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O privilégio do voto!

Neste domingo, 02 de outubro de 2016, vou às urnas com uma motivação além da obrigatoriedade do escrutínio. Não vou tão somente porque se eu não for, pela minha desobediência, mesmo na casa dos sexagenários, sofrerei pesadas medidas repressivas. Vou pelo privilégio de votar!

O voto é um privilégio que, ao mesmo tempo, nos faz exercitar, na condição de cidadãos comuns, um aprendizado. Aliás, no cabe que a mim, é uma resposta, ao julgamento equivocado e precipitado de políticos profissionais, dos quadrantes do Brasil, mensurando equivocadamente, que nós brasileiros, ainda não estamos preparados ou educados suficientemente para eleições em que o voto não seja obrigatório. Nesse caso, vou pelo privilégio do exercício do voto, cheio de expectativa de um dia, quem sabe, aprender a votar.

O privilégio do voto, além de me possibilitar nomear os meus virtuais representantes no município, despoja-me, por algumas horas do meu pessimismo crônico e enche o meu íntimo de expectativa ensejando que nesta eleição o vencedor seja a cidade de Rio Branco. Extraio essa probabilidade da minha veia pessimista que não esconde a realidade e retrata as coisas como são. A propósito os pessimistas não se deixam empolgar por discursos políticos simplórios que tentam fazer-nos crer que tudo está muito bem na Capital acreana.

A votação deste dia 02, em todo Brasil, deve refletir as legítimas ansiedades do povo, achacado, infelizmente, por uma realidade cruel. Abro aspas, para dizer uma coisa óbvia: “Não podemos negar, que as eleições municipais, ocorrem em meio às muitas queixas. Afinal, todos se queixam: governadores, governados; prefeitos, munícipes; ministros, senadores e deputados; velhos, jovens; fortes, fracos; sábios, ignorantes; sadios, doentes; de todos os municípios; de todas as idades e de todas as condições sociais, diria Pascal.”

Assim, o privilégio do voto, aqui em Rio Branco, ou em qualquer lugar da pátria mãe, vem permeado, cheio mesmo, da esperança renovada; esperança circundada pela expectativa, quase angustiante, de dias menos aperreados, sobretudo, para os que sofrem na pele as agruras de não ter, no dia-a-dia, especialmente, os serviços públicos almejados.

É o voto da quimera (sonho) de desejar que os nobres candidatos eleitos (à meia noite de domingo, já saberemos quem são os novos prefeitos) entendam finalmente que, num sistema republicano, em que o povo exerce soberania, ninguém é dono do poder “o poder emana do povo através do povo.” De fazê-los entender que o Estado, pelo menos na teoria de alguns antigos pensadores (Hobbes e Locke) é uma entidade subalterna aos indivíduos; que a política é um confronto de idéias, não um balcão de negócios altamente rentável.

O meu voto vai sobejado de esperança de que, nestas eleições, seja resgatado o caráter coletivo, a ética e a consciência política das pessoas; valores democráticos que têm sido corroídos pela postura de maus políticos, que praticam a política da amoralidade, dos conchavos, dos arremedos de democracia e do totalitarismo extremado, tanto da direita, quanto da esquerda.

O meu privilégio de votar, nestas eleições, é bem mais satisfatório, pelo fato de votar por Rio Branco. É o voto dum cidadão que investe sua vida nesta cidade, que está inserido num contexto sociopolítico e cultural, sem ranço partidário, empenhado em deixar, por aqui, um legado no campo da educação superior; comprometido com o desenvolvimento desta terra. Cidadão que medita nas lutas do passado, algumas terríveis e cruéis; que aposta com todas as forças no trabalho honesto; que conta com a ação dos governos constituídos em apontar, sem burocracia jurássica, caminhos sustentáveis para o progresso e bem-estar dos seus governados.

Voto por Rio Branco, na ardente expectativa de melhores dias, não só em relação a capital, mas por inclusão todos os municípios em terras acreanas, a fim de que eu possa dizer, logo mais, aos meus netos. Vejam: eis a cidade de Rio Branco, mais humana; eis o Acre, nosso futuro; eis a nossa Pátria. Há esperança para vocês!

Francisco Assis dos Santos, Pesquisador Bibliográfico em Humanidades. E-mail: assisprof@yahoo.com.br

A Gazeta do Acre: