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Governo prepara medidas para manter abastecimento de água e controlar queimadas

O principal manancial do Estado emitiu o sinal de alerta e o Governo do Acre se prepara para enfrentar a possibilidade da maior seca da história. Na manhã desta sexta-feira, 1º de julho, foi assinado o Decreto de Situação de Alerta nos municípios da bacia do Rio Acre, que, na Capital, atingiu o nível de 1,92m, de acordo com a Defesa Civil municipal. É o pior nível registrado para o primeiro dia do mês de julho desde 1971, ano que teve início o monitoramento.

O governador Tião Viana falou com preocupação sobre a situação do Rio Acre, durante a coletiva de imprensa.

“Estamos diante da iminência de confirmação da maior seca da história. Estamos algumas semanas com a percepção de problemas envolvendo do abastecimento ao risco de queimadas. Resolvemos criar, de imediato, uma sala de situação com trabalho permanente. O Rio Acre não preenche apenas o espaço hídrico de Rio Branco. Ele afeta várias cidades”, disse Viana.

Segundo dados da Defesa Civil, a marca mais baixa que o Rio Acre atingiu na história foi em setembro de 2011, quando o nível marcava 1,50m. E a expectativa é que este ano a lâmina seja inferior a 2011, aponta o órgão.

Atualmente, o nível do rio encontra-se 50 centímetros abaixo do que no mesmo período de 2005. Uma sala de situação de emergência composta por vários órgãos também já foi criada para dar encaminhamento as ações em torno do assunto.

A realidade de hoje está completamente diferente da vivida pelos acreanos em 2015. Em março, os municípios de Assis Brasil, Brasileia, Epitaciolândia, Xapuri, Rio Branco, Porto Acre e Boca do Acre sofreram muito devido à cheia histórica do manancial, que chegou a atingir 18,40 metros.

Medidas do Plano de Contingência do Depasa tem como objetivo manter o abastecimento de água

O Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento (Depasa) elaborou um plano de contingência do abastecimento de água em Rio Branco, que prevê medidas para enfrentar os próximos meses.

O diretor-presidente do Depasa, Edvaldo Magalhães, destacou que além das medidas, a sociedade também precisa ter mais consciência sobre o uso da água repassada às residências. “Vamos trabalhar para manter 80% ao menos da nossa capacidade de abastecimento. Vamos colocar em execução o nosso plano emergencial com novas bombas, subestações e flutuantes. Além disso, a eficiência dessas ações vai depender muito do abraço da comunidade em evitar o desperdício”, esclarece.

Ao todo e inicialmente, o governo investirá R$ 650 mil para que não falte água na capital, mesmo no auge do período de estiagem.

Na Estação de Tratamento de Água ETA 1, bombas serão instaladas sob flutuantes, além de estar programada a aquisição de mais duas bombas, que darão conta da capacidade de captação mesmo sob 1,25 metro de profundidade. Enquanto isso, a ETA 2 já está com três flutuantes carregando bombas de sucção, e mais uma será instalada em breve.

Os principais atores do Plano de Contingência do Estado e de Rio Branco, são as secretarias Estadual e Municipal de Meio Ambiente – SEMA e SEMEIA, Corpo de Bombeiros, Defesas Civis Estadual e Municipal e Instituto de Mudanças Climáticas e DEPASA.

Pouco volume de chuva pode explica seca rigorosa

O coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel George Santos, explica que todo o problema foi causado pela pouca quantidade de chuvas no primeiro semestre deste ano, diferente do ano passado, número equivalente ao ano de 2005, um dos mais graves períodos de seca do Acre.

Segundo dados, de janeiro a junho de 2016, houve o registro de apenas 892 milímetros – sendo que a média, nos últimos 12 anos, é de 1.200 milímetros.

“Choveu muito abaixo. Neste ano, o Rio Acre não ultrapassou os 12 metros. A média dele para março é 15 metros. Choveu pouco e o nível vai baixar mais. Temos ainda julho, agosto e setembro. Uma base de 90 dias para que ele [o rio] atinja o pico crítico”, acrescentou Santos.

Focos de calor e desmatamento também preocupam

O Plano de Prevenção, Combate e Controle de Desmatamentos e Queimadas 2016 realiza medidas desde abril, quando o governo já previa que este ano o Acre enfrentaria uma seca severa.

“Temos mais de 40 órgãos envolvidos na promoção das ações do plano e estamos nos preparando para tudo. Não vamos admitir as queimadas, pois a baixa umidade do ar e as altas temperaturas nos revelam uma situação muito crítica”, enfatizou o secretário de Estado de Meio Ambiente, Edegard de Deus.

O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Carlos Batista, alertou para o perigo das queimadas. “Os números de focos de calor aumentaram este ano. Por isso, faço um chamamento público para que as pessoas não queimem neste período, uma vez que as fumaças são altamente prejudicais à saúde”.

Em 2015, de janeiro a junho, foram registrados 299 focos de calor. Nesse mesmo período em 2016, já foram registrados 757 focos no Acre.

Sobre o desmatamento, Edegard de Deus destaca a redução de 10% em 2015. A meta do governo do Estado é zerar a taxa até 2018. O secretário ressaltou que o governo tem incentivado a produção sustentável no Acre.

“Por meio das políticas públicas, temos consolidado o uso sustentável das nossas florestas e a ocupação ordenada das áreas abertas, com uma produção sustentável que nos permite continuar reduzindo o desmatamento ilegal, ao passo que avançamos na geração de renda das famílias acreanas”.

Decretar, situação de alerta Rio Acre (Fotos Assis Lima) (4) Decretar, situação de alerta Rio Acre (Fotos Assis Lima) (6)

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