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Venda de produtos usados cresce durante crise econômica

Nova ferramenta de comercialização se tornou mais atraente para empresários
Nova ferramenta de comercialização se tornou mais atraente para empresários

 Quando as contas não fecham é preciso buscar alternativas para conseguir uma grana extra. Nessa hora não tem jeito, é preciso desapegar. Em meio à crise econômica, a maioria das pessoas tem aderido à cultura do desapego. Mídias sociais, sites e aplicativos especializados, bazar, qualquer ideia é bem vinda.

O gerente da área de Comércio e Serviços do Sebrae, Aldemar dos Santos Maciel, explica que vários fatores contribuem para o crescimento no comércio de produtos usados.

“Nos últimos anos tem se tornado uma febre essa questão das pessoas comercializarem produtos que não estão mais usando. Quem tem um produto que está em desuso consegue algum dinheiro com aquilo. Já as pessoas de classes mais baixas têm uma oportunidade de comprar um produto, que às vezes ainda está muito bom, por um preço mais em conta”, disse.

Com o avanço das redes sociais, produtos ‘encostados’ e sem uso se transformam em dinheiro. A nova ferramenta de comercialização tem um grande alcance e baixo custo, tornando-se ainda mais atraentes para empresários e vendedores. Maciel explica que grandes empresas também recorrem a esse tipo de mídia.

“Se você for verificar no site da OLX, por exemplo, várias concessionárias colocam no site carros usados e carros novos para venda. Esses sites tem um apelo popular muito grande. Até as empresas de varejo estão utilizando. O setor de veículos teve que se reinventar em função dessa nova forma de comercializar veículos”, exemplificou o gerente.

Mídias sociais, sites e aplicativos têm criado uma nova dinâmica de comercialização tanto para produtos usados como para novos. “Se antes uma pessoa tinha vergonha de vender produto usado, agora com a internet você nem sabe quem está vendendo. Hoje em dia, não se vê na rua carros com anúncios de venda”.

Pesquisa OLX

A OLX, plataforma de classificados online, registrou um aumento 154% no número de itens vendidos no Acre no mês de maio. Apesar dos números, Aldemar explica que o fenômeno se trata de uma nova forma de comercializar. “Agora, as pessoas tem uma nova ferramenta para vender”.

O gerente esclarece que desapegar de produtos sem uso garante uma renda extra, mas não pode garantir uma renda mensal. “Do ponto de vista de produtos e mercado, não existe sustentabilidade no negócio. A pessoa tem que ser muito boa em mídias sociais e em contatos para transformar isso em uma atividade. Uma hora esses objetos sem uso vão esgotar”, destacou.

Dicas para comprar produtos usados

Na hora de adquirir um produto usado é preciso analisar a mercadoria e conversar com o vendedor. Para objetos mais valiosos como carros, aparelhos eletrônicos, entre outros, o ideal é solicitar a nota fiscal, ver as condições de uso, e se possível fazer um contrato de compra e venda.

“Outra dica é pesquisar bastante porque como tem muita gente vendendo, então você pode selecionar e pesquisar os melhores preços. Pede o máximo de informação do produto, do vendedor, e, aí sim, finaliza a compra. É importante sempre ter cautela para que você não seja vítima de uma pessoa mal intencionada”, alertou Aldemar.

Economia local

De acordo com gerente, além de gerar renda extra, a comercialização de produtos usados ou não dentro do estado movimenta a economia local. Para as pessoas que possuem muito objetos sem uso em casa a dica é simples: “Vendam. É um dinheiro que está parado, um bem que não tem uso e que você pode transformar em recurso para quitar uma dívida ou um pagamento. Hoje, o empreendedorismo vive uma Nova Era”.

O mesmo princípio utilizado do movimento Compre do Pequeno Negócio do Sebrae vale para a venda de produtos usados. “Esse tipo de comércio é bom para a economia local, porque faz com que circule dinheiro no município. A ideia do Sebrae é que o dinheiro circule dentro do estado” concluiu Aldemar.

Para quem tem objetos e artigos encostado em casa a saída é propor negócio nas redes sociais
Para quem tem objetos e artigos encostado em casa a saída é propor negócio nas redes sociais

 

O comércio tradicional não acabará devido o boom dos negócios realizados na internet, garante economista

Que estamos enfrentando uma crise econômica isso todo mundo sabe. Além disso, a restrição de crédito no mercado tem afetado cada vez mais famílias brasileiras. Mas, uma coisa que não muda é a tendência consumistas das pessoas. E quando não se pode comprar algo novo, a saída é aderir aos usados, desde que estejam em bom estado.

Essa mudança de comportamento tem sido perceptível, principalmente, quando o meio utilizado para fazer negócio é o balcão das redes sociais na internet. Essa tendência tem crescido tanto que o comércio tradicional sente os efeitos. Diante de tanto sucesso, será que o comércio tradicional vai acabar?

O economista Carlos Estevão acredita que não. “É perceptível o sucesso dos negócios que têm a internet como meio. Independente dos artigos à venda serem usados ou novos, a internet e, especificamente, as redes sociais vieram para ficar. A crise econômica só veio para intensificar esse comércio, com suas facilidades”, explicou.
Carlos Estevão ressalta que a busca por bazares ou artigos de seminovos é uma consequência do momento da economia brasileira. “O orçamento está cada vez mais estourado das famílias, principalmente para classe média. Mas, como toda crise, uma hora vamos sair dela”, apontou o economista.

As redes sociais assumem um papel cada vez mais importante no dia a dia dos acreanos. São meios online que proporcionam um espaço ilimitado para que os consumidores possam interagir e compartilhar experiên-cias de consumo. Além de funcionar como fóruns de discussão e, assim, ajudam na decisão de compra de outros consumidores.
Os brechós e bazares, cada vez mais comuns na internet ou fora dela, estão aí para provar que bom e barato podem sim andar juntos.

Entre outras facilidades, a internet possibilita uma economia considerável se comparada com uma loja física. Na internet, economiza-se com aluguel, energia elétrica e colaboradores. Além de flexibilidade de horário.
“Vale ressaltar que os consumidores devem ter cuidado ao fazer essas compras na internet. As pessoas devem ter cuidado com dados e senhas de cartões de crédito”, alertou o economista.

A crise econômica veio para intensificar o comércio virtual e de artigos e produtos usados e/ou seminovos, explicou o economista
A crise econômica veio para intensificar o comércio virtual e de artigos e produtos usados e/ou seminovos, explicou o economista

 

 

 

 

 

 

 

 

Pontos Positivos do Comércio Eletrônico

– Não precisa ter uma atendente bonita na frente da loja;
– A “loja” pode funcionar no quartinho dos fundos, se tiver que alugar uma sala, com certeza é muito mais barato;
– A loja funciona 24 horas por dia;
– O risco de roubo é menor;
– Não é necessário fazer um alto investimento com gôndolas, prateleiras, balcão, caixa, mostruários e etc.
– A preocupação com decoração da loja, vazamentos no banheiro ou produtos empoeirados é muito menor;
– O seu mercado é o mundo, você não precisa só atender aos clientes do seu bairro ou cidade;
– Não vai entrar ninguém em sua loja oferecendo segurança, salgados, vendendo publicidade em catálogos mais volumosos que a bíblia e etc;
– Não tem horário de pico, dá para distribuir melhor as tarefas do pessoal.

Pontos Positivos do Comércio Tradicional

– Não é necessário embalar os produtos um a um em plástico bolha e depois acomodar em uma caixa para ser despachado;
– Clientes não têm dúvida com prazo de entrega, tamanho dos produtos, medo de pagar e não receber. Eles simplesmente colocam os produtos em um cesto e passam no caixa.
– Não é necessário ter uma política de devoluções ou logística reversa. Os clientes colocam os produtos no cesto, passam no caixa, pagam e vão embora.
–  As pessoas passam na frente da loja, entram e compram. Na Internet isso não existe, ou alguém indica ou o seu site, ou ele é encontrado por algum buscador;
– Atendimento mais simples. Na internet, pelo menos no Brasil, as pessoas têm necessidade de entrar em contato, fazer perguntas para só aí ganhar confiança em fazer a compra.

Jovem consegue custear viagem apenas com dinheiro do “desapego”

Nathália Nasserala e a tia já pensam em montar loja virtual de aluguel de vestidos de festa
Nathália Nasserala e a tia já pensam em montar loja virtual de aluguel de vestidos de festa

 

Após ficar desempregada, Nathália Nasserala tomou uma iniciativa que a ajudou financeiramente. Percebeu que no quarto havia várias coisas paradas, em desuso. Para desapegar dos objetos e ganhar uma renda, ela decidiu vender alguns dos seus pertences na internet e o resultado foi um sucesso.
“Eu fui encontrando muita coisa em desuso. Roupa, gold skill, que é uma jóia que é jóia, que é cara. Eu me juntei com a minha tia, reunimos tudo o que não estávamos utilizando e começamos a vender”, relata.
No primeiro mês, Nathália e a tia dela conseguiram em média R$ 1 mil. No segundo mês esse valor subiu para R$ 1.200,00. “A minha passagem vai ser custeada totalmente pelo desapego. Viajo semana que vem. Consegui comprar passagem aérea com o dinheiro de desapego, com venda de gold”, comemora.
A regra é simples: tudo que está em bom estado, conservado e que possa ser vendido vai para os grupos de desapego na internet. E as pessoas compram muito, garante Nathália. Sapato, bolsa, vestidos, jóias, eletrodomésticos, qualquer coisa que esteja parado e em boas condições pode gerar uma renda extra para o dono do produto.

Como funciona?
Toda a comunicação é feita via internet. No Facebook, o vendedor e o possível comprador trocam informações sobre o produto disponível. O valor é postado e, caso a compra seja acertada, o negócio é fechado.
O produto pode ser entregue na casa da pessoa ou ela pode ir buscar o objeto adquirido. Todos saem satisfeitos.
“Tem grupo de desapego para gold, tem grupo de desapego para bolsa, tem grupo de desapego para sapato. E, geralmente, a venda é instantânea. Bolsa, por exemplo, você coloca e, em poucos minutos, vende tudo”, afirma Nathália.

Novas ideias
Nathália Nasserala é formada em Direito e, atualmente, estuda para passar em um concurso público. Contudo, após o sucesso nas vendas das coisas que não utilizava mais, percebeu que pode investir em um novo ramo: o comércio.
“Deu tão certo que agora a gente está começando a realmente montar um negócio sobre isso, que é o aluguel de vestido de festa. Como a gente tem bastante vestido de festa e, geralmente, a mulher só usa uma vez, vamos criar um Instagram de vestido de festa. Se você for alugar um vestido em uma loja custaria, em média, R$ 600 a R$ 800. E a gente vai alugar com um valor bem abaixo, bem mais acessível. À medida que vamos alugando, a gente vai ganhando dinheiro e comprando outros novos para alimentar esse negócio”, explica.

“Nada vai para o lixo, tudo se transforma”, afirma Edimari, aposentada que vende objetos reciclados

Após trabalhar a vida inteira no ramo da Educação, a aposentada Edimari Vieira resolveu se dedicar a algo que sempre gostou de fazer: a reciclagem criativa.

O trabalho de Edimari é diferente dos demais, porque é muito pessoal. Ela não vê as coisas como a maioria das pessoas. Uma lata vazia de chocolate em pó, por exemplo, pode se transformar em um lindo cofrinho. Um moedor de carne nas mãos dela pode se tornar um arranjo decorativo para a casa. Até mesmo a hélice de um ventilador quebrado é capaz de virar um porta-recado.
Ao entrar no ateliê da aposentada logo vem à mente que é possível encontrar de tudo ali. Contudo, todas as coisas estão modificadas. Objetos que iriam para o lixo receberam um toque de criatividade e podem se passar por novas conquistando outros donos.

A aposentada revela que a sua grande clientela está na internet. O “Ateliê Coisas Que Eu Faço” tem até uma página no Facebook. Por meio dessa ferramenta ela recebe encomendas do país inteiro. “As pessoas gostam das coisas que eu faço porque são originais e únicas. Além, é claro de custarem muito pouco. Nessa crise, elas querem algo bonito e barato para presentear quem amam”, exemplificou.

Edimari já conta com o salário da aposentadoria. Ela afirma estar muito bem resolvida. O trabalho de vender coisas usadas é feito para o prazer pessoal dela. Com esse dinheiro extra ela realiza diversas viagens. “Tem mês que chego a faturar em torno de R$ 1 mil. Isso acontece quando faço bazar. Com a renda adicional eu viajo, visito familiares e me reciclo”.
Desde pequena, Edimari nutriu uma paixão pela costura. Tanto que a maioria dos materiais reciclados dela são reformados com tecido. No ateliê ela possui centenas de artigos que já foram de outras pessoas e de outras formas um dia.

Bonecas, jarros, roupas, discos, latas, pulseiras, chapéus, espelhos, quadros e uma infinidade de outros artigos podem ser encontrados na loja de Edimari. “Eu faço um pouco de tudo. Tanto trabalho em tecido como em coisas decorativas. Eu reciclo, aproveito o material. Na maioria das vezes, eu faço as coisas por encomenda. Tem gente que vai no Facebook do ateliê e pede algo. Eu me desafio e faço”.

Os preços são modestos. A aposentada cobra mais pelo trabalho do que pelo produto em si. “Uma lata de chocolate em pó vazia eu transformo em um lindo cofre e vendo pelo valor de R$ 15”, aponta.

A aposentada tem um dilema de vida que é “nada vai para o lixo”. Edimari confessa que não dispensa nada. Quando vê alguma vizinha jogando um objeto velho, ela, imediatamente, intervém. “Tudo o que chega nas minhas mãos eu procuro transformar”.

Mas, o trabalho de Edimari não para por aí. Ela também realiza reciclagem de livros velhos como parte de um projeto que leva leitura para a zona rural e algumas cooperativas. “Como já trabalhei em diversas escolas, sempre me ligam e dizem que muitos livros estão sendo descartados por estarem velhos e desgastados. Eu busco todos, refaço a capa e reciclo no geral. Depois entrego para adoção. Amo o que faço”, declara.

O “Ateliê Coisas Que Eu Faço” fica localizado na Rua Silvestre Coelho, nº 431, bairro José Augusto, em Rio Branco. Os objetos criativos de Edimari também podem ser encontrados na página do Facebook “Ateliê Coisas Que Eu Faço”.

Aposentada montou ateliê com objetos usados reciclados
Aposentada montou ateliê com objetos usados reciclados

 

 

 

 

 

 

 

 

Objetos antigos ganham nova roupagem e são vendidos por preços acessíveis
Objetos antigos ganham nova roupagem e são vendidos por preços acessíveis

 

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