geral e de tecnologia do Aetrapp.

 

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