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‘Campestres’ ou clareiras naturais no meio da floresta

A Gazeta do Acre por A Gazeta do Acre
16/08/2016 - 04:31
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Quem já teve a oportunidade de caminhar na ‘mata virgem’ amazônica, longe dos lugares onde a destruição causada pelo homem é evidente, ou como dizem os nossos caboclos, ‘nas matas do centro da floresta’ onde o homem raramente consegue chegar, com certeza já encontrou, uma ou outra vez, clareiras naturais com poucas árvores e completa ausência de sub-bosque.

O chão destas clareiras é tão limpo que dá a impressão que alguém frequenta o local de forma recorrente para roçar e manter controlado o crescimento ‘do mato’. Nelas só é possível encontrar algumas arvoretas conhecidas popularmente como ‘apuruí campestre’ ou apenas ‘campestre’, cientificamente conhecidas como Duroia hirsuta. Integram a família botânica Rubiaceae, na qual está incluída o café (Coffea arabica) e a chacrona (Psychotria viridis).

Aqui no Acre já tive muitas oportunidade de encontrar estas clareiras, grandes e pequenas, que muitos seringueiros chamam de ‘campestre’ porque o local lembra uma espécie de campo aberto dentro da mata. Muitas vezes eu e meus companheiros de caminhada (seringueiros, estudantes e pesquisadores) ficávamos algum tempo parados, admirando o capricho da natureza e especulando sobre as razões para a ocorrência de tais formações.

Algumas opiniões eram favoráveis à hipótese de que as plantas de D. hirsuta liberavam substâncias com ação alelopática, ou seja, substâncias químicas com capacidade de afetar negativamente o desenvolvimento de outras plantas. Para alguns essa substância alelopática deveria estar contida nas folhas da D. hirsuta que ao caírem no solo matariam outras plantas ou impediriam a germinação de sementes de outras espécies. A favor dessa situação o fato de que sementes de algumas espécies de plantas nunca germinam (ou germinam muito pouco) embaixo da planta mãe. Sempre germinam melhor quando transportadas para bem longe pelos seus dispersores, denotando uma estratégia de sobrevivência e disseminação da espécie.

Outras opiniões levavam em conta o fato das plantas de D. hirsuta abrigar em seus caules ocos ninhos de formigas que, em troca da habitação, agiriam para proteger diretamente suas plantas hospedeiras da concorrência de outras espécies vegetais e, indiretamente, de outras formigas e animais herbívoros. Nesse caso, as formigas cortariam as outras plantas no entorno de sua ‘moradia’ porque estas ‘invasoras’ serviriam de alimento para o formigueiro ou, se não fosse o caso, se deixadas crescer normalmente estas plantas poderiam ameaçar a sobrevivência das hospedeiras das formigas – competindo por espaço físico, luz, água e nutrientes do solo – ou mesmo servir de alimento para outras espécies de insetos competidores que pudessem ameaçar a colônia de formigas.

No lado do folclore, se diz que as clareiras existentes ‘no centro da floresta’ são mantidas limpas pelas almas de caçadores que faleceram no meio de caçadas e cujos corpos nunca foram encontrados e enterrados. Em outros países da Amazônia se diz que a existência dessas clareiras, também conhecidas como ‘jardins diabólicos’, se deve à presença de um espírito maligno na floresta, conhecido na linguagem Quéchua como ‘Chullachaki’ (ou ‘pé desigual’), que usa essas clareiras como moradia.

Um estudo científico realizado na floresta Amazônica no Departamento de Loreto, no Peru, colocou um fim ao debate sobre a gênese dessas clareiras no interior da floresta amazônica. Segundo os autores do estudo, pesquisadores da Universidade de Stanford, na Califórnia, e da Universidade do Colorado, em Denver, as formiga da espécie Myrmelachista schumanni, que fazem ninhos nas árvores de D. hirsuta, são as responsáveis pela criação das clareiras no entorno das plantas hospedeiras. Elas envenenam com ácido fórmico todas as plantas da clareira, exceto suas anfitriãs.

Para comprovar o envenenamento intencional causado pelas formigas, os pesquisadores plantaram mudas de cedro (Cedrela odorata) dentro e fora da área da clareira ‘defendida’ pelas formigas e observaram que imediatamente após o plantio as folhas das mudas foram atacadas. Depois de cinco dias a maioria das folhas havia morrido.

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Para verificar a possível existência de alelopatia causada pelas plantas de D. hirsuta – cujas secreções tóxicas matariam plantas concorrentes – os pesquisadores plantaram mudas de cedro próximo de plantas de D. hirsuta infestadas por formigas na área da clareira e na floresta adjacente. Para impedir o ataque das formigas nas mudas plantadas na clareira eles usaram uma barreira (armadilha pegajosa). Depois de alguns dias eles observaram que as mudas na clareira e na floresta estavam crescendo normalmente, concluindo que as clareiras são resultado direto da ação das formigas Myrmelachista schumanni e não do possível efeito alelopático D. hirsuta.

Segundo os autores do estudo, as clareiras abertas pelas formigas Myrmelachista schumanni tem seu início a partir da colonização de uma única planta de D. hirsuta. Com o tempo, quando as mudas de outras plantas de D. hirsuta começam a se desenvolver na clareira, a colônia de formigas se expande. O monitoramento das clareiras durante três anos indicou que cada uma delas cresce cerca de 0,7% ao ano. Com base nisso se estimou que a maior clareira estudada – com 351 plantas de D. hirsuta – deveria ter aproximadamente 807 anos. Os autores também propuseram que cada clareira é controlada por uma única colônia de formigas com até 3 milhões de operárias e 15.000 rainhas, e que a existência de várias rainhas é um fator que favorece a longevidade da colônia.

Depois de ler tudo isso você leitor deve estar se perguntando por que essas formigas ainda não destruíram toda a floresta amazônica. Um estudo mais recente comprovou que o mutualismo existente entre as formigas e as plantas de D. hirsuta tem como consequência um aumento da herbivoria das folhas da planta hospedeira no interior das clareiras. Essas clareiras são o paraíso para os animais herbívoros que as encontram. E quando isso acontece, apesar da defesa que as formigas fazem de suas ‘moradias’, atacando maciçamente os animais, elas não conseguem contrabalançar a maior pressão exercida pelos mesmos. É essa alta pressão dos herbívoros no interior das clareiras que limita a expansão das clareiras e explica o fato das mesmas não terem se expandido por toda a Amazônia.

Evandro Ferreira é engenheiro agrônomo e pesquisador do INPA e do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre.

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