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O bem-estar da felicidade no mundo pós-moderno

Nós, seres humanos, sempre lutamos na vida para alcançar um bem supremo que é a FELICIDADE. Mas poucas pessoas sabem dizer o que seja essa tão sonhada felicidade. É ter saúde, ter dinheiro, ter bens materiais? Afinal, o que é essa tal Felicidade? O certo é que a temática da felicidade é pouco estudada, cientificamente, existindo por diversas perspectivas socioculturais, desde a os filósofos antigos como Sócrates, Aristóteles, Platão, Montaigne, Schopenhauer e Nietzsche.

Uma criança não se preocupa, ainda, com a felicidade, ela quer ter pais, comer, brincar, amigos. O futuro não está presente na mente, ela vive o dia a dia, rotineiramente. Mas à medida que cresce os objetivos a alcançar na vida começam a aflorar. Aí começa a preocupação com uma vida feliz, a busca e a manutenção da felicidade.

Indaga-se, então, o que vem a ser a felicidade, e quais sensações provoca em nós humanos? Numa abordagem possível, na brevidade deste texto, para se discutir a idéia de Felicidade, é que esta pode ser entendida como plenitude, que, por sua vez, pode ser correlacionada a uma dimensão ética do viver. Essa dimensão está pautada em valores éticos, pessoais e subjetivos e menos ligada à satisfação imediata, ao consumismo/materialismo.

Esses valores éticos dos quais se fala, devem ser entendidos como sinais de maturidade psicológica. Uma pessoa madura, psicologicamente, é capaz de estabelecer relações nas quais há influência mútua, sem perda da identidade. É, ainda, capaz de reconhecer-se como uma pessoa individualizada, em harmonia com seus próprios desejos, anseios, ambições,potencialidades e objetivos.

Nessa perspectiva, a felicidade não está relacionada a bens materiais, mas a valores amadurecidos e enraizados nas pessoas. E cada ser humano possui um podo peculiar de olhar e sentir a vida.Aquilo que é bom e agradável para uns pode não ser para outros.E o mundo pós-moderno mudou, significativamente, o comportamento das pessoas.

Esse mundo pós-moderno é identificado, em muitos aspectos, por um crescente desapego nas relações interpessoais, individualismo exagerado, cultura do hedonismo e do consumismo e um desinteresse pelos fenômenos sociais, o que demarcam as subjetividades em uma realidade do consumo. Estas subjetividades, reeducadas pela velocidade das mudanças e a sobrecarga de informações do mundo pós-moderno, apresentam uma instabilidade dos desejos e uma insegurança que influem numa busca, em um consumo constante, como forma de sustentação para proporcionar felicidade.

Então, a felicidade, neste contexto, torna-se um dever, onde diversos objetos são tomados como possibilidade para alcançá-la, perpetuando um ideal ilusório de completude, numa felicidade mascarada, ou seja, ilusória, forjada em uma ideia de pronta e infinita, ressignificando valores como o amor, fé e amizade.

Frente a tantos ideais novos, diversos tipos de objetos são ofertados como sendo aqueles que proporcionarão a felicidade para a atual sociedade consumista, sendo estes objetos um meio transitório de minimizar o desprazer. As pessoas querem preencher o tempo, as angústias, a ansiedade e as carências com coisas materiais ou momentos prazerosos.

O prazer é, sem dúvida, a essência básica da felicidade advinda da realização de desejos e da alegria experimentada. Contudo, nem sempre quando uma pessoa experimenta prazer, através de algum objeto que investiu, sente um bem-estar, podendo esse sucesso ser algo penoso, porém mantido para que assim essa pessoa possa estar inscrita, socialmente, e consumindo o que os demais consomem. É uma felicidade aparente e transitória, nos momentos em que um desejo é satisfeito.
O desejo, então satisfeito, gera um contentamento, uma sensação de bem-estar. E se a pessoa está contente com aquilo que realizou, diz-se então que está alegre, ou seja, manifesta contentamento, júbilo. E esta alegria é um tipo de ação feliz, embora não seja a felicidade. Apesar de haver uma relação entre elas, “a felicidade e a alegria, não são a mesma coisa”: A alegria é uma expressão, uma felicidade cortada, uma parte em relação com o real.

Sócrates acreditava que uma pessoa virtuosa é feliz, compreendendo que não sofreria com os males da vida nem com a morte. Aristóteles coloca a felicidade como o fim último dos atos humanos, e que para se chegar a ela é necessário viver segundo a razão. Toda ação, segundo ele, “tem como objetivo um bem qualquer, por isto tudo tende ao bem”, havendo “coisas boas em si mesmas e coisas úteis que dependem de algo mais”.

Para Freud (1996), a felicidade consiste na satisfação casual de grandes necessidades, possível, sob uma forma transitória e episódica, que não exclui da vida do sujeito às adversidades, pelo contrário, reserva-lhe uma miséria comum e cotidiana, característica da condição humana que nada tem a ver com um propósito divino.

A perspectiva de Freud sobre a Felicidade parte de sua leitura, na juventude e na maturidade de filósofos como Platão e Aristóteles, Michel de Montaigne, Schopenhauer e Nietzsche. De certa forma todos esses filósofos atribuíam à vida desafios de diversas ordens, que confrontavam o ser humano com a frustração, sofrimento e decepção, a partir do momento do nascimento, deixando cicatrizes que são impossíveis de apagar.
Finaliza-se o texto com o pensamento do filósofo grego Epícuro, dizendo que a verdadeira felicidade, está pautada no prazer, ou seja, na “ausência de dor no corpo (aponia) e a falta de perturbação da alma (ataraxia)”, e não ao prazer desregrado que alguns difundem em detrimento de uma razão que aprofunda as motivações e escolhas, rejeitando futilidades e prazeres fugazes que apenas trariam dores e perturbações na vida das pessoas. Importa, na vida, o bem-estar que pode ser resumido em felicidade!

DICAS DE GRAMÁTICA
São uma hora da tarde ou É uma hora da tarde, professora?
– Não se pode esquecer uma regra básica: o verbo deve concordar com as horas, sendo assim, o correto é dizer é uma hora da tarde, assim como é correto dizer são duas horas da tarde, são três horas da tarde e assim por diante.

São meio-dia ou É meio-dia?
– O verbo “ser” neste caso concorda com “meio”, metade de uma unidade.A construção correta é meio-dia.

Luísa Galvão Lessa Karlberg, IWA – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Presidente da Academia Acreana de Letras; Membro perene da IWA.

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