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Por caminhos tortuosos andou, mas construiu

A Gazeta do Acre por A Gazeta do Acre
10/09/2016 - 18:11
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Intuí ser espírito muito leve, como uma fada em horas reais. Lembro que um dia ela disse a mim algo bem parecido com uma máxima cristã segundo a qual, se alguém fizer alguma coisa boa por aquele humano que caminha por esta vida afora, próximo ou distante, Deus bem o recompensará com o dobro do que ele fez. Se algo de ruim for feito ao irmão, cuida-te, porque o tempo haverá de dar respostas muito severas.

As coisas tinham transcorrido de uma forma jamais prevista. Tudo dera certo, porém muitos caminhos tortuosos haviam sido trilhados. Não se sentia exatamente o ente mais feliz da Terra. Muito pelo contrário. Houve lágrimas, mas a fímbria falou muito mais alto. O lema repetido sempre era vencer ou vencer. E venceu.
Residia há cinco anos em Vancouver, conforme as palavras da própria protagonista deste conto. Viera de Burnaby, uma pequena cidade da planície, já um tanto próxima ao Monte Seymour, nas montanhas rochosas canadenses.

A vontade férrea de estudar medicina a fez iniciar uma jornada existencial muito íngreme, torturante, terrível mesmo, ainda aos dezesseis anos; isto, é claro, porque os pais não tinham arrimo algum que a ajudasse durante o percurso e a peregrinação dramática dos tempos árduos que estariam por vir, como realmente vieram.

Havia sido aprovada em um exame para o acesso ao curso superior escolhido. Ficara felizpor demais. Saltitava de alegria na sua fazendinha pacata. Sonhos e portas foram se abrindo pelo horizonte afora. A vida principiara a sorrir para a médica do futuro, aqui apelidada fadinha.

Foi por esses dias, então, que a família houve por bem pedir ajuda a um padrinho não sei das quantas, residente na cidade grande. Como afilhada, viria para os estudos médicos, passaria o dia na University Canada West, que também é um hospital, e, à tardinha, voltaria para a residência do benfeitor indigno e mandrião. Os planos eram perfeitos, mas estavam por entrar em cena, ainda, além de uma madrasta malvada – como a da Cinderela – um padrinho que houve por bem desempenhar o triste papel de pedófilo.

O único fator mais positivo é que, apesar das tentativas, o criminoso não conseguiu levar a cabo o seu intento, tendo em vista a resistência sistemática da vítima. Todavia, como muitas coisas quando estão ruins tendem a piorar, ela praticamente não conseguia ir às aulas, uma vez que a esposa do delinquente a obrigava ao serviço doméstico por toda a noite e adentrando pela madrugada, muitas vezes sem comer, posto que teria que pagar até pela água que consumia. Escravizaram-na, sim.

Numa das tardes, ela não voltou e foi dormir na casa de uma amiga com quem conversava, às vezes, na saída da University. O drama da pequena cinderela, então, foi posto ao conhecimento da moça. Esta, por sua vez, passou a dar uns conselhos de ordem bastante prática:

– Eu tenho os contatos de uns moços de bom caráter que gostam de certas saídas rumo aos motéis acompanhados por moças como eu, que sobrevive a partir de tal prática. Se você quiser. Se for o caso…

A fadinha pensou que pensou durante toda a madrugada. No dia seguinte, conseguiu, num lance de sorte para a época, alugar um pequeno apartamento próximo ao da amiga.

Os contatos foram utilizados. As circunstâncias o exigiam. Não havia outra saída, uma vez que o curso de medicina lhe tomava praticamente todo o dia. Não podia arranjar emprego qualquer, infelizmente.

Enfim, por incrível que pareça, as coisas começavam a melhorar. Alguns dos clientes eram pessoas muito boas, notadamente, os mais velhos, que lhe dispensavam carinho, compreensão e ajuda financeira substancial. E assim ela seguiu a sua via crucis, sempre em frente, ultrapassando um obstáculo a cada dia.

Em uma ocasião, pois, ela fez companhia a um homem de certa idade, com quem experimentou afeição muito forte, apesar dos fins que aqui justificam os meios. Proprietário de negócios na área da exploração do petróleo, um dia, ele houve por bem fazer uma doação extremamente generosa. Deu a ela, de presente, uma casa de cômodos confortáveis em bairro de nível acima da média. Era um grande passo. Agora, não mais pagaria aluguel.

Como é tradição canadense, a residência médica e o internato foram feitos, simultaneamente, durante os cinco anos na faculdade, que também era hospital. Enfim, ela vencera todos os obstáculos e se sagrara campeã de si mesma e da família humilde, que nunca se cansou de aplaudi-la pela tenacidade e firmeza de propósitos.
E veio, para coroar a felicidade geral, a aprovação em um concurso público, em poucos dias depois de recebido o diploma da University. O emprego foi imediatamente assumido e os bons tempos se fizeram anunciar por toda uma vida dedicada aos objetivos mais claros de que se tem notícia. Glória a Deus!
Tudo, enfim, leva este poeta a pensar na peça teatral Longos Dias de Jornada Noturna, de Eugene O’Neill. Na maioria das vezes, ninguém sabe das agruras que o irmão ao lado passou para conseguir o que conseguiu. Todavia, para os justos e mansos de coração, os prêmios vêm do céu, sim.

Eis que o manobrista de palavras se vira de lado e vê árvores que se retorcem mansamente ao sabor do vento de verão. Pensa ele, agora, na tradição judaica do aliyah. Este termo designa a ascensão espiritual, mediante a leitura do livro sagrado, que proporcionaria ao fiel uma ligação mais íntima e próxima a Deus passando a usufruir das suas benéficas influências. É como se a oração fizesse com que um botão fosse ligado e, de repente, uma luz ilumina a alma que, a partir de então, estará pronta para ultrapassar todos os obstáculos no rumo das vitórias mais significativas da vida.

E a história é realmente a história dos humildes de coração. Tanto que os pais foram bondosos que muitas graças caíram sobre os seus. A mãe, então, quase operou milagres quando salvou vidas de pessoas com os seus chás, ervas, sementes, unguentos e receitas naturais carregadas acima e abaixo em pequenos potes. A bondade nos leva a ficar muito próximo do Altíssimo.

Por isto a mão de Deus amparou a todos que, agora, juntos e unidos, são felizes pordemais. Cogita-se, hoje, as proximidades de um casamento que por certo há de realizar-se. O empreendimento dos pais, em Burnaby, também, deverá receber investimentos maciços porparte da fadinha médica. Tudo corre às mil maravilhas e a tendência é melhorar.

E tudo isto lembra muito a fábula do elefante que está trepado no alto de uma sequoia gigante, no último dos galhos, há oitenta metros do chão. Ele carrega consigo uma certeza. De lá ninguém será capaz de derrubá-lo, a não ser que assim Deus o queira. Mas o Altíssimo não o permite porque todas as possibilidades vêm d’Ele e são colocadas ao inteiro dispor daqueles que têm fé em si e na providência divina.

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Tudo passou. Tudo foi envolvido pela poeira do tempo que já não é presente. Dias melhores haveriam de vir, e vieram. Em verdade, há que registrar uma assertiva muito oportuna segundo a qual nós percebemos que superamos os obstáculos, quando já não há o interesse em olhar para trás, pois lá não há mais nada.
Gustave Flaubert, romancista francês do século dezenove, deixou escrito que a medida de uma alma é a dimensão dos seus objetivos. Não é sorte. Não é destino. É esforço e fé. É coisa de Deus.

CLÁUDIO MOTTA-PORFIRO, Escritor, poeta e jornalista. Autor do romance O INVERNO DOS ANJOS DO SOL POENTE, disponível nas livrarias Paim, Nobel e Dom Oscar Romero.

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