O vice-presidente do Senado Federal, Jorge Viana (PT-AC), comentou sobre o discurso da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), no julgamento final do processo de impeachment no Senado, na segunda-feira, 29.
De acordo com o senador, Dilma fez a defesa de sua biografia e tecnicamente deixou claro que não cometeu crime de responsabilidade. Para Jorge Viana, o pronunciamento da presidente afastada foi uma peça histórica, um discurso verdadeiro e que desmascara um golpe aplicado na democracia.
“A presidente trouxe argumentos que faltavam para votar a favor da democracia. A oposição brasileira tem medo da palavra golpe. Ou é golpe ou é farsa”, disse ao afirmar ainda que a oposição está sendo desleal com a Constituição.
“Estamos vivendo um momento de intolerância de setores da oposição com a democracia. Tem um pensador espanhol, inclusive muito citado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que ele fala que na Democracia o que garante a estabilidade dos governos é a lealdade que as oposições têm à Constituição. Aqui no país, infelizmente, a nossa oposição não está sendo leal à nossa Constituição. Isso é muito triste, pois, o país seguirá dividido após o impeachment”.
Jorge Viana, no entanto, disse que está consciente de que o processo é um jogo de cartas marcadas, o que dificultaria uma reversão na tendência de aprovação do impeachment.
Ele voltou a defender a realização de novas eleições. “Nesse momento, o ideal seria que a presidente voltasse e consultasse a população brasileira sobre novas eleições. Isso seria o ideal. O resultado das urnas nos daria um novo presidente legítimo, da soberania do voto”, afirmou ao lembrar que o governo interino não é legítimo.
“Não podemos ter um governo que não passou pelas urnas, que não teve nenhum voto. Esse governo interino só assumiu a presidência da República devido um golpe”.
Questionado se acredita que o discurso pode mudar votos, Viana afirmou que “do ponto de vista da história, a presidente Dilma está sendo absolvida. A presidente é uma vítima dentro desse golpe articulado por uma oposição que não aceitou a derrota nas urnas em 2014”.
Por fim, fez referência ao ex-presidente da Câmara Federal, deputado federal Eduardo Cunha. Ele atribuiu a culpa ao deputado afastado pela abertura do processo de impeachment contra Dilma.
“Cunha é o grande articulador desse golpe parlamentar de 2016. Em uma atitude irresponsável e vingativa ele comprometeu o futuro desse país. Isso é uma grande demonstração da falta de respeito dele com a nação brasileira”, disse.