Recentemente, Marina Silva, acreana, na sua peregrinação por esse Brasil afora, em época de eleição, óbvio, fazia apelo ao eleitor, para que “não votasse açodadamente” isto é, que não sejamos apressados. Nesse caso, temos o voto açodado ou apressado.
A própria Justiça Eleitoral, num certo momento, espalhou outdoors por aí, dando diferentes dicas, nos concitando a pensar entre outras coisas “no futuro da nossa família ou dos nossos filhos.”
Contudo, todas essas induções, foram ou são necessárias, especialmente por causa da atitude conformista que revela a nossa negligência, na qualidade de cidadãos, ao passar procuração, através do voto, àqueles que fizeram e fazem uso do que é público para atender seus interesses privados. Conseqüentemente, creio que a intenção dos defensores: do voto “pensado”; do voto “branco”; do voto da esperança; do voto açodado ou; do voto “consciente”, surge da indispensável necessidade, que cada de um de nós possui de repensar os efeitos da política partidária de conchavos e dos falsos representantes de quem fomos vítimas na última década. Pseudo-s representantes do povo que caíram em desgraça por cometerem improbidades, incompatíveis com o cargo que exerciam.
Para variar, nesta eleição que se avizinha, voto pela COMPETÊNCIA. Competência de quem é capaz de enfrentar as agruras que uma administração pública requer. Competência, pleonástica, de capacidade, habilidade, aptidão política e idoneidade.
Essas virtudes da competência, notadamente a idoneidade, em relação ao poder público, só é possível encontrar em homens e mulheres que comprovadamente possuam conduta ilibada e estejam dispostos a pagar o alto preço do serviço publico sem se deixarem contaminar pelo canto da sereia. Candidatos, que tenham domínio próprio, pois quem não é capaz de governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros.
Quais os meus motivos por optar votar pela competência? Vários!
Um destes motivos é que muitos dos “políticos” candidatos, por exemplo, a prefeito, por esse Brasil brasileiro, seriam esmagados pelo peso das questões que eles mesmos levantam. Tem candidato que está tão por fora da função que pleiteia que mais parece “cego em tiroteio”. Produto duma política partidária brasileira, em cujas entranhas ou bastidores, os padrões éticos representados na virtude da sabedoria, da coragem, da moderação e da justiça, não estão presentes.
À primeira vista, pode parecer leviana essa afirmação, contudo basta lembrar o recente “circo dos horrores”, coisa feia mesmo, do burlesco impedimento da ex-presidente. Basta uma simples olhadela, leitor, nos noticiários da mídia geral ou fazer um exercício de memória a partir dos últimos acontecimentos, da última década, envolvendo ações políticas por grande parte de quem vive no “meio”, para constatar a veracidade dessa premissa. A política em vigência está na contramão da ética, sim. Parece que a classe política (ou seria categoria?) reza pelo mesmo manual de tirania que ensina a fazer tudo o que for necessário, independentemente de valores morais, para alcançar e conservar o poder, concebido como um fim em si mesmo. Alias, essa premissa de alcançar e conservar o poder a qualquer preço, é o que mais me entristece, na condição de cidadão comum, no atual momento político brasileiro.
Outra conclusão, é que não dá mais para votar em candidato pelo “programa” de seus partidos políticos. “Partido político”, no Brasil, além de fisiologista, é uma miscelânea de “opiniões” que em tudo se parece com “o samba do crioulo doido”. São partidos ou siglas de aluguel, para não dizer outro palavrão!
O meu voto pela competência passa longe de candidatos e seus discursos simplórios na solução dos problemas de inclusão social: educação, saúde, emprego, habitação, segurança, etc. É, antes, em nível de município, uma busca que venha realmente de encontro com o verdadeiro sentido da política ou do político que é zelar, cuidar bem do patrimônio público, tendo em vista a justiça social e o bem comum de todos os cidadãos. Já que, o governante justo faz a cidade justa, diria Platão.
Francisco Assis dos Santos, Pesquisador Bibliográfico em Humanidades. E-mail: [email protected]