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O mundo precisa de educação e ética

Embora educação e a ética estejam relacionadas, desde a Antiguidade, observa-se um distanciamento entre a teoria e a prática neste mundo contemporâneo. Se a educação inclui a ética como uma condição para que ela se construa, então os resultados se refletirão na vida do mundo.Pois ao tempo em que as pessoas reconhecem ser a educação o motor do mundo e a ética um valor essencial á conduta humana, do outro lado o governo não valoriza os profissionais de educação e as verbas para esse fim são ínfimas. Falam-se de novos investimentos, mas na realidade há um abismo entre Educação, Ética, investimentos. As instituições públicas, de ensino, estão sucateadas, os profissionais desvalorizados.

E nesse mundo onde a ética deve vir em primeiro plano, no sistema educacional do Brasil, por exemplo, não há diretor, nem orientador ou professor que não se digam comprometidos com a relevância da ética para o agir educativo. Mesmo assim, ao primeiro olhar sobre a estrutura curricular e o quotidiano escolar, constata-se que a ética ocupa um lugar muito singelo, muitas vezes só um pequeno recorte disciplinar ou, quando muito, uma atividade transversal no ambiente das escolas. O ser humano descobre que pode ir além do estado natural em que jaz imerso e fechado. Neste momento, ele se apresenta como abertura, isto é, como poder ser. Aqui se inscreve o fenômeno da educação como possibilidade de ser diferente, de ser mais, de ser melhor e de se apresentar de forma ilimitada. Das três primeiras possibilidades que se apresentam ao ser humano, duas são essencialmente éticas. Ser diferente, ser mais e ser melhor, são tarefas que implicam em comprometimento ético. Estas tarefas são fundamentalmente tarefas educativas. Portanto, a construção de um ser humano pleno sugere a inclusão de dimensões éticas em seu desenvolvimento.

Olha-se, no país, na raiz desse aparente e real desinteresse, uma questão urgente concreta, que merece resposta na mesma proporção: o que pode ou deve a escola fazer, em termos de educação ética? E, mais, nesse contexto de sociedade dita “democrática e pluralista’ — que não dispõe de valores onde haja consenso por parte das políticas públicas, das grades curriculares, capazes de inculcar nos jovens valores ou formas de comportamento que os conduza a um futuro mais seguro e melhor — onde encontrar esses ensinamentos? O que faz o Brasil pela valorização da ética como conduta de vida? Ética se aprende onde?

Parece, nesse cenário frio, onde a sociedade multicultural ainda não está fortalecida ou consciente da importância da mobilidade social, nessa era de globalização, as coisas estão a ir embora pelo “ralo do descaso”, da “enganação”. O governo diz que vai fazer, mas não faz, ilude a população. Deve-se olhar, de modo urgente, que o mundo mudou, logo a política educacional deve mudar, avançar, multiplicar seus valores e visões, que irão se refletir no ser humano, que deve ser, SEMPRE, o centro do Universo.

Mas o que se avista é um alheamento, uma disparidade entre o ensino, a educação e a ética. Não são, somente, diferenças macro, como são entre primeiro e terceiro mundo. Há diferenças microculturais existentes no interior das comunidade, entre os vários grupos sociais, culturais e étnicos, todos a exigir, de forma diferenciada, educação e ética. A escola é o ambiente sagrado, sacrossanto, onde as famílias devem deixar seus filhos em segurança, para que possam trabalhar e ajudar a escola a Educar o Mundo. Os professores, sozinhos, não vão “salvar” os jovens. Os profissionais necessitam de motivação, preparo e bons salários.

Nesse contexto, entendo que a escola atual encontra-se diante de um desafio de difícil solução: como aproximar a educação das necessidades sociais e do mundo ético? Como despertar nas autoridades o dever de fazer cumprir os preceitos constitucionais? Como fazer nascer no seio da sociedade a consciência de que sem educação e ética o mundo caminha para o caos? Buscar a aproximação entre a educação e a ética é condição de garantia de um futuro melhor para o planeta e para toda a humanidade.

E para implantar esse sonhado sistema educacional de valor ético, a natureza humana deve se submeter a regras de disciplina, cultivo do saber, respeito às pessoas, valor à vida, moralização dela. Todavia, esses papéis não podem ser desempenhados somente pelo professor. Deve haver compromisso político do governo, com a participação de toda sociedade. Assim, todos devem saber que o professor transmite informações e o educador educa para a vida.

É esta esperançosa visão de futuro que iluminará a construção da utopia de um mundo melhor. Isto só será possível se os protagonistas deste amanhã a ser construído forem temperados eticamente. A formação de um ser humano resultará de uma prática educativa em que todos os valores lhe serão passados como moldes a serem assimilados e por ele incorporados como novas maneiras de ser e de viver. AVANÇA, BRASIL!

DICAS DE GRAMÁTICA
Diferença entre “onde” e “aonde”
Onde = que lugar, em que lugar, qual lugar. Indica permanência, uma ideia estática, o local em que se encontra ou ocorre algo. Vem normalmente acompanhado de verbos que indicam estado ou permanência.
Exemplos:
Onde você está?
De onde você está teclando?
Não sei onde ele estava e nem perguntei.
Afinal, onde você mora?
Aonde = a que lugar, para onde. É a junção da preposição “a” + onde. Dá a ideia de deslocação. Vem normalmente acompanhado de verbos que indicam movimento como ir, chegar, retornar, voltar e outros.
Exemplos:
Aonde você vai a essa hora da noite?
Aonde nos levará essa política brasileira?
A jovem ficou perdida, simplesmente não sabia aonde ir.

Luísa Galvão Lessa Karlberg IWA– É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Mestra em Língua Portuguesa pela Universidade Federal Fluminense – UFF; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras; Membro perene da International Writers end Artists Association – IWA; Coordenadora da Pós-Graduação em Língua Portuguesa – Campus Floresta; Pesquisadora DCR do CNPq.

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