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Farmácia humaniza espaço para receber funcionária com bebê

* “Me sinto valorizada e importante”, relata Sara Oliveira que consegue levar a filha de sete meses para o local de trabalho

“Sou mulher realizada. Estou vivendo o sonho da maternidade, mantendo meu emprego e fazendo faculdade”, afirma orgulhosa Sara Maria Cuellar Silva Oliveira, 25 anos, que trabalha na farmácia de manipulação Vitória Regia, em Rio Branco. Mas, a realidade dela nem sempre foi assim. Quando foi mãe pela primeira vez, tanto a jovem quanto o pequeno Guilherme, de sete anos, sofreram muito com o período em que ela ficava no trabalho.

Sara lembra que ele começou a adoecer muito. “Ele era muito novinho. Mamou pouco. A situação ficou insustentável e pedi demissão. Quando ele tinha um ano, tentei voltar para o mercado de trabalho, entreguei vários currículos. Mas não fui chamada nem mesmo para uma entrevista. Tempos depois descobri que o motivo era porque tinha filho pequeno e as crianças adoecem com frequência”, explica Sara.

Até que conseguiu o emprego na farmácia de manipulação, após três anos, Sara voltou a engravidar e o medo e as incertezas de passar por todo sofrimento novamente vieram à tona. “Tive uma gravidez complicada. A partir do quinto mês já fiquei afastada. Depois que ela nasceu a angustia voltou. Fiquei sem dormir por dias. Em seguida procurei a administração da farmácia e abordei toda situação e quando ia pedir para sair veio a proposta que mudou minha vida”, afirma emocionada.

A proprietária da loja, Geize Laine de Pardo, perguntou se Sara não queria levar a pequena Giulia para o local de trabalho durante as seis horas corridas de expediente. “Não foi algo planejado. Até porque não temos um espaço mais estruturado como refeitório ou um cantinho específico que ela possa dormir. Percebemos a importância do trabalho e de como a Sara se dedica à loja. Não seria justo demiti-la por ela ter um bebê”, comenta Geize.

Na loja, além de farmácia existe um espaço destinado a roupas e artigos infantis. “Brincamos que ela é nossa modelo oficial. Giulia é um amor. Não dá trabalho”, comentam as vendedoras da loja que se revezam nos cuidados com a pequena.

Independentemente do movimento da loja, o horário das refeições de Giulia é respeitado. “Não tem coisa melhor. Hoje ela tem sete meses e mamou exclusivamente até os seis meses. Isso me dá mais segurança e tranquilidade”, detalha Sara.

A realidade da jovem chega a ser incomum, uma vez que com o avanço das mulheres no mercado de trabalho, quando chega a maternidade, elas dão uma pausa na vida.“Me sinto importante, valorizada e agraciada por essa oportunidade. Com o Guilherme eu parei. Minha vida parou por dois anos. Já com a Giulia consigo fazer tudo. Inclusive estudar. Ela vai para a faculdade comigo”, confessa Sara.

Com experiências diferentes, Sara destaca que talvez pelo estresse causado pela distância provocada pelo trabalho, Guilherme adoeceu muito cedo. “Ele só aceitava o leite de peito. Não comia mais nada. Então foi difícil. A Giulia pegou a primeira gripe já com seis meses. Então percebo que ela vai crescer com mais segurança e saúde”, destaca.

 Testemunho de Sara é repercutido nas redes sociais

“Comentei sobre minha realidade em um grupo nas redes sociais com o objetivo de mostrar aos empresários que é possível oferecer um tratamento humanizado para as mulheres com filhos pequenos. Quero que essas mulheres tenham esperança”, destaca Sara Oliveira.

A realidade de Sara virou febre nas redes sociais mostrando que a dificuldade da mulher conciliar maternidade e vida profissional é muito difícil. E a pior parte é o preconceito, alega a jovem mãe.

Tratamento humanizado é característico da Vitória Régia

A Giulia é a terceira criança que tem seus primeiros meses de vida dentro da farmácia e loja de artigos infantis Vitória Régia. Em outras oportunidades, esse tratamento foi oferecido a outras funcionárias.

A proprietária da loja, Geize Laine de Pardo, é uma grande defensora da preservação do direito da mãe amamentar seu filho. “Esse foi um dos motivos. Percebemos o comprometimento ainda maior da equipe. Trabalhamos em forma de parceria sempre. A Giulia é uma alegria para gente”, declara.

Sara Maria Cuellar Silva Oliveira, 25 anos, que trabalha na farmácia de manipulação Vitória Regia

 

 

 

A Gazeta do Acre: