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Programa Quero Ler muda a vida de adultos do Ramal Bom Jesus

Durante a noite, em uma pequena sala cedida na casa de um morador do Ramal Bom Jesus, em Rio Branco, um grupo de adultos se reúne para uma revolução em suas vidas: aprender a ler e escrever.

A sala é uma das mais de 300 turmas ativas só na capital pelo programa Quero Ler, criado pelo governador Tião Viana para erradicar o analfabetismo no Acre até 2018.

Com cadernos e apostilas intituladas Nova Vida, esses homens e mulheres, em sua maioria maiores de 40 anos, se reúnem na sala de aula improvisada com satisfação.

O curso de alfabetização promovido pelo Estado tem duração de oito meses, e para aqueles que desejarem ir em frente, ainda é oferecido o ensino fundamental e o ensino médio para adultos com duração de cerca de quatro anos.

E o governador Tião Viana aproveitou para visitar a turma na noite desta quarta-feira, 6, levando uma palavra de apoio e conhecendo histórias.

“A maior dívida do Brasil é de não ter dado para todo mundo a chance de estudar. Porque a educação muda o mundo, abre caminhos para todos. É possível vencer sem educação, mas vencer com educação é vencer de maneira muito mais ampla. É isso que é importante e nós queremos para vocês. Por isso eu faço um pedido: não desistam”, disse.

Dia de festa

A visita do governador à turma acabou sendo num dia especial, o aniversário da senhora Francisca da Silva, de 50 anos. A turma fez questão de comemorar com bolo e guaraná a idade da nova colega, que tem seis filhos e agora tira as noites para estudar.

“Eu quero aprender a ler. Eu frequentei uma sala de aula apenas quando era criança, mas não pude terminar os estudos, porque eu vivia no seringal e não tinha condições de continuar. E agora, depois que apareceu essa oportunidade, a gente tem que aproveitar. Meus seis filhos estudaram, e agora é o meu momento”, comemora a aniversariante.

Outro dos alunos do programa, João Oliveira, de 65 anos, revela com toda a simplicidade que não tinha conhecimento nenhum sobre as letras e que seu maior sonho é simplesmente aprender a escrever o próprio nome.

“Eu não conheço nem a letra do ônibus. Estou feliz demais aqui. A gente tem que aprender, né? Nunca é tarde. Eu chego bem, alegre, satisfeito mesmo. E saio satisfeito do mesmo jeito. Tudo é colega aqui, uma beleza mesmo”, ri.

Grandes expectativas

Até o início de 2015, 13,5% da população do estado não sabia ler e escrever. O programa Quero Ler – Alfa 100 em Rio Branco, só este ano, pretende atender cinco mil pessoas na zona urbana e outras duas mil na zona rural da capital. A meta é que em 2016, além das sete mil pessoas na capital, pelo menos mais 17 mil sejam atendidas nos municípios.

O coordenador do programa, Moisés Diniz, ressalta: “O sentimento é muito grande. E o governador tem sempre visitado uma sala para incentivar as pessoas, com esse sentido de que ninguém desista, para que possa ver no programa Quero Ler uma porta iluminada no futuro”.

A gente tem que aprender, né Nunca é tarde, conta João Oliveira

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