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“Quero Ler leva alfabetização, sonho e liberdade para alunos do Altamira

“Ler é liberdade. É a esperança nos olhos pelo amanhã. É a atração do conhecimento. A educação é, sem dúvida, um complemento da liberdade, de sonhos e da vida”.

Com este singelo discurso, o governador Tião Viana saudou na noite desta segunda-feira, 13, a turma de 20 alunos do bairro Altamira, os quais, mesmo com a idade avançada, pela primeira vez na história de suas vidas, estão tendo a oportunidade de aprender a ler e a escrever.

A escola é um pequeno quarteirão, que a partir de uma força-tarefa da própria comunidade, direcionada pelas professoras Cláudia Cardinali e Marli Fernandes, deu origem ao espaço aconchegante, que se soma a outras 373 turmas de alfabetização do programa de erradicação do analfabetismo – o Quero Ler – em Rio Branco.

“No início eu não acreditei que uma turma poderia ser formada aqui. Mas a partir da nossa iniciativa de trazer o projeto para o bairro, logo a turma foi crescendo. E hoje nós, que somos os educadores, também aprendemos com a força de vontade, determinação e dedicação deles, que se propõem a receber o ensino”, conta a professora Cláudia.

O secretário adjunto de Educação e coordenador do programa Quero Ler, Moisés Diniz, pontuou que o projeto é constituído por uma política pública que transcede um valor social muito forte. “Aqui a gente vê que esse projeto tem um valor social imenso. Hoje as pessoas estão aqui cheias de gratidão ao governo, à prefeitura e a todos os envolvidos nessa valorosa ação que mudará vidas”, afirma Diniz.

Tião Viana lembrou que os 20 alunos do Altamira são parte dos cinco mil que estão efetivamente matriculados no programa. “Nossa meta é alcançar os 12 mil alunos. E quando isso acontecer teremos zerado o analfabetismo em Rio Branco, e é aí, que iremos avançar para o interior do estado. O Acre ainda será o primeiro estado do país a erradicar o analfabetismo”, afirma.

Educação: portas abertas para o mundo

Entre os alfabetizandos do Altamira é impossível não se sensibilizar e inspirar-se na força de vontade do casal Antônio Castro (72 anos) e Creuza Oliveira (67 anos). Naturais do seringal Macapá, situado às margens do rio Purus em Manoel Urbano, contam que chegaram a Rio Branco em 1992 e, até então, nunca tinham tido a oportunidade de aprender a ler. Nem em 51 anos de casados. Muito menos com a responsabilidade de trabalhar duro para criar sete filhos.

“Eu nunca tive tempo de estudar quando era novo. Hoje eu vejo que a idade é o que menos importa, eu quero mesmo é estudar e em algum dia da minha vida aprender a pegar pelo menos um ônibus e saber que eu fiz isso sozinho”, conta o aposentado.

A esposa, dona Creuza, lembra que pertence a um tempo em que no seringal, sequer caderno existia. “Eram umas folhas grandes de papel que a gente contava no meio. Algumas vezes cheguei a frequentar aula, mas nunca segui adiante, então a gente esquece. Hoje eu tô muito feliz por estar de volta à sala de aula”, conta entusiasmada.

Analfabetismo zero: educação e protagonismo

Para o prefeito Marcus Alexandre, o Acre e toda a população precisam assumir esse papel e serem protagonistas da educação, da batalha de erradicar o analfabetismo no estado. “Esse é o maior programa de inclusão social que o governo poderia ter lançado no estado”, declarou o prefeito.

A representante do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), Madalena Santos, parabenizou a ousadia do governo em promover um programa tão ousado e bonito no estado.

“O Acre tem dado exemplo na melhoria da educação em todos os níveis. O enfrentamento do governo ao analfabetismo só vai garantir ainda mais desenvolvimento. E nós do Banco Mundial estamos dispostos a apoiá-lo nessa tarefa tão intensa”, garantiu Madalena.

A Gazeta do Acre: